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quarta-feira, 29 de abril de 2009

MAIS FILÕES E COOPERAÇÕES

A continuar com as cooperações, cá vão mais duas fotos de Carlos Campos, enviadas por correio electrónico e que retratam dois aspectos resultantes da erosão diferencial sobre um filão lávico de aspecto basáltico. Parecem-se ser ângulos diferentes do mesmo filão, mas como não conheço o local, nem tenho outras informações, ficam aqui apenas as imagens e algumas notas.

O filão "desnudado" das rochas encaixantes devido à maior resistência daquele à erosão marinha

Os filões vulcânicos são, por norma, constituídos de material consolidado muito coeso, enquanto as escoadas lávicas sobrepostas, frequentemente, apresentam uma estratificação horizontal com uma alternância de camadas escoriáceas desagregadas com outras maciças, tal como evidenciado neste post e a diferença de resistência ainda é maior se o encaixante for todo ele constituído de materiais desagregados.
Assim, a acção do mar e da gravidade tende a erodir mais rapidamente o empilhamento de lavas poucos espessas do que um filão inclinado e mais resistente de cima a baixo. Por isso podem forma-se este tipo de "molhes" ou "pontões naturais" a entrar pelo oceano em resultado da erosão diferencial.

O filão neste local da arriba costeira tem o efeito de muro de protecção contra a erosão

Quando acção do mar não é igual para ambos os lados do filão, devido às ondas mais energéticas terem uma direcção preferencial, outra especificidade local ou o filão não ser pertendicular à linha de costa, este pode mesmo servir de barreira ao próprio recuo da arriba, comportando-se como se fosse um muro de protecção natural dessa mesma arriba.

segunda-feira, 27 de abril de 2009

O PEQUENO GRANDE PICO

O coração da vila de São Roque do Pico, o Cais do Pico, é o único centro das sedes de municípios das ilhas do Triângulo onde a imponência da Montanha do Pico se esconde na paisagem.

Todavia, este cone vulcânico torna-se visível nalguns locais desta vila e parece mesmo espreitar por detrás da vertente norte da ilha. Mas aqui, o imponente e longínquo alto Pico surge pequenino, quando comparado com as próximas "grandes" araucárias de São Roque do Pico.
Mesmo assim, a beleza do ponto mais alto de Portugal e da paisagem envolvente permanece...

sábado, 25 de abril de 2009

AO ESPÍRITO DO 25 DE ABRIL


Abril...
Revolução de sonhos de onde brotaram cravos.
Cravos que murcham...
Cravos que ainda resistem!
Cravos que morrem...
Cravos que ainda lutam!
Cravos que secam...
Cravos que ainda florescem!
Cravos... cada vez mais escassos.
Cravos... cada vez mais dispersos.
Cravos... cada vez mais abafados.
Cravos torturados por esta ganância.
Ganância que, democraticamente,
tolhe a liberdade
e deixa mais Cravos:
exangues...
sem alma...
sem Vida...

ATÉ QUANDO?

quinta-feira, 23 de abril de 2009

DIA MUNDIAL DO LIVRO - Livros do ano

Para celebrar o dia mundial do livro, uma espécie de aniversário destes meus companheiros diários desde que aprendi a ler ou até talvez um pouco antes, porque as imagens também se lêem nos livros, decidi falar das obras lidas que mais me marcaram no último ano, considerando três campos distintos: a literatura portuguesa, a literatura canadiana e a divulgação científica.

