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quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

FELIZ 2009, Habitantes de toda a TERRA

Terra há só uma, a nossa, e só continuará nossa se o Homem quiser

A todos habitantes desta Terra Una.
Não importa o reino de vida a que pertença
Ou o ecossistema em que se aninhou.
Sois filhos de um grande equilíbrio precário
Cujo Homem, senhor inconsciente e demente,
Foi impertinente agente perturbador.
Continuai vivendo felizes e impávidos
A próxima translação desta vossa Casa,
Comendo e abusando do fruto proibido
Que sustenta a preservação ambiental.
Então o Planeta vos dirá, qual novo Adão,
Que deste Éden perdestes a oportunidade
E dele não mais fareis parte.
Mas Gaia novamente vencerá,
Outro Génesis escreverá,
E como uma nova Eva fecunda,
Nutrirá gerações futuras de seres.
Hoje imundos... nojentos...
Dignos de vencer o presente...
E o pós-Humanidade.


Feliz 2009, em Paz com os Homens e em equilíbrio com Gaia, no último ano do triénio do Ano Internacional do Planeta Terra

segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

CONCERTO DA PAZ

Tendo em conta o pedido de divulgação, que me foi efectuado pelo Pelouro da Cultura da Câmara Municipal da Horta, apresento seguidamente o programa musical para o primeiro dia de 2009, desejando que os residentes no Faial aproveitem esta oportunidade.

(foto e texto abaixo fornecidos pela CMH)

Dia 1 de Janeiro de 2009

Igreja S. Francisco: 14h30

Grandioso Concerto pela Paz

ORQUESTRA SKOMOROKHI de São Petersburgo

Organização: Câmara Municipal da Horta.

Apoio: Santa Casa da Misericórdia, Junta de Freguesia de Castelo Branco, OMA.

A ORQUESTRA SKOMOROKHI de São Petersburgo foi fundada em 1969 pelo Maestro Victor Akulovich. Os instrumentos que compõem a orquestra, são entre outros, as balalaicas, domras, baião, flauta, oboé e instrumentos de percussão. O reportório inclui trechos de música erudita, música popular russa de autores consagrados e trechos originais compostos exclusivamentepara a orquestra.

Prestigiada na Rússia, a Skomorokhi realizou concertos em mais de 20 países, entre eles, Espanha, França, Grécia, Inglaterra, Alemanha, Eslovénia, Finlândia, Dinamarca, Japão, Coreia do Sul e Argélia. Em 1995 e 1996 conquistou os grandes prémios dos Festivais Europeus de Música que se realizaram na Bélgica e na Dinamarca.

A Orquestra Skomorokhi tem vários CD’s editados e tem participado em emissões de rádio e televisão de diferentes países. Em Portugal esteve nos Concertos de Ano Novo de 2008 em Santarém, Elvas e Barreiro.

sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

RIBEIRINHA - Natal 2008

As iluminações do exterior das casas não eram tradição, vieram com o regresso de alguns emigrantes, com a chegada da electricidade ao meio rural, as imagens da televisão e com um maior desafogo económico das últimas décadas...
As decorações do exterior alegram as noites longas do início do Inverno, recordam o Natal e não destruíram nenhuma tradição anterior, tornaram-se apenas em mais um hábito que a continuar entrará no rol das tradições.
Hoje, quando com chuva e alguns relâmpagos, observei as várias iluminações exteriores de natal na Ribeirinha e nos Espalhafatos, lembrei-me que há dez anos atrás nem uma só das casas visitadas existia, apenas ruínas fantasmagóricas do sismo de 9 de Julho de 1998, estas decorações eram prova que vida aqui renasceu e isso é Natal.
Não importa que sejam decorações simples e adequadas aos bolsos de quem trabalha, são indicadores do regresso à vida normal desta freguesia e porque os emigrantes lá longe sonham sempre com uma foto do que por cá se passa... vários já me disseram que este blog era uma janela para a sua terra.
Porque é Natal e na família ribeirinhense ou faialense muitos vivem longe... fica aqui esta amostra de algumas decorações que resistiam à chuva e aqueciam este vento gelado que hoje passava pela Ribeirinha e pelos Espalhafatos, as duas localidades desta freguesia que me acolheu desde criança.

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

A MORTE DO MENINO JESUS

As celebrações ao invencível deus Sol do império romano foram transformadas pelos cristãos romanos nas festividades do nascimento do Menino Jesus, pois Este era para eles o verdadeiro Deus e Luz da vida...  
Pagão ou cristão, o solstício de inverno sempre esteve associado ao nascimento ou à fonte da vida, até que nos tempos modernos passou a ter para muitos um pai idoso, de infância desconhecida e residente num dos locais mais inóspidos à vida...

Porque gosto da vida e de viver e detesto ser desenraizado das tradições do meu povo, persisto no luso Natal do Menino Jesus. Uma criança é sempre um início de vida, independentemente de qualquer crença, por isso resisto a qualquer sucedâneo oco, mesmo que popular, e não me habituo a um Natal sem o Menino Jesus.

