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segunda-feira, 28 de julho de 2008

RECORDAÇÕES DE INFÂNCIA

Recentemente, no regresso dos meus banhos de Verão, no meu porto favorito, eis que me deparo com um cortejo na minha rua, realizado pelos agricultores da Ribeirinha e outras freguesias do Faial, onde os mesmos exibiam os seus carros-de-bois guardados e preservados por eles próprios, bem como mostravam o gado de trabalho que presentemente ensinam, por auto-iniciativa, para preservar a memória das tarefas ancestrais da vida do campo nos Açores.

É verdade que vários carros-de-bois apresentavam decorações interessantes e transportavam produtos para um arraial com bodo de leite, mas foram os mais simples que me tocaram cá dentro, aqueles que mostravam o que eram as "carradas" de palha, lenha e cana de milho...

Não sei o número de vezes, quando criança, em que me degladiei para ir no cimo destes carros, agarrado de forma insegura aos cabos que apertavam a carga, sempre em risco de com um balanço maior ser projectado junto com outros que comigo gritavam de emoção e abafavam o "guinchar" do carro-de-bois devido ao aperto dos freios para controlo da viatura.

Não tínhamos condições de segurança, mas hoje sobrevivem as saudades daqueles divertimentos arriscados!... e se bem me lembro, todos nós saímos sempre ilesos e alegres.

sexta-feira, 25 de julho de 2008

BELEZAS AÇORIANAS II - O Pico no Triângulo

A paisagem das "Ilhas do Triângulo" - Faial, Pico e São Jorge - é incontornavelmente marcada pela imponência da Montanha do Pico e pela beleza que a mesma imprime aos cenários observados nesta zona dos Açores.

O Pico observado da ilha do Faial...


O Pico na paisagem da ilha do Pico...


O Pico visto em São Jorge...


A Montanha do Pico exposta ao avião que une o Triângulo ao Mundo.

Não importa o ângulo, a beleza está sempre presente neste majestoso aparelho vulcânico situado no Triângulo.

quarta-feira, 23 de julho de 2008

BELEZAS AÇORIANAS I - Pastos faialenses em Julho

Sem grandes comentários nesta série de post de Verão, hoje apresento uma amostra da beleza da paisagem das pastagens da Ribeirinha do Faial, entre os finais de Junho e o início de Agosto...
(clique nas imagens para as ampliar)




Para mais explicações e imagens sobre o tema numa área mais abrangente, ver este post.

sábado, 19 de julho de 2008

VERÃO AÇORIANO: BANHOS

Festa em terra da Ribeirinha, descanso à beira-mar na freguesia e hoje tudo se conjugou: maré-cheia ao meio da tarde, mar calmíssimo, águas quentes, transparentes e sossego suficiente para uma excelente tarde de banhos no meu local favorito.

Tanto mar alí disponível para se gozar, sem o bulício e o atropelo típico das praias em torno da cidade em fim-de-semana de Verão!... (clique nas fotos para as ampliar)


Uma envolvente verde, silenciosa, animada pela sinfonia dos pássaros e um céu azul cheio de sol...

Uma maré-cheia de águas com uma transparência incrível e demonstrativa da sua qualidade...

Uma tarde de banhos memorável, mas se a meteorologia continuar assim, acaba-se o bom tempo para blogues, este manterá um ritmo de actualização mais lento e adequado ao gozo dos prazeres do Verão Açoriano...

quinta-feira, 17 de julho de 2008

AUDIÊNCIA SINGULAR

Visitas de trabalho ao campo, nos Açores, têm as suas particularidades. Recentemente, num trabalho em equipa, para avaliação da implantação de um projecto, decidimos subir a um local mais alto para observar a envolvente e apreciarmos o contexto de inserção do empreendimento na paisagem, a troca de opiniões não foi muito intensa, mas rapidamente tínhamos uma audiência inesperada e interessada em se informar e participar na discussão.


Numa época em que se fala do défice de discussão pública nas decisões, talvez, à semelhança do sermão de Santo António aos peixes, a solução seja mesmo encontrar um público interessado em participar.

terça-feira, 15 de julho de 2008

GEOMONUMENTOS DOS AÇORES: National Geographic

Reconhecidamente, a revista National Geographic, inclusive a sua versão portuguesa, não necessita de publicidade, mas mais uma vez chegou-me às mãos uma publicação para divulgação, precisamente a última edição desta revista, Julho de 2008, por apresentar um trabalho especial sobre a geologia do Açores.
Trata-se de um suplemento desdobrável entitulado "Geomonumentos dos Açores, descodificar e proteger a paisagem", onde são apresentadas e explicadas, de uma forma simples, várias estruturas geológicas que se podem encontrar nas várias ilhas deste arquipélago.
O folheto não é exaustivo, mas apresenta uma selecção significativa destes Geomonumentos, mostra a geodiversidade desta região de uma forma interessante e o enquadramento geotectónico dos Açores a nível planetário.

