Páginas

sábado, 22 de outubro de 2022

"As duas Águas do Mar" de Francisco José Viegas

Acabei de ler "As duas Águas do Mar" um romance do escritor português Francisco José Viegas, que há mais de três décadas dá vida aos seus investigadores melancólicos da judiciária: Jaime Ramos, a trabalhar no Porto, e o seu colega e amigo Filipe Castanheira, a exercer as suas funções em Ponta Delgada, o que tem permitido uma descrição única das paisagens, vivências e especificidades  da cidade nortenha e das ilhas dos Açores.
Num local ermo na ilha de São Miguel surge o corpo de uma mulher, chamado ao local, Filipe Castanheira vem a saber depois que a autópsia nada prova de violência ou assassinato, apesar do lugar distante para um turista ir mergulhar no mar sozinho. No mesmo dia, em Finisterra na Galiza, Espanha, um homem é assassinado a tiro na praia e Jaime Ramos é convidado a investigar, apesar de ser alguém cujos serviços de informação assumiram o caso e não se tratar de um assunto da judiciária. Todavia os dois colegas amigos em pouco descobrem que Rita e Rui Pedro eram namorados, será coincidência as duas mortes em simultâneo tão separadas no espaço e unidas pelo mar?
Os romances de Francisco José Viegas são classificados como policiais, na realidade, estes narram vivências melancólicas nos Açores e no Porto dos investigadores por criados pelo escritor, conhecemos as respetivas paixões íntimas, a solidão de cada um e o amor de ambos pela gastronomia e confeção de grandes pratos e são estas as vertentes mais intensas dos seus livros. Pelo meio vão-se desenrolando as investigações dos casos policiais que têm entre mãos ou que lhe levantam dúvidas de se serem de facto crimes camuflados de acidentes.
As duas águas do mar é precisamente este género de obra, com descrições das ilhas de São Miguel, Faial e da Galiza cheias de componentes meteorológicas, confeções de pratos cheios de sabores e odores as que se juntam as mágoas interiores dos protagonistas que temperam a obra, até se descobrir que os seus mortos também foram vítimas de criminosos, gente sofrida de amores, solidão e nostalgia, os mesmos sentimentos norteiam a vida de Jaime Ramos e Castanheira.
Gosto muito destes romances cheios de sentimento e descrições únicas das paisagens e vida dos locais por onde a narrativa vai passando. Fácil de ler e recomendo pela sua originalidade e melancolia.

6 comentários:

Pedrita disse...

fiquei curiosa. belíssima capa. beijos, pedrita

Carlos Faria disse...

Sei que o penúltimo livro que ele publicou está editado no Brasil porque o autor deslocou-se aí para a cerimónia de lançamento em São Paulo, não sei qual a editora, embora possa perguntar ao escritor que eu conheço e falo via internet.
O seu último livro "Melancholia" foi lançado há dias em Portugal, o autor foi responsável pela pasta da cultura num governo de Portugal há cerca de uma década atrás, mas já viveu nos Açores e é editor das publicações Quetzal.

Pedrita disse...

ah, vou procurar. obrigada por avisar. acabo de falar de livro no meu blog.

Pedrita disse...

achei o luz de pequim pela editora GRYPHUS. vou ver se tem algum outro.

Pedrita disse...

tem tb pela editora record esse que leu e mais um outro.

Carlos Faria disse...

Também li a Luz de Pequim, entre outros, são todos romances melancólicos com uma história policial pelo meio.