A tolerância sempre me guiou, logo a todos eu respeito. Assim, quer optem pelo Menino Jesus da tradição lusitana ou pelo velhote, no ocaso da vida, Pai Natal (Papá Noël no Brasil), criado pelo  marketing do capitalismo, a todos um Feliz Natal.

sábado, 20 de dezembro de 2008

OUTONO - O Fim-de-estação

Hoje é o último dia completo do Outono, amanhã chega o Inverno.
O solstício ocorre às 11h04 dos Açores, dá-se então a mudança de estação.
Ao contrário da maioria dos países da Europa e da América do Norte, a paisagem açoriana é sempre cheia de verde...
Tanto a floresta natural destas ilhas - conhecida por Laurissilva - como a principais árvores trazidas pelo homem e invasoras do nosso meio natural - o incenso, o araçaleiro, etc. -  são de folha perene, por isso, o verde é também dominante no Inverno.
Paralelamente, os dias de temperaturas amenas, sem chuva e, por vezes, de sol radioso ocorrem também no Inverno, enquanto o Pico continua a nos vigiar lá do alto e as aves a encherem a natureza de canções...
As praias talvez estejam menos convidativas, contudo os trilhos e os caminhos agrícolas persistem em convidar toda a gente para uma caminhada, onde a natureza intacta praticamente já não existe, mas pelo menos o ar puro, a calma, a beleza paisagística e o chilrear das aves são abundantes.
São assim as ilhas do Triângulo (Faial, Pico e São Jorge), são assim os Açores, sempre belos em qualquer estação do ano.
Adeus Outono e espero que o próximo Inverno não nos desiluda!

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

CHÃO QUE DEU UVAS

Tempos houve, não muito distantes, que no meio rural do Faial não havia dinheiro disponível. Apenas abundava o milho, o trigo, a batata doce ou da terra, a laranja, a maçã, o pêssego, o figo, a ameixa, a nêspera e a uva, o peixe acabado de pescar, a carne de vaca ou de porco (tanto fresca, como salgada), as couves para acompanhar ou a cebola, o alho e a salsa para aromatizar e ainda o vinho feito por um conhecido da Praia do Norte, do Capelo ou, sobretudo, do Pico e... vi eu bem, muito alegria no trabalho.
Hoje, o dinheiro circula no campo e os bancos cobram as dívidas da casa, do carro, da adega ou da mobília nova e dos electrodomésticos, mas o chão que deu uvas cobre-se de ipomoeas de flores roxas que se alastram pelos quintais e desfeiam as zonas balneares...

Antigamente o chão de pedras - chamados mistérios ou biscoitos - dava uvas e figos que se transformavam em vinho e aguardente. Agora... jaz abandonado, estéril, triste com saudades dos campos alegres sem crise...

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

POETAS E POEMAS ESCOLHIDOS IV - Natália Correia


Logótipo com os países integrantes da CPLP, retirado daqui - lusofonia

LÍNGUA MATER DOLOROSA

Tu que foste do Lácio a flor do pinho
dos trovadores a leda a bem-talhada
de oito séculos a cal o pão e o vinho
de Luiz Vaz a chama joalhada

tu o casulo o vaso o ventre o ninho
e que sôbolos rios pendurada
foste a harpa lunar do peregrino
tu que depois de ti não há mais nada,

eis-te bobo da corja coribântica:
a canalha apedreja-te a semântica
e os teus verbos feridos vão de maca.

Já na glote és cascalho és malho és míngua,
de brisa barco e bronze foste a língua;
língua serás ainda... mas de vaca.


Publicado no Jornal Novo, Dezembro de 1976, extraído de "Poesia Completa" de Natália Correia, Publicações Dom Quixote, 1999 (634 p.)
Livro disponível e à venda nas Bibliotecas Públicas da DRaC nos Açores.

sábado, 13 de dezembro de 2008

RECORDAÇÕES DE PRAGA

Tinha prometido a apresentação de algumas imagens da minha viagem a Praga, pelo que aqui ficam algumas das muitas fotos então tiradas, assim como explicações e reflexões sobre esta cidade.
Em primeiro lugar importa deixar bem claro que o centro da Praga é de uma monumentalidade e beleza estonteante que impressiona qualquer pessoa que chegue pela primeira vez à cidade, sem dúvida uma das capitais mais belas que conheço. 
Entrada na Praça da cidade velha, com a sua câmara municipal à esquerda e igreja de Nª. Sª. de Tyn em frente.

Contudo, defeito meu ou virtude, não consigo visitar uma terra, deslumbrar-me e ir embora sem estudar a sua alma, o que faço, por norma, através da exploração de espaços menos turísticos, análise dos vários tipos de lojas de comércio tradicional e pela observação daquelas pessoas que me parecem ser os residentes da cidade. É um método incompleto, mas rico de informação sobre o local e tive tempo suficiente em Praga para estas intromissões nesta urbe.
O castelo com o palácio real e catedral de S Vito no alto, igreja de S. Nicolau do Bairro Pequeno à esquerda e ponte Carlos sobre o rio Moldava à direita.

Não haja dúvida que a população de Praga valoriza a cultura. O número de livrarias; alfarrabistas; lojas de venda de cd/dvd; casas de teatro de vários tipos, activas e em checo; óperas e salas de concerto; bem como a qualidade dos grupos musicais de rua, das companhis de ópera e da sua orquestra filarmónica; a diversidade de oferta musical e a quantidade de escritores, pintores e escultores de grande valor na história da arte europeia, demonstram isso. Mas o centro histórico desta cidade é hoje, sobretudo, um belo museu preservado e destinado ao turismo.