O destacável vai mais além dos geomonumentos. Procura caracterizar os vários tipos de erupções que formaram os Açores e o próprio aparecimento destas ilhas no contexto de "deriva" dos continentes.
Apresentando ainda publicamente, julgo que em primeira mão, a nova rede de áreas protegidas dos Açores, que neste momento já se encontra em aprovação no Parlamento da Região Autónoma dos Açores.
A aquisição desta edição com este suplemento é mais uma oportunidade de todos os interessados, no ambiente, na vulcanologia e na geologia dos Açores, conhecerem um pouco mais destas ilhas, bem como alguns modelos explicativos sobre a sua génese e enquadramento tectónico do arquipélago.

sábado, 12 de julho de 2008

CAVIDADES VULCÂNICAS DOS AÇORES

Após o lançamento de cartões postais conjuntamento pelo Gespea, Os Montanheiros e Amigos dos Açores, com o patrocínio da Secretaria Regional do Ambiente e do Mar, aqui divulgados, eis que a mesma equipa lança agora um guia, bilingue (português e inglês), entitulado "Cavidades Vulcânicas dos Açores" e com grande qualidade estética e informativa.

Como o próprio guia informa: "Cavidades Vulcânicas dos Açores" é uma viagem ilustrada pelo espectacular património vulcanoespeleológico deste arquipélago, dando a conhecer a geodiversidade e biodiversidade escondidas no seu mundo subterrâneo.

Efectivamente, este guia, de 48 páginas a negro, com excelentes fotografias, bons esquemas interpretativos sobre a génese destas estruturas, desenhos da fauna cavernícola, cartas de localização de grutas e um texto de divulgação científica apelativo e didático, é, simultaneamente, um excelente documento técnico e um óptimo folheto de promoção.
Uma aposta bem conseguida na publicitação da vulcanoespeleogia e do seu potencial turístico.


Segundo informação de um membro do Gespea, o guia estará disponível nas grutas abertas ao público e com infraestruturas adequadas para o acolhimento do visitante.

Obter este guia é mais um motivo para visitar este belo património geológico nos Açores, onde saliento, pelas condições de acessibilidade e beleza: a grutas das Torres, no Pico; a Furna do Enxofre, na Graciosa; o Algar do Carvão, na Terceira; e a gruta do Carvão, em São Miguel. Todas convenientemente apresentadas no guia, embora haja mais cavidades nestas e noutras ilhas dos Açores.

quinta-feira, 10 de julho de 2008

LULA PENA NO TEATRO FAIALENSE

Nos últimos anos, o Cineclube da Horta tem marcado posição na dinamização cultural na ilha do Faial, através da organização ou apoio de vários tipos de eventos além da área do cinema... diversificando assim as suas iniciativas e apostando na divulgação de formas de expressão artística de qualidade e, frequentemente, ainda não muito conhecidas do público em geral.

Assim, com organização da Câmara Municipal da Horta e apoio do Cineclube da Horta, no próximo Domingo, dia 13, pelas 21h30, no Teatro Faialense, ocorre mais um espectáculo na área da música portuguesa com as características a que esta dupla organizativa nos vai habituando.

»» UMA ESPÉCIE DE FADO…
Por cá nunca se ouviu uma coisa assim, ao vivo.

Veja e ouça aqui Lula Pena

Para mais informações, sobre o programa consulte o site do Cineclube da Horta.
Bilhetes já à venda no Teatro Faialense.

quarta-feira, 9 de julho de 2008

9 de JULHO DE 1998 - 10 ANOS APÓS OS TERRAMOTO

9 de Julho de 1998, 5h 19 da manhã, um sismo de magnitude 5.8 graus na escala de Richter, a nordeste do Faial, atinge a Ribeirinha, a freguesia mais próxima do epicentro. Vinte segundos que mudaram para sempre esta comunidade... faz hoje, precisamente, 10 anos.