Imagem daqui
Na literatura nacional estive indeciso na escolha, dois escritores marcaram-me fortemente neste período: José Luís Peixoto e Gonçalo M Tavares. Optei por "Jerusalém", sem dúvida um romance negro... negríssimo, forte... fortíssimo, tão absurdo ou mais que uma história de Kafka, uma série de personagens neuróticas que se cruzam em situações vertiginosas, que desembocam num desenlace que, embora previsível, é uma surpresa. É um retrato da nossa época actual com todos as suas incoerências. Um livro com potencial de tornar-se um marco da literatura contemporânea e uma das referências do que de bom se faz actualmente no domínio da escrita em Portugal. (No Brasil, editado pela Companhia das Letras)

Imagem daqui
A foto menor esconde a maior obra que li e já completou de duas décadas de existência. Três romances que se ligam através de algumas personagens comuns em três universos diferentes e que formam "The Cornish Trilogy", um conjunto que mostra porque Robertson Davies foi um dos maiores vultos da literatura do Canadá do século XX. "The Rebel Angels" uma tertúlia de académicos testamenteiros de um talentoso e rico benfeitor das artes (F. Cornish) discutem os assuntos mais profundos do saber, perturbados por uma jovem assistente universitária inteligente e por um ex-colega tão genial como demoníaco. "What's bred in the bone" a biografia de F. Cornish, um sábio e génio da pintura antiga, cujo principal trabalho foi uma original falsificação. "The Lyre of Orpheus" o primeiro patrocínio do legado do génio é a conclusão/composição de uma ópera incompletíssima de Hoffmann por uma compositora em início de carreira, um mundo que funde letras, música, representação e encenação. Três livros de um homem de saber enciclopédico e com uma escrita quase Queirosiana. (Desconheço tradução em Portugal, no Brasil o primeiro volume está editado pela Ediouro como "Os Anjos Rebeldes").

Imagem daqui
Mais que divulgação científica, é um alerta para os riscos que a civilização enfrenta, tendo em conta os sinais cada vez mais evidentes da concretização das alterações climáticas. Algumas soluções para salvar a humanidade podem passar por aquelas que foram mais veementemente rejeitadas nos últimos tempos e outras são de uma tecnologia que, embora pareça ficção científica, já se encontra disponível. Um livro perturbador, polémico e, nalgumas propostas, talvez mesmo tendencioso. Editados em Portugal (Gradiva) e Brasil (Intrinseca) sob o título (A vingança de Gaia)

quarta-feira, 22 de abril de 2009

DIA MUNDIAL DA TERRA

Em 22 de Abril de 1970 o Senador Gaylord Nelson dos EUA promoveu um protesto contra a poluição e desde 1990 que no aniversário desta data se comemora o Dia Mundial da Terra.

A Biosfera. As zonas de vermelho a verde têm produtividade máxima do fitoplancton que suporta a vida nos oceanos, o violeta são desertos marinhos (imagem daqui)

A Biosfera, termo criado pelo Geólogo Austríaco Eduard Suess, evidencia que a vida está limitada a uma camada muito fina da atmosfera inferior, da litosfera superior e à hidrosfera que se situa entre aquela duas...

Hipótese de Gaia - Gaia, a deusa da Terra - é uma teoria recente do cientista e ambientalista James Lovelock que refere que a biosfera, nas suas relações com a atmosfera, hidrosfera e mesmo litosfera, se comporta como um ser vivo que se adapta ao meio envolvente ou adoece, tem "febres" e outros sintomas, como reacção para eliminar o agente patogénico, tal como o nosso corpo se adapta ou tende a destruir os micróbios que nos atacam.

Nesta teoria, o homem, como agressor de Gaia, é presentemente o agente a destruir e o aquecimento global, a febre da Terra, deverá criar a expansão dos desertos marinhos e a alteração de todo o regime climático do planeta, cujo principal efeito é a provável eliminação do seu maior culpado: o Homo sapiens...

A Terra é a nossa casa, onde nos abrigamos, mas também será a nossa destruição se a não soubermos preservar.

Para saber um pouco mais sobre a Teoria ou Hipótese de Gaia
Ver aqui ou ler os vários livros de James Lovelock "As Eras de Gaia" ou a "A Vingança de Gaia" entre outros

segunda-feira, 20 de abril de 2009

FAJÃ DA CALDEIRA DE SANTO CRISTO ATÉ AOS CUBRES

Tomada a decisão de prosseguir em frente, pouco tempo depois surge em frente o primeiro ponto a convidar para uma paragem de repouso e beber uma água fresca (ou outros líquidos): a Fajã da Caldeira de Santo Cristo. (clique nas fotos para as ampliar)

Poucas vezes fui a esta fajã, devido à distância e à inacessibilidade automóvel, mas o esforço compensa sempre e quando lá chego não há cansaço que me detenha na exploração deste ex-libris de São Jorge.