Ponte Carlos à entrada do Bairro Pequeno, com as suas imagens e torre e porta.

À excepção da venda de livros e discos, praticamente todo o comércio desta zona está virado para o turismo e com preços na generalidade superiores em 100% à cintura envolvente menos turística, o movimento de rua é praticamente ocupado por estrangeiros e nacionais de apoio a estes. Quase não se vêem pessoas com comportamentos de quem está a desenvolver actividades quotidianas e o grau de recuperação das moradia é de tal forma intenso e homogeniamente barroco que parece descartar qualquer veleidade individual, bem como ser excessivo para bolsos da classe média e baixa.
Rua da Ponte Carlos, com a igreja de São Nicolau do Bairro Pequeno em frente.

Assim, ficou-me a dúvida, até que ponto será agradável viver neste centro histórico e qual a densidade, intensidade e qualidade de vida dos seus prováveis residentes... quais as casas das classes menos abastadas dentro deste núcleo e deu-me então uma grande saudade dos bairros típicos cheios de vida da minha Lisboa onde vivi...
Catedral de São Vito no interior do Castelo e do Palácio Real.

Num dos dias aventurei-me a uma excursão, planeada à última hora, a uma pequena cidade de província, a quase três horas de viagem e situada no extremo sul da Boémia: Ceska Krumlova, cujo seu núcleo foi recentemente elevado a património mundial, tal como no passado aconteceu com o centro histórico e turístico de Praga, ficam aqui duas imagens como aperitivo desta pérola que temo, brevemente será votado a um destino semelhante ao do centro da capital do pais.
O Castelo de Ceska Krumlova

O centro da cidade visto da torre do castelo e também banhado pelo rio Moldava.

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

A MINHA LISBOA...

Existem cidades monumentais que se parecem copiar na arquitectura, nas fachadas e na demonstração de riqueza, mas a minha Lisboa é uma cidade castiça, única e bela.
Na minha Lisboa os monumentos não se atropelam, nem concorrem em magnificência ou opulência, os seu imóveis são simples, milenares ou centenares...

Na minha Lisboa os imóveis sabem mostrar a beleza da simplicidade e a harmonia do conjunto...

Despudoradamente expõem a vida das suas humildes gentes e invadem as ruas com cheiros a comida, conversas de interior ou de vizinhas e músicas diversas incluindo o fado...

Na minha Lisboa abundam os miradouros que mostram a cidade a banhar-se no Tejo, onde a sua gente ainda convive, joga, conversa, contacta com a música popular e namorisca de uma forma descontraída e humana.

A minha Lisboa é um museu vivo, com gente cheia de vida e a residir no seu interior que ainda se conhece, que dá bom dia, onde existem, largos com paróquias de aldeia, mercearias e cafés de bairro, nas suas ruas continuo a ver crianças e adolescentes a brincarem descontraidamente, a ouvir os jovems a atirarem piropos às moças que passam e as risadas acompanhadas de respostas desajeitadas de quem disfarça o acolhimento do elogio... é esta a minha Lisboa, é esta a minha rua de estudante... é esta a cidade que gostaria que se mantivesse viva como ainda consegue ser.

PARABÉNS MANUEL OLIVEIRA

Manoel de Oliveira, o cineasta mais idoso do mundo e ainda em actividade, faz hoje 100 anos... PARABÉNS!
Imagem retirada e nas condições descritas aqui
Não vi muitos filmes de Manoel de Oliveira, apesar do grande número de obras por ele realizadas, mais porque não tive acesso a eles do que por não os querer ver, as poucas vezes que assisti ao seu trabalho foi, sobretudo, em cinemas de Lisboa, quando estudante (por norma não programo a visualização de filmes no pequeno ecrã da TV). Confesso que não desgostei das suas obras: calmas e onde o argumento e a imagem eram tratados como verdadeiras obras de arte.

Manoel de Oliveira é sobretudo um resistente: resiste em viver, em trabalhar e em não se deixar ir por modas e imposições de estilos comerciais ou de outras escolas da sétima arte... no futuro, provavelmente, terá o seu nome inscrito nos grandes nomes da história do cinema e será reconhecido dentro do seu país, hoje... é apenas um Grande Realizador para quem vê no cinema uma forma de expressão artística. PARABÉNS!

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Adeus Praga

Bem como tudo o que é bom tem um fim, as férias aqui estao no seu termo... quando viajo nao me limito a ver a oferta turistica, exploro corredores mais obscuros para descobrir a alma da terra, assim, sobre Praga algumas impressoes:
- Cidade com um centro historico monumental, muito bem preservado, com grande beleza arquitectonica e paisagistica, muito dinamizada em torno do turismo pelo que os precos sao muito mais elevados aqui que nas ruas menos visitáveis, nestas chegam a ser mesmo muito baratos.
- Culturalmente é um cidade rica ao nível das várias artes eruditas, como a musica e literatura.
- Rica onde Lisboa é pobre e pobre onde Lisboa é rica, complementam-se, mas nenhuma das cidades é completa em si e ambas encerram traumas que deveriam solucionar.

Pela sua beleza e cultura recomendo-a vivamente, valeu a pena descobrir esta cidade... agora Adeus Praga... Olá Lisboa continuo a gostar muito de ti.