As duas localidades que compõem a freguesia, Ribeirinha e Espalhafatos, são destruídas praticamente na sua totalidade, numa fúria de intensidade VIII-IX na escala de Mercalli. O primeiro levantamento dos estragos, informaram-me os serviços oficiais, dava um grau de destruição de 114% (?). Pedem-me que detecte o erro como autarca conhecedor do terreno. Não havia!... O inventário projecta os danos das moradias habitadas contra o censo habitacional, não contabiliza possíveis lacunas neste último, nomeadamente casas não convenientemente legalizadas... Legais ou não, todas foram danificadas!


As ruas pareciam ter resultado de um bombardeamento, as imagens eram de um filme de guerra e o sentimento tornava qualquer filme de terror numa brincadeira. A compreensão da realidade levou algum tempo a ser digerida, bem como a capacidade de reacção imediata.


Cinco mortos na freguesia, 9 na ilha e centenas de feridos. Nunca foi contabilizada a dor, o receio, as lágrimas ou aqueles que pelas dificuldades em que ficaram, pelas más condições individuais posteriores, pelas raízes abaladas... calma e esquecidamente se libertaram das amarguras da vida e, doridos, mais rapidamente abraçaram a morte e nos deixaram saudades e sofrimentos que nunca mais se apagam...

As imagens correram o mundo, o país solidarizou-se, as altas individualidades visitaram-nos, os abrigos provisórios foram montados, os géneros alimentícios e os vestuários chegaram, a reconstrução projectou-se, as obras começaram e as casas concluíram-se; mas a Ribeirinha, os Espalhafatos, o Faial e nós - os designados por sinistrados - nunca mais ficámos iguais.

Esquecida a ciência, sentimos a terra revoltar-se e estrebuchar contra nós. Mas fizemos as pazes com o chão, abriu-se um período de tréguas e as flores continuaram a desabrochar, a dizer-nos para ter esperança, levantarmo-nos das ruínas, arregaçarmos as mangas, abraçarmos as nossas causas e construir um mundo melhor... e assim se tem feito!

Aos que de algum modo nos ajudaram a levantar e a ir em frente - foram mesmo muitos - a maioria anónimos, outros não: como bombeiros, militares, assistentes sociais, voluntários que vieram até nós, etc. fica aqui o OBRIGADO!
No amor fraterno sente-se e vê-se a presença de Deus, a quem dou Graças pela companhia prestada na caminhada.

Todas as fotos deste post foram disponibilizadas amavelmente em formato de papel por Conceição Quaresma, proprietária das imagens e detentora do maior levantamento fotográfico privado dos danos do sismo de 9 de Julho de 1998 na localidade de Ribeirinha. Estas e outras encontram-se disponíveis no museu etnográfico e de artesanato aberto ao público nesta freguesia e com muitas outras memórias desta terra. (clique nas imagens se pretender a respectiva ampliação)

domingo, 6 de julho de 2008

NOVAMENTE EM SAÍDA

Tenho de reconhecer que 2008 tem sido relativamente calmo em viagens, uma vez por mês está bem abaixo da média dos últimos anos. Nos próximos dois dias lá deverei andar pela designada ilha do Arcanjo, ou seja, a ilha de São Miguel.
Não costumo referir os temas das deslocações em trabalho, na generalidade manterei esse comportamento aqui, mas dado que esta viagem, em parte está relacionada com um processo que acompanho há vários anos que, possivelmente no futuro, poderá originar uma série de posts neste blog, cá vai um dos motivos da saída: a GEOTERMIA. Um dos potenciais recursos que o vulcanismo concedeu aos Açores e, nos tempos que correm, sem dúvida um sinal de esperança para autonomia energética destas ilhas.

Continuarei a aceder a internet, a ver os vossos comentários e o próximo post, como não poderia deixar de ser, está feito e pronto para publicação na data aprazada, mas dificilmente terei tempo para martelar neste espaço.

sexta-feira, 4 de julho de 2008

NOS 175 ANOS DA CIDADE DA HORTA

A Horta foi fundada no século XV, pelo primeiros povoadores do Faial, com origem essencialmente portuguesa e flamenga, sendo o primeiro donatário da ilha Joss van Hurtere, de onde parece ter derivado o nome da povoação.


A Horta faz hoje 175 anos como cidade, um burgo de beleza estonteante, cujo o tempo apenas a tem tornado mais bela.

A Horta não tem plena consciência do seu deslumbramento, nem dos seus atributos e, por isso, a sua beleza apresenta-se singela, sem investimentos que salientem os seus dotes. Não possui qualquer maquilhagem ou subterfúgio que valorize as suas formas.

A Horta, alegre e jovial, acolhe com simpatia todos os que dela se abeiram e ficam a contemplá-la do porto, sedentos por uma bebida no Peter e por uma conversa nas esplanadas, enquanto se maravilham com a vista para o Pico.