Palavras para quê, as imagens dizem tudo!




Terminado o período de repouso, por motivos óbvios não aproveitado, começou a caminhada para a fajã do Cubres, o acesso automóvel mais próximo e onde o apoio logístico, devidamente informado da alteração, nos deveria ir buscar...

Meta à vista quando as pernas começaram a alertar que todo o esforço tem um limite físico... mesmo que o prazer diga o contrário, a partir de então é a entrada na realidade e as obrigações não permitem planos alternativos...

sábado, 18 de abril de 2009

RECONHECIMENTO DA CALDEIRA DE CIMA

A deslocação a São Jorge, entre reuniões de trabalho, implicou um reconhecimento de campo, em equipa, de um vale entre a Serra do Topo e a Caldeira de Cima. Assim, após se sair da viatura, começou a descida com origem no local da foto acima e, dado o bom tempo, a promessa de paisagens idílicas concretizou-se. (clique nas fotos para as ampliar)

Logo quase no início a floresta natural de laurissilva dos Açores, com um solo detentor de uma cobertura vegetal húmida de Sphagnum sp., permitiu descobrir uma paleta de cores difícil de transmitir em foto... mesmo assim, é visível a grande diversidade de cor e beleza.
A geologia não esteve ausente da visita. Depois de se falar em filões no anterior post, eis que aqui vários outros se destacam na paisagem, também em resultado da erosão diferencial, e ficaram de tal forma salientes do solo que até permanecem visíveis acima das copas das árvores das extensas e densas manchas de floresta natural que cobrem as vertentes do vale.

Após algum tempo de viagem, finalmente, lá em baixo, ainda muito distante, surge a nossa meta: a Caldeira de Cima. Uns escassos telhados escuros, pastagens verde-vivo, recortadas de muros e situadas em terrenos pouco inclinados. Nota: a toponímia do local nada tem a ver com o significado geológico de "caldeira".

Perdido na paisagem, no fundo do vale e longe da civilização, ainda subsistem algumas casas dispersas, minimamente conservadas e habitáveis, entre outras já em grande estado de degradação que marcam o antigo e pequeno povoado a Caldeira de Cima. Várias têm aproveitamento turístico, para quem gosta de uma experiência diferente, longe da modernidade e ser envolvido de pura beleza natural.

Reconhecimento concluído num cenário de sonho, surge então a realidade, um verdadeiro pesadelo, uma tortura não desejada: a volta à origem, um local situada mesmo lá no fundo da foto, no cimo mais alto do vale...

Numa espécie de conselho de crise brota uma conclusão unânime: para a frente há outra saída, um percurso muito mais suave e que todos sabem ser de beleza máxima. Assim basta alterar os planos, pôr a logística a par da nova decisão e o deslumbre prossegue para o próximo post...

quinta-feira, 16 de abril de 2009

FILÕES E EROSÃO DIFERENCIAL

O magma que alimenta os vulcões quando ascende da profundidade fá-lo sobre pressão, pelo que se existir nas paredes da chaminé vulcânica alguma fissura, o líquido viscoso tenderá a forçar e a penetrar nessas fracturas, alargando-as e preenchendo-as com o material vindo do interior da terra, depois de arrefecido, este transforma-se numa estrutura rochosa designada por filão, frequentemente de cor e orientação diferente das rochas envolventes, denominadas por encaixantes.
Filão de cor clara subvertical (indicado pelas setas a vermelho) bem evidente perante o encaixante escuro pouco inclinado (foto de Solange Cabeças)

No espírito de cooperação entretanto surgido entre vários frequentadores deste blog, hoje apresento acima uma fotografia efectuada por uma geóloga e colega de trabalho, que mostra um filão na ilha de São Miguel, que ficou descoberto com a retirada do solo e da vegetação para a abertura de um caminho.
Filão de basalto (s.l.) no Costado da Nau, ilha do Faial, saliente na paisagem por ser mais resistente à erosão que o encaixante, tufo vulcânico.