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

DON GIOVANNI, na primeira casa

Nesta epopeia operática mais uma vez insisti em Mozart, uma obra divertida, contrariamente à ideia de muitas pessoas do que são as óperas, contudo moralista.
Embora Mozart tenha sido um artista reconhecido em vida, as suas obras nem sempre tiveram a aceitação institucional e da crítica, situação que conduziu a que a estreia de Don Giovanni (ou Don Juan como se tenderia a dizer em Portugal) ocorresse em Praga no Teatro dos Estados, onde a obra, perante um público conhecedor de música, foi um sucesso e motivo porque dois séculos depois eu optei por visitar esta cidade e ver pela primeira vez ao vivo o Don Giovanni, precisamente na sala onde foi estreado mundialmente.

Teatro dos Estados, local da primeira estreia de Don Giovanni pelo próprio Mozart, foto daqui

O vídeo mostra Don Juan, legendado na compreensível língua de Cervantes, a seduzir uma noiva, precisamente no dia do seu casamento, por um cantor que associo sobretudo a papeis de Mozart, dueto que mostra a capacidade do compositor, com bom gosto, conciliar a beleza, a ironia e o humor, de uma forma acessível a todos os públicos 

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

FLAUTA MÁGICA

Se ontem optei por uma obra grandiosa, que normalmente apela a grandes cenários e de estilo italiano, hoje escolhi uma ópera alemã, na Ópera do Estado em Praga. Uma obra onde os ensinamentos dos valores da vida e o virtuosismo da voz são elementos importantes.



O Mozart que me fascina é aquele onde a voz entra,  por isso as óperas deste compositor têm em mim um lugar muito especial. Seleccionei um excerto com a ária mais conhecida da Flauta Mágica e optei pela versão que tenho na minha colecção de dvd, onde a força da música, da representação teatral e da interpretação vocal evidenciam os aspectos porque considero a ópera uma forma de arte completa...

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

AIDA de verdi

AIDA de Verdi é o pontapé-de-saída, desta série de óperas que decidi assistir, neste caso no Teatro Nacional de Praga.
Provavelmente não assistirei a uma coreografia com os efeitos especiais ao nível do vídeo abaixo, aliás vou sobretudo pela música, mas a ópera, como espectáculo completo: música/canto, representação, encenação, coreografia e literatura; presta-se a que uma mesma obra possa ter as mais variadas formas de apresentação, daí um dos seus aliciantes e a capacidade de poder sempre surpreender.



No elenco também não constam nomes sonantes, mas numa cidade entre Berlim e Viena, onde a dinâmica musical é uma das atracções para estes vizinhos, suspeito que o brilho da qualidade, o que me interessa, ultrapasse o de vedetismo...

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

PRAGA, pelo dinamismo cultural

Fui atraído pelo dinamismo cultural de Praga, as suas óperas, a sua arquitectura, o seu aspecto medieval... e é para aqui que vim à descoberta.

PRAGA e o rio Moldava (Vlatva em checo), imagem daqui

Não me pronuncio ainda sobre esta cidade que desconheço completamente e que há poucos anos me era estranha... apenas a relacionava com Milan Kundera, Kafka, alguns compositores e a uma primavera passada, fica apenas a menção ao motivo da escolha.
Espero em breve comunicar as minhas impressões e depois do fascínio da descoberta há poucos anos do império cultural que é Berlim as comparações serão inevitáveis...

domingo, 30 de novembro de 2008

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

LISBOA: Fundação Gulbenkian

A cultura em Lisboa hoje não seria o que é sem a Fundação Calouste Gulbenkian.

Foto de Osvaldo Gago, proveniente e nas condições descritas daqui

Numa cidade capital de uma nação, onde a cultura erudita e a formação intelectual não são valorizadas como em muitos outros países europeus, Lisboa oferece aos seus residentes e visitantes concertos, espectáculos de dança, exposições, colecções de arte e livros técnicos, para já não falar de bolsas de formação em artes e ciências, a um nível muito acima do que seria normal esperar com o apoio institucional e o mecenato cultural frequentemente disponível nesta terra. A grande responsável por este "empolamento" cultural em Lisboa, face à situação real do país, é a Fundação Calouste Gulbenkian.

Graças a ela e quando estudante, época em que o dinheiro especialmente escasseia, assisti a grandes concertos, interpretados pela sua própria orquestra ou outras; vi grandes intérpretes vindos do exterior, os bailados do Olga Roriz e o trabalho de Vasco Wellenkamp, conheci a obra de Amadeo de Souza Cardoso, a colecção Lalique, bem como muitas outras obras de arte e ainda consegui estudar em bibliografia científica de qualidade na língua de Camões.

Raramente venho a Lisboa, com tempo disponível, em que esta Fundação não tenha algo de interessante para me oferecer, desta vez não é excepção e aqui fica a minha homenagem a esta instituição.

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

LISBOA, em trânsito demorado e intencional

Andar por Lisboa uns dias é sempre um prazer, mesmo em rota para a Europa ganho sempre em passar uns dias pela nossa capital. Mais uma vez penso deixar-me encher das coisas boas desta bela cidade, a terra das minhas memórias de estudante.
Lisboa vista da Graça, foto proveninente daqui

A verdade é que a luz de Lisboa fascina-me. A diversidade do comércio e o casario da zona antiga, desordenado e simples como duma aldeia, enternecem-me. O ar cosmopolita e mediterrânico do Chiado e a sua envolvente, com o museu, teatros, galerias de arte, igrejas calcárias, livrarias, lojas de discos, cafés castiços e esplanadas cativam-me. Belém com todo o seu património e o CCB extasiam-me. O Parque das Nações relaxa-me e o complexo da Gulbenkian delicia-me...
Já ouvi opiniões diversas sobre Lisboa, o brilho da paixão talvez me permita ver coisas que outros não descobrem, mas Lisboa continua a ser uma das cidades da minha vida.