A Horta conhece o mundo como poucas pequenas terras, com ternura ouve as gentes de todos os continentes que cruzam os oceanos: delira com as façanhas dos marinheiros, escuta os relatos dos navegadores, solidariza-se com as labutas dos pescadores, amedronta-se com os combates dos velejadores e sofre com o choro das baleias.

A Horta diverte-se no mar como ninguém, banha-se em águas mornas e calmas da mágica enseada do Porto Pim, embeleza a sua baía com as velas do Clube Naval, escapa-se com frequência nos cruzeiros ao Pico, mergulha livremente nas águas transparentes da sua costa, observa os cetáceos que a cercam, pesca as dádivas do oceano, saboreia o sal no ar e delicia-se com um marisco numa esplanada ou com a frescura do peixe.

Debruçada sobre o mar, a Horta está sempre em diálogo com o Pico, que ora se esconde atrás de neblinas húmidas, umas vezes quentes e tropicais, outras geladas e polares, ora se despe de preconceitos e expõe toda a beleza do seu corpo à cidade. Disparam então piropos bairristas como todos os pares que nem consciência têm de quanto dependem um do outro.

A verdade é que com o tempo esta paixão pela Horta se intensifica e cada vez mais me aventuro na descoberta de pormenores mais íntimos da cidade: uma água-furtada que espreita estranhamente de um telhado, o ferro-forjado de uma varanda abafado pelas flores, uma pedra esculpida numa fachada, uma rua que se abre ao Pico ou um mastro na marina que se agiganta sobre as casas.

Cercada de montes verdes e de azul do mar, cujo DOP investiga com reconhecimento ao nível mundial, a Horta ostenta umas vezes festejos populares, outras vezes investe em eventos de maior elitismo e diversidade de estilos, mas como qualquer burgo aberto ao mundo, tudo aceita, e por isso não admira que seja conhecida como a mais pequena grande cidade do mundo. PARABÉNS!


Para conhecer o programa comemorativo dos 175 anos de elevação da Horta a Cidade, a mais ocidental da Europa, consulte a página da Câmara Municipal.

Clique nas imagens se pretender ampliá-las.

terça-feira, 1 de julho de 2008

1ST JULY - CANADA DAY: Happy birthday Canada

O dia 1 de Julho de 1867 correspondeu ao da independência do Canadá, um país então composto por quatro províncias: Ontario, Québec, New Brunswick e Nova Scotia, além de duas línguas oficiais: o Inglês e o Francês.
Apesar das dificuldades da coexistência de duas culturas baseadas em línguas diferentes, o modelo atraíu os territórios vizinhos a norte dos Estados Unidos. Assim, a partir de 1870 pediram para integrar este país as colónias ou territórios britânicos: Prince Edward Island, Manitoba, British Columbia, Yukon, Northwest Territories (de onde se desanexaram as províncias de Alberta e Saskatchewan) e Newfoundland and Labrador, está última já em 1949, tornando o Canada no segundo país mais extenso do planeta.

Apesar das suas condições climatéricas extremas, predominando o frio a norte, as grandes amplitudes térmicas entre o Verão e Inverno nas planícies do interior e a precipitação abundante nas regiões oceânicas e um pouco menos na dos grandes lagos; o Canada prosperou, económica e culturalmente, ocupando nas últimas décadas o pódio do indíce de desenvolvimento humano. Ainda é famoso pela sua boa educação associada à tolerância étnica, cultural, religiosa e vida privada.

Muitas vezes considerado por europeus como uma extensão mais setentrional da cultura norte americana e, por estes, como uma frente da cultura britânica ou francesa, o Canadá criou um estilo cultural muito próprio, assumidamente multicultural, por integrar a influência britânica, francesa, norte americana, nativa e dos vários povos imigrantes.

Como todos os países, o Canada tem problemas intrínsecos, um muito intenso: o choque das duas culturas dominantes. Para muitos expresso na bandeira, onde se vê o esboço de duas cabeças em litígio permanente, o Jack e o Jacques... com algum esforço e imaginação consegue visualizar as duas cabeças narigudas a "marrarem"?




Apesar de tudo e do hino nacional "Oh Canada", ouvir vídeo, também ter letras tão díspares nas versões inglesa e francês, os símbolos nacionais estão muito enraizados na maioria das comunidades canadianas e vão muito além de meros símbolos desportivos, por isso, nesta data, desculpem-me este intervalo na minha portugalidade genética para dizer: Happy Birthday Canada... as your son, I'm proud to be Canadian.