Quando à superfície os agentes de geodinâmica externa (vento, chuva, variações de temperatura e os próprios seres vivos) agridem as rochas, nem todas estas apresentam a mesma resistência à erosão e então dá-se a erosão diferencial. Se um filão for mais resistente que o encaixante, então fica saliente na paisagem e desnudado das rochas que o envolviam.

quarta-feira, 15 de abril de 2009

A CAMINHO DA ILHA DE SÃO JORGE

Vila das Velas em São Jorge

Motivos profissionais levam-me desta vez à ilha de São Jorge, aquela que para mim é uma segunda terra nos Açores. Espere continuar a passar aqui pelo blog e manter actualizações, durante a minha ausência, mas a atenção dada durante a minha ausência a este espaço deve ser inferior ao habitual.

Fajã da Caldeira de Santo Cristo na costa norte de São Jorge

Qualquer forma, cá fica uma imagem de áreas por onde deverei andar em algumas operações de reconhecimento de terreno, há mesmo muitas vantagens em viver em ilhas tão belas...

domingo, 12 de abril de 2009

CONCERTO SINFÓNICO DE PÁSCOA e HORTA CAMERATA

Uma selecção de bons músicos; um director artístico com sensibilidade, cultura e gosto musical; um bom programa; um espaço com óptima acústica e têm-se um excelente concerto... e foi isso que aconteceu na tarde da Vigília Pascal, na Igreja de São Francisco, na Horta.
A Horta Camerata tocou e voltou a encantar o público que enchia plenamente este templo, em abandono e degradação acelerada.
A Horta Camerata não é uma simples orquestra. É uma selecção feita por Kurt Spanier de bons músicos açorianos, frequentemente jovens, formados nos conservatórios destas ilha e muitas vezes a exercer actividade musical noutras partes do país; mais alguns outros músicos convidados, a quem lhe foi reconhecida qualidade, que vieram para os Açores, se encontram noutras partes de Portugal ou mesmo na Europa. Todos têm de ter capacidade de se integrarem facilmente numa orquestra e em pouco tempo produzir grande música para determinados momentos importantes, como o Natal ou a Páscoa, e deste modo chegam à Horta magníficos concertos.
Quando a Horta Camerata toca, consegue-nos transportar ao tipo de concertos que ocorrem, frequentemente, nos grandes centros musicais da Europa, realizados por bons músicos e com amor à música, muitas vezes profissionais, outras não.

Kurt Spanier nunca se inibe de procurar valores locais para tocarem como solitas perante açorianos que muitas vezes nem sabem dos valores que estas ilhas são capazes de produzir.
Este concerto não foi excepção, Kurt Spanier convidou Paulo Borges, um trompetista e professor de música terceirense, como solista do Concerto para Trompete de Haydn e mostrou mais uma vez a qualidade dos músicos que selecciona.

Kurt Spanier sabe que trazer valores externos credibiliza o projecto e este lança raízes dentro e fora de portas, bem como possibilita a divulgação dos eventos em publicações da especialidade, uma nova forma de dar a conhecer o Faial lá fora. Assim, frequentemente, alguém com créditos firmados vem de longe dar o seu contributo à música tocada nestes concertos. Desta vez o convite foi para a Soprano Mariana Leka, da Ópera de Tirana, que mostrou exactamente a sua mestria e a capacidade da Horta Camerata em acompanhar pessoas de elevado nível.