Os próximos post programados serão mais culturais, sobretudo música, que geológicos, mas essa é também uma das vertentes importantes da minha vida  e com grande importância em férias e a função principal destes post é manter o contacto com os habituais visitantes deste blog.

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

HORTA, sem agenda...

A sempre bela cidade mar da Horta vista do Monte da Guia

Não há dúvida que o sabor de percorrer as ruas duma cidade, mesmo que seja na nossa terra, é diferente se estamos em trabalho ou em férias... 
Num belo dia de Outono, sem frio ou calor, na ausência de vento ou chuva, bisbilhotar o comércio local da Horta (sempre parco de ofertas), calmamente comprar algo - apenas porque se gostou - como um livro de poemas de Natália Correia, dá-me um prazer que raramente consigo ao entrar nos mesmos espaços a contra-relógio e sob a tirania do cumprimento de horários.
Visitar a biblioteca pública da Horta e descobrir uma exposição de fotografias antigas da ilha, onde se revela uma festividade perdida no tempo, realizada mesmo na minha rua e com gente que me é totalmente estranha, mas com quem todavia me devem unir os laços de sangue.
Depois perder-me no seio de milhares de títulos, ser abordado por Dias de Melo, Vitorino Nemésio, passando rapidamente por Goethe e terminar numa cavaqueira com Brecht, são prazeres disponíveis ao virar da esquina, mas inacessíveis na normalidade do dia-a-dia...
Enfim... mesmo a recuperar forças para a viagem, o prazer já se instalou ao meu lado nestas férias de Outono.

sábado, 22 de novembro de 2008

FINALMENTE FÉRIAS!

Tal como já referira, Outono para mim é tempo de férias e elas chegaram... nas próximos semanas programei andar à descoberta deste planeta.

Imagem proveniente daqui

Este blogue não deverá ficar fechado, penso agendar alguns post, a indicar por onde ando e a dar notícias. Pretendo com frequência vir cá ver o que surge na blogosfera e continuar a conversar com os bloggers habituais. Poderá até ser possível a elaboração de novos post, caso o tempo e as condições o permitam, tal como já aconteceu no último ano, mas a periodicidade de novas produções deverá baixar.
Nas próximas semanas, a prioridade serão: viagens, por terras do velho mundo; a leitura e a aquisição de novos livros; a música, com idas à opera e a eventual aquisição de cd e dvd; a arte, com a visita a museus, galerias e exposições, talvez o teatro; e, sobretudo, o repouso do trabalho agendado por terceiros para alimentar os prazeres da minha alma.
Por isso continuem a passar por cá, farei o possível para também passar por aí.

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

ALTAR INCENSADO

Devido à humidade no ar, intensificada nos Açores pela omnipresença do mar, o relevo elevado das ilhas funciona como barreira à circulação atmosférica, o que por vezes leva à condensação do vapor de água no ar e à formação de núvens num dos lados das montanhas ou mesmo sobre as ilhas. Motivo porque por vezes o tecto de núvens, característico dos Açores, situa-se apenas sobre terra, enquanto o céu sobre o mar permanece azul e também ocorre o frequente e belo bailado de núvens em torno da montanha do Pico


Caldeira do Faial (clique na foto para a ampliar)

No lado esquerdo da foto encontra-se um relevo em forma de ogiva, que corresponde a um domo traquítico, implantado no bordo sul da Caldeira do Faial e conhecido pelo nome de ALTAR, já presentado neste post.

Assim, à semelhança dos altares religiosos, onde os sacerdotes costumam libertar fumos da queima de incenso, também este altar geológico parece estar a ser incensado pela natureza... um sinal da magia dos Açores

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

OLHARES: O Faial visto do Pico

Pela proximidade, idade geológica, beleza, tradições, partilha genética, vivências culturais e intercâmbio económico, o Faial e o Pico são duas ilhas irmãs, que vivem numa simbiose perfeita, cuja compreensão da interdependência só se tornaria consciente a cada uma se, de repente, uma se sentisse privada da outra.

A ilha do Faial vista do Museu do Vinho na ilha do Pico. A Horta à esquerda e a Ribeirinha à direita. (clique para ampliar)

Como duas irmãs que à primeira vista parecem tão diferentes e desavindas, mas que não se lembram de ter vivido em separado, julgam-se independentes e convencem-se de que os seus males vem dos defeitos da outra e acreditam na sua auto-suficiência, mas inconscientemente amam-se sem saber.
Todavia,  quando a ameaça vem de fora, eis que os laços de sangue, que unem qualquer família, apertam-se com todas as forças e nunca vi um Faialense e Picoense em terra estranha que não se sentissem conterrâneos do mesmo naco de rochas saído mar. 

sábado, 15 de novembro de 2008

TAMANHO DAS ERUPÇÕES IV - Índice de Explosividade Vulcânica (VEI)

A última escala a apresentar, o Indice de Explosividade Vulcânica, conhecida internacionalmente pela iniciais em inglês - Volcanic Explosivity Index scale - VEI, apenas é aplicável a erupções explosivas.
Como as grandes explosões originam imagens espectaculares, podem ser catastróficas e são de curta duração, muitas vezes a comunicação social completa a sua informação com a indicação do grau VEI da explosão, tornando mais popular esta escala em termos de erupções vulcânicas que as escalas vulcânicas anteriores.

