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quarta-feira, 8 de outubro de 2008

POETAS E POEMAS ESCOLHIDOS I: Antero de Quental


CONFORTO

A sorte só p'ra o fraco é dura às vezes!
P'ra o forte, que a virtude e crença alenta,
P'ra esse não há sortes nem reveses...

Porque após a bonança vem a tormenta,
Porque a noite sucede ao claro dia,
É força definhar em mágoa lenta?

Não! que aos males, que gera a fantasia,
O sábio opõe as íntimas venturas
Da virtude e da fé que em si sentia.

Não chores mais, poeta, as amarguras
Que só os bens da terra vão comendo:
A consciência é jardim onde as verduras
Mil perfumes p'ra o céu vão rescendendo.

9 comentários:

Maria Silva disse...

A dália é linda e as gotículas de água tornam-a tão refrescante.São os bens da terra.

O poema é reconfortante, porque nos mostra as contradições com que nos deparamos no dia a dia e que podem ser ultrapassados com ... dálias.

Caeiros recorre à solidão, ao espiritual, ao eu.

São leituras

A ilha dentro de mim disse...

Minha avó costuma dizer que Deus só dá a cruz a quem a pode carregar. E a cruz do poeta é, sem dúvida, a pena que carrega por entre os dedos, sem alívio nem descanso...

Pedrita disse...

muito lindo. beijos, pedrita

ematejoca disse...

A Dália é linda.
Um dos meus poetas preferidos é Antero de Quental. Na minha adolescencia sabia este poema de cor.

O Geocrusoe também se interessa por literatura, por isso lhe pergunto se conhece Jean-Marie Gustave Le Clézio? Quero dizer se já leu alguma coisa dele. Aqui, só conhecemos "O Africano". Foi uma boa surpresa a escolha deste autor. Mas eu gosto de surpresas. Aqui estavam a contar com a Herta Müller.

Saudacoes outonais!

Carlos Faria disse...

à nanda
foi a sensação de frescura dada pelas gotícola e a ideia de jardim ser a consciência para elevar ao céu que me fez escolher a foto. Eu gosto de caeiro, apenas comentei um verso pelo facto de eu ser diferente naquele preciso aspecto...

lb
a ideia da sua avó, os meus antepassados também a partilharam comigo, quanto à pena de poeta ser a sua cruz, achei interessante e parafraseando as ideias religiosas, essa pena também é a salvação do poeta.

à pedrita
sou suspeito, mas ao escolher o poema assumi o meu gosto pelo seu conteúdo. antero por vezes é complexo por misturar o conceito de ideia.. ideal e conflitos de fé com agnosticismo como motores de mudar o mundo, mas é um grande poeta da letras lusófonas.

à ematejoca
obrigado pelo elogio da dália, também gostei dela. interesso-me muito por todas as formas de expressão artística, sobretudo música, literatura e pintura. no campo da literatura, apesar do tempo para ler ser escasso, habitualmente ando sempre com livros. no passado explorei livros não muito clássicos de escritores conhecidos, assim conheci thomas mann, umberto eco, balzac, greene, steinbeck e os lusitanos, depois virei-me para a literatura canadiana anglófona para perceber melhor a terra natal, apaixonei-me por 3 escritores margaret atwood, timothy findley e robertson davies... agora ando a explorar literatura lusófona alternada com canadiana... penso em breve penetrar nos grandes clásssicos europeus goethe entre outros... houvesse tempo disponível e já mais avançado neste objectivo ia eu. mas não conheço o escritor que mencionou... que deve ser francês, quiçá um dia

José Quintela Soares disse...

Bem escolhido.
Sempre fascinante, Antero de que muitos falam mas nem tantos leram.

Carlos Faria disse...

ao josé quintela soares
e cujos poemas são uma mensagem e uma filosofia de ver o mundo para a sociedade em geral e o individuo em si.

Anónimo disse...

A flor também é linda.
O poema "está-me no sangue", tu sabes.

Carlos Faria disse...

à ana rita
claro que sei desse apelido quental e quando o coloquei pensei na nossa última conversa e das dificuldades de enfrentar determinadas situações...