Assim, não admira que as duas horas tenham sido curtas para os presentes, que o "encore" - o Intermezzo da Cavalleria Rusticana - tenha levado ao público, de pé, a aplaudir a Horta Camerata, os solistas e Kurt Spanier ao longo de vários minutos...
Kurt Spanier, é um tenor austríaco que depois de ter desenvolvido parte da sua vida artística em Madrid, encontrou no Faial um local para repousar do trabalho, deliciar-se a ver o mar, respirar ar puro e mostrar que é possível trazer música de qualidade a uma pequena ilha em pleno Atlântico, onde desperta paixões pela Grande Música.

sábado, 11 de abril de 2009

PÁSCOA - a festa da vida...

Sem dúvida a Páscoa, uma festividade de passagem à vida e à liberdade, é uma das celebrações religiosas mais difíceis de compreender por quem não tem uma vivência de fé... mas, no fundo, é um hino à vida e à vontade de viver.
Toda a simbologia da Páscoa está relacionada com a explosão de vida e o recomeço desta: A Ressurreição literalmente voltar à vida. O coelho que em liberdade possui uma elevada taxa de reprodutividade. O ovo é princípio de vida, este volta a ser estilizado nas amêndoas, com a mesma forma ou colocados nos folares como num ninho.
Efectivamente, na Páscoa tudo aponta para a vida e a libertação... a sua data móvel é sempre no Domingo após a primeira Lua Cheia da Primavera, novamente a fusão da estação onde a vida desponta e o ciclo lunar que agricultores dizem ser o mais propício ao crescimento da vida vegetal.... VIDA... sempre VIDA!
É verdade que alguns ficam amarrados à cena prévia da paixão... mas esta só aumenta o contraste e valoriza a ideia de CRISTO VIVO e LIBERTO DA MORTE!

Crente ou não crente, a todos desejo que a Festa da Vida e da Libertação, que Páscoa celebra, seja um momento de alegria e felicidade... BOA PÁSCOA!

quinta-feira, 9 de abril de 2009

QUINTA-FEIRA SANTA, com el Greco

Embora não seja um perito em pintura, sou um admirador desta arte e passo horas em museus a deliciar-me com obras-primas, desde de um passado mais ou menos longínquo até às contemporâneas. Em Praga fui surpreendido pela imagem de Cristo Chorando, pintado por El Greco. Não conhecia o quadro, mas... surpreendido, ali fiquei perdido num turbilhão de sentimentos que aquela expressão desencadeava em mim e as reflexões que depois se juntavam.

Praga, Galerias Nacionais- Palácio de Sternberg

Não sendo um quadro a representar um dia específico da vida de Cristo, nunca o consegui retirar do momento de solidão, tristeza e sofrimento descrito para a Sua oração no Jardim das Oliveiras - entre a Última Ceia de Quinta-Feira Santa e a morte na Sexta-feira da Paixão. Um Cristo que velava, enquanto aqueles que se diziam seus discípulos dormiam e o mundo planeava atacar mais uma vítima inocente. Cena relatada no passado, mas um retrato tão comum nesta época... tudo isto vi neste rosto de lágrimas contidas, mas a chorar... pintado por El Greco.

segunda-feira, 6 de abril de 2009

CONCERTO SINFÓNICO DE PÁSCOA

Aproveito este meio e igualmente atender ao pedido do Pelouro da Cultura da Câmara Municipal da Horta e do Director Artístico do Concerto para divulgar o Concerto de Páscoa 2009.
Um concerto constituído apenas por obras de grandes compositores do período clássico, no espaço com excelentes condições acústicas do interior da igreja de São Francisco na Horta.
O conhecimento musical e a experiência do tenor Kurt Spanier oferece-nos garantias no cuidado com a qualidade de preparação do concerto e permite convidar para esta terra músicos de valor reconhecido.

Uma oportunidade ainda para mais uma vez visitar este templo, monumento nacional, encerrado, sub-aproveitado e a necessitar de reparações urgentes. O qual ao não estar a ser utilizado para o culto religioso, ao menos seria um magnífico espaço para eventos culturais nesta ilha, sobretudo os que tem a protecção de Santa Cecília.

sexta-feira, 3 de abril de 2009

A OUTRA MARGEM DO CANAL

Duas margens... um só canal.
Dois portos... uma só via.
Duas ilhas... uma só terra.
Dois burgos... um só povo.