Uma enorme coluna eruptiva no monte Redoubt no Alasca com as camadas de desenvolvimento horizontal devido à estratificação natural da atmosfera, imagem daqui

O Indice de Explosividade Vulcânica (VEI) utiliza dois parâmetros para a determinação do grau: o volume de material piroclástico emitido em metros cúbicos (cinzas, bombas vulcânicas e pedra-pomes) durante a explosão e a altura atingida pela coluna eruptiva em quilómetros, constituída pelos produtos projectados pelo vulcão.

Coluna eruptiva da erupção do vulcão do Pinatubo, onde ocorreu a maior explosão do século XX - VEI 6 no ano de 1991 que reflexos no clima a nível global, imagem daqui

VEI 0 -> menos do que 104 m3 (10.000 m3 de material ) e altura da coluna eruptiva inferior a 0,1 km (100 m);

VEI 1 -> entre 104 e 106 m3 de material (10.000 a 1 milhão de m3) e altura entre 0,1 a 1 km;

VEI 2 -> 106 e 107 m3 de material (1 milhão a 10 milhões de m3) e altura entre 1 a 5 km;

VEI 3 -> 107 e 108 m3 de material (10 milhões a 100 milhões de m3) e altura entre 3 a 15 km;

VEI 4 -> 108 e 109 m3 de material (100 milhões a 1.000 milhões de m3) e altura entre 10 a 25 km;

VEI 5 -> 109 e 1010 m3 de material (1.000 milhões a 10.000 milhões de m3) e altura acima de 25 km;

VEI 6 -> 1010 e 1011 m3 de material (10.000 milhões a 100.000 milhões de m3) e altura acima de 25 km;

VEI 7 -> 1011 e 1012 m3 de material (100.000 milhões a 1 bilião de m3) e altura acima de 25 km;

VEI 8 -> acima de 1012 m3 de material (1 bilião de m3) e altura acima de 25 km.

Por norma, as as fontes de lava têm VEI de 0 a 1; VEI de 1 a 2 situam-se as explosões estrombolianas; VEI de 2 a 4 ocorrem em explosões vulcanianas, enquanto as plinianas podem começar em 3 e atingir os valores mais altos da escala.

VEI 8 são explosões de tal forma intensas que podem ter efeitos catastróficos à escala mundial e, por norma, podem estar associados a vulcões que também podem atingir magnitudes e intensidades tão grandes que são conhecidos por SUPERVULCÕES, mas geralmente só acontecem em intervalos de tempo na ordem das centenas de milhares de anos.

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

O TAMANHO DAS ERUPÇÕES III - Escala vulcânica de Magnitude

Após a apresentação de uma Escala de Intensidade de erupção vulcânica, apresento hoje uma Escala de Magnitude de uma erupção vulcânica, tanto aplicável a erupções efusivas, como explosivas e também raramente utilizada nos noticiários.
Nesta escala o que importa é quantificar o total de massa libertada por um vulcão ao longo de uma erupção completa, independentemente do tempo de duração desta. Logo, um dos problemas para referir a magnitude é que esta só pode ser calculada depois da erupção terminar, enquanto decorre a actividade não é viável dizer a sua magnitude final.
 
O vulcão Puu Oo numa erupção efusiva do tipo estromboliano, foto daqui

Assim, uma erupção pouco intensa que dure muito tempo pode ter a mesma magnitude que uma outra muito intensa e de curta duração, claro que a magnitude é maior se a intensidade e a duração da erupção forem ambas elevadas.

Nesta escala, a magnitude cresce um grau sempre que massa emitida aumenta 10 vezes em relação à quantidade de referência do grau anterior.
Magnitude zero - a quantidade de material emitido (lava, piroclastos e gases) é inferior a 10.000 toneladas;
Magnitude um - a quantidade de material emitido igual a 100.000 toneladas;
Magnitude dois - a quantidade de material emitido igual a 1.000.000 (1 milhão) de toneladas;
Magnitude três - a quantidade de material emitido igual a 10.000.000 (10 milhões) de toneladas;
....
Magnitude oito -  a quantidade de material emitido igual a 1.000.000.000.000 (um bilião na terminologia de Portugal* ou um trilhão no Brasil) de toneladas!

As maiores erupções conhecidas correspondem a esta magnitude, que curiosamente tem o mesmo número de zeros que a maiores intensidades conhecidas 12, mas cuidado, graus diferentes e representam aspectos distintos.

* Portugal utiliza a escala longa na terminologia de numeração, enquanto o Brasil utiliza a escala curta, consequentemente, além da ortografia, os números grandes na Europa são diferentes dos Brasileiros. Assim, 1000 milhões em Portugal é 1 bilhão no Brasil; 1 bilião em Portugal é 1 trilhão no Brasil. Confuso, não!?

