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segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Poetas e poemas oportunos: Sebastião da Gama 1

Imagem daqui com indicação do autor


Meu País Desgraçado

Meu país desgraçado!...
E no entanto há Sol a cada canto
e não há Mar tão lindo noutro lado.
Nem há Céu mais alegre do que o nosso,
nem pássaros, nem águas ...

Meu país desgraçado!...
Por que fatal engano?
Que malévolos crimes
teus direitos de berço violaram?

Meu Povo
de cabeça pendida, mãos caídas,
de olhos sem fé
— busca, dentro de ti, fora de ti, aonde
a causa da miséria se te esconde.

E em nome dos direitos
que te deram a terra, o Sol, o Mar,
fere-a sem dó
com o lume do teu antigo olhar.

Alevanta-te, Povo!
Ah!, visses tu, nos olhos das mulheres,
a calada censura
que te reclama filhos mais robustos!

Povo anêmico e triste,
meu Pedro Sem sem forças, sem haveres!
— olha a censura muda das mulheres!
Vai-te de novo ao Mar!
Reganha tuas barcas, tuas forças
e o direito de amar e fecundar
as que só por Amor te não desprezam!

Sebastião da Gama extraído daqui

5 comentários:

José Quintela Soares disse...

Lembrei-me de Jorge de Sena.

Carlos Faria disse...

@ José Quintela
Jorge de Sena é um excelente e forte poeta, só que descobri este poema e mal conheço o poeta, daí a oportunidade para a divulgação.

Fernando Martins disse...

Caro amigo:

Este poeta foi professor e morreu muito novo de tuberculose...

Fica bem recordá-lo no dia do professor - para a minha mãe, ex-professora, é dos poetas seus favoritos.

O Blog Geopedrados roubou-lhe o poema indicando o autor e o blog donde bebeu a ideia...

Carlos Faria disse...

Obrigado pela informação e já sabe que este blogger é defensor do freeware ;)

Anónimo disse...

ler todo o blog, muito bom