Cidade da Horta, ilha do Faial, vista do Canal (clique para ampliar)

Tanta água que as separa.
Tanto mar que as junta.
Tanto bairrismo que as divide.
Tantos genes que as unem.

Vila da Madalena, ilha do Pico, vista do Canal (clique para aumentar)

Faces duma só moeda,
Cotada de imensurável beleza.
Despidas de verso
Só se olham de frente.

quinta-feira, 2 de abril de 2009

MORRO DAS CAPELAS

No post de 9 de Março último "Erupções surtsianas pré-povoamento dos Açores" listei quase todos os edifícios vulcânicos açorianos deste tipo existentes nas várias ilhas do arquipélago e formados antes dos lusitanos para cá virem habitar, tendo então referido que tinha conhecimento de que o Morro das Capelas pertencia a este conjunto, mas que não tinha qualquer foto do mesmo.
O Morro das Capelas (Foto: Cláudio Almeida)

O bloguer Cláudio Almeida imediatamente se disponibilizou a recolher algumas imagens da referida estrutura, as quais foram-me enviadas esta semana e confirmam que se está perante um edifício vulcânico formado a partir de uma erupção submarina do tipo surtsiano.
Pormenor do tufo vulcânico do Morro das Capelas (Foto: Cláudio Almeida)

Assim, embora na forma do morro já não seja muito evidente o aspecto de cone vulcânico, ao olhar-se em pormenor as rochas que o formam, logo se verifica que a sua estrutura finamente estratificada e a cor típica da cinza vulcânica de uma erupção submarina, devido à formação de um mineral chamado palagonite é característica de uma erupção submarina surtsiana.
Estratificação e cor comum deste tipo de tufo nos Açores, por vezes designado por hialopiroclastito (Foto: Cláudio Almeida)

Igualmente esta estratificação cruzada em várias direcções e alinhamentos que os interceptam são visíveis nas fotografias do Costado da Nau no Faial e do Morro Grande em São Jorge e cujos grãos já se cimentaram devido ao longo do tempo em que estas rochas de formaram.
Assim, embora pareça muito diferente, o morro das Capelas teve uma origem semelhante à do vulcão dos Capelinhos com um estilo eruptivo muito bem ilustrado no vídeo da erupção submarina de Toba.

Ao Cláudio Almeida fica aqui o meu obrigado pela colaboração prestada ao blog Geocrusoe. Este continua aberto a outras colaborações, que entretanto já comecei a receber e tenham cabimento com o estilo deste espaço da blogosfera açoriana: ciências da terra, cultura e divulgação das nossas ilhas.

quarta-feira, 1 de abril de 2009

FOTO DE FALHAS NORMAIS

Além dos vários posts publicados sobre as principais falhas geológicas do Faial com expressão no relevo da ilha, tinha também mostrado aqui um corte geológico numa frente de exploração de escórias vulcânicas no Pico onde a fractura das falhas e o movimento entre os dois blocos separados era muito evidente.

Foto de Carlos Campos realizada na ilha de São Miguel (clique para ampliar).

Agora um colega de trabalho forneceu-me um exemplo muito didáctico de duas falhas geológicas normais, observadas num corte geológico em material de composição pomítica (do tipo das pedra-pomes).
As duas fracturas, que ao serem geradas causam sismo e onde ocorrem deslizamentos ao longo dos tremores-de-terra, formaram-se num mesmo campo de forças e os seus movimentos combinam-se como resposta conjunta aos esforços que as rochas em causa sofrem e por isso se chamam falhas conjugadas, normalmente fazem um ângulo agudo entre si.
Pode-se igualmente verificar que do movimento destas falhas conjugadas, o bloco entre elas subiu, quer em relação à esquerda quer do que está à direita das falhas, formando uma estrutura mais elevada designada por Horst, quando estrutura entre as falhas abate, designa-se por Graben, que já falei pormenorizamente neste post.