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Nasceu um novo blog no Faial - HORTA XXI

HORTA XXI - Subordinado ao seu editorial...
O PRESENTE BLOG TEM COMO RAZÃO DA SUA EXISTÊNCIA SERVIR DE PLATAFORMA DE DISCUSSÃO SOBRE O PATRIMÓNIO FAIALENSE, URBANISMO DA CIDADE DA HORTA, FÓRUNS E DEBATES DE CIDADANIA SOBRE ESTA CIDADE À BEIRA-MAR PLANTADA. O PRESENTE BLOG É DE CARÁCTER APOLÍTICO, PELO QUE QUAISQUER PARTICIPAÇÕES RELACIONADAS COM PARTIDOS POLÍTICOS SERÃO RETIRADAS

Espero que seja um espaço em prol do Faial e dos Faialenses, com destaque para a cidade da Horta, um contributo para o sonho de se construir já a partir de hoje uma Horta melhor para o futuro.

O TAMANHO DAS ERUPÇÕES VULCÂNICAS II - Escala de Intensidade

A intensidade de uma erupção, contrariamente às escalas de itensidade sísmica, não representam uma avaliação qualitativa de estragos, mas sim a quantidade de massa, sobretudo lava e cinzas, embora também se devam quantificar os gases, que sai pelas bocas de um vulcão por segundo.
Cratera do vulcão Puu Oo com um lago de lava, num momento de muito baixa intensidade eruptiva - imagem daqui

Assim, à semelhança de um rio, onde é possível deduzir o caudal numa dada secção do seu percurso ou na foz, cuja quantidade é expressa em litros por segundo, ou noutras unidades de volume/tempo; na intensidade do vulcão tenta-se estimar os quilogramas libertados por segundo pelas suas chaminés. Quanto mais é ejectado por unidade de tempo, mais intenso é a erupção.
A escala de intensidade tem a vantagem de ser aplicável à erupções efusivas, medindo o caudal das escoadas de lava e gases saídos das bocas do vulcão, ou explosivas, a quantidade de cinzas, piroclastos e vapores libertados da chaminé.
Os valores mais baixos estão pouco associados a actividade explosiva, enquanto os mais elevados estão menos relacionados com actividade efusiva, mas não é condição obrigatória.

Grandes volumes de lava em emissão pelo vulcão Mauna Loa no Havai, um momento de elevada intensidade eruptiva - imagem daqui

Na escala de intensidade, atribui-se o grau igual à potência de base 10 representativa do número de gramas de massa libertados por segundo, ou seja numa linguagem simples, o número de zeros necessários para representar a grandeza de massa libertada em gramas por segundo.

Para valores abaixo de 3 é demasiado pequena a erupção para ser notícia, assim podemos resumidamente começar em 3.
- Intensidade 3, o vulcão liberta 1000 (3 zeros) g de massa por segundo, ou 1 quilograma por segundo;
- Intensidade 4, o vulcão liberta 10.000(4 zeros) g/s, ou 10 kg/s;
- Intensidade 5, 100.000 g (5 zeros) /s, ou 100 kg/s;
...assim sucessivamente, as maiores intensidades eruptivas conhecidas estão associadas e erupções explosivas do tipo pliniano e estimadas em
- Intensidade 12, 1.000.000.000.000 g(12 zeros!)/s, 1000 milhões kg/s; que corresponde aproximamente a 1 km cúbico de material por segundo a ser expelido pelo vulcão... assustador!

Um dos problemas associados a esta escala está no facto que, muitas vezes, é difícil calcular no momento a intensidade, sobretudo durante as grandes explosões, onde o perigo obriga a se estar a grande distância e os equipamentos podem ser destruídos pela erupção, sendo frequente estimar-se a intensidade posteriormente.

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

O TAMANHO DAS ERUPÇÕES VULCÂNICAS I - Escalas

Coluna eruptiva do vulcão do Monte Pinatubo em 1991 nas Filipinas, a maior manifestação vulcânica explosiva do século XX, imagem retirada daqui

Quando se relata a ocorrência de um sismo, imediatamente a notícia é acompanhada de uma informação sobre a dimensão do tremor-de-terra, referenciando o evento numa escala sísmica: de magnitude, como a de Richter; ou de intensidade, como as de Mercalli ou EMS-98.

Todavia, quando se falam de manifestações vulcânicas, raramente os noticiários enquadram a informação da dimensão da erupção em qualquer tipo de escala vulcânica, nem as pessoas questionam o grau atingido. Tudo se passa como se não existissem escalas para determinar a grandeza das erupções vulcânicas ou como se as erupções tivessem todas o mesmo tamanho.

Contudo existem várias escalas, referentes à dimensão de uma erupção vulcânica, com base nos seguintes parâmetros:
  1. a quantidade total de material expelido ao longo de uma erupção - a magnitude da erupção;
  2. a quantidade de material expelido pelo vulcão por unidade de tempo ou seja o caudal ou fluxo expelido por segundo - a intensidade da erupção; e
  3. a dimensão das explosões ocorridas ao longo de uma erupção - explosividade da erupção.

Os dois primeiros tipos de escalas podem-se aplicar tanto a erupções efusivas como explosivas, todavia a última tem significado, sobretudo apenas, para manifestações vulcânicas explosivas.

Ao longo de próximos post irei apresentar as escalas vulcânicas, raramente discutidas ou apresentadas em português, e expressar as dificuldades de determinar rapidamente a magnitude, a intensidade ou a explosividade de uma erupção.
Estes problemas estão na base do motivo porque os noticiários não enquadram tão frequentemente as erupções em nenhuma escala vulcânica, o que leva também à população a não questionar sobre o tamanho de uma erupção vulcânica ou a ter conhecimento deste tipo de escalas.

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

POETAS E POEMAS ESCOLHIDOS III - Paulo Freitas

Imagem tirada daqui

Nasci assim lagarta rastejante,
que anda de flor em flor, que anda a chorar.
Nasci em prol da terra e não do ar,
vivendo em forma triste e humilhante.

E por breves momentos, um instante,
vi na luz de um orvalho, a baloiçar
airosa borboleta, a crepitar
em céu de luz ardente e delirante.

Assim, nasci lagarta por engano,
em seu casulo presa tristemente...
sem asas, rastejando sem prazer.

Postos olhos ao alto causam dano,
por ser de outro lugar: é penitente
de malfadada sorte, em seu viver!

Paulo Freitas in Vaidades de Março (1999)

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

O CACHALOTE FEITO ARTE

Entre as várias funções desempenhadas ao longo do Faial Filmes Fest, coube-me a grata tarefa de mostrar as numerosas belezas do Faial e do Pico a vários participantes, situação que me permitiu mais uma visita a vários núcleos museológicos da Baleação: Fábrica da Baleia no Porto Pim no Faial, Museu da Indústria Baleeira, em São Roque do Pico, e Museu dos Baleeiros, nas Lajes do Pico, estes dois integrados no Museu do Pico

Para quem desconhece as ilhas do Faial e Pico ou julga que a baleação acabou, esclarece-se que esta apenas se transformou, pois hoje a observação de cetáceos ou "whalewatching" é uma das ofertas turísticas mais requisitadas por estas bandas dos Açores.

A memória dos homens que corajosamente se sacrificaram para obter da caça ao cachalote algum rendimento para conseguir uma vida minimamente digna e da indústria associada está preservada nos vários museus do Faial e Pico acima referidos e para surpresa de muitos...

...artesãos destas ilhas souberam transformar o osso e o marfim do cachalote, armazenado desde então, em autênticas obras de arte escultórica e pictórica, nalguns casos comercializado em lojas da especializado.
Contudo as maiores obras-primas estão expostas no Museu dos Baleeiros das Lajes do Pico ou no Museu do Scrimshaw do Peter no Faial.

Neste post, feito em homenagem dos baleeiros e dos artesãos que transformaram os restos do cachaloe em arte, todas as imagens correspondem a uma pequena amostra do magnífico espólio situado no Museu dos Baleeiros das Lajes do Pico.

sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Casa natal de Manuel de Arriaga, 1.º Presidente da República

A Casa onde nasceu o primeiro Presidente da República Portuguesa eleito, Manuel de Arriaga, que foi imagem neste post  e cujo o tema foi abordado neste blog, em Julho de 2007, como património construído em ruínas, foi incluída na Lista de Imóveis de Interesse Público dos Açores.

Votos para que a Casa das Florinhas, como foi conhecida, tenha agora uma oportunidade de recuperação da memória de Portugal. 

FAIAL FILMES FEST 2008: Sessões de Competição

Sexta-feira, 31 de Outubro;
Sábado, 1 de Novembro;
Sempre pelas 21:30 h no Cine Teatro Faialense...

  Sessões de Competição Regional e Nacional

Participe!
Apoie o festival destas ilhas, bem como os seus amigos e conhecidos desta terra que se aventuram a dar os primeiros passos no mundo maravilhoso  da realização de filmes...

Conheça o que jovens e experientes deste país realizam presentemente ao nível de curta-metragens.

O Faial Filmes Fest espera por todos nas sessões de Competição Regional e Nacional.

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

FAIAL FILMES FESTE 2008: Ensaio Sobre a Cegueira

Casa superlotada para assisitir à ante-estreia de "Ensaio sobre a Cegueira" de Fernando Meirelles "Blindness" no original, na edição do Faial Filmes Fest 2008 e perante a presença do Realizador e dois Produtores, que fizeram uma exposição breve de aspectos que estiveram na base da concretização desta película.
Sendo eu um leitor de Saramago e tendo lido o livro há vários anos, era-me impossível ver o filme e mentalmente não o comparar com o romance. Mas a fidelidade em termos de mensagem, aspectos essenciais da estória, grau de perturbação psíquica e força das imagens é enorme. O filme respeita de tal modo o livro que por vezes adivinhava as cenas futuras mais próximas e o estado de choque do livro quase se repetia no cinema... uma fotografia de grande beleza, mesmo sem ser possível passar todas as reflexões íntimas do texto para a tela do cinema.
O filme, tal como o livro, continua aquele questionar de como é o comportamento humano em situações limite de colapso social, um exteriorizar da alma das pessoas. A mostrar que existe muito de bom no homem, mas infelizmente, muito... muito de mau está camuflado no seu interior e, em momentos de grande tensão, salta cá para fora e pode destruir qualquer sinal de humanidade nas relações sociais... um filme fortíssimo, a ver ou melhor, a não perder, mesmo para quem não tenha lido o livro.
À presença do Realizador e dos Produtores, pela honra que foi, pela projecção que deu ao FFF, pela consideração tida para connosco... fico imensamente grato... Obrigado!