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segunda-feira, 14 de dezembro de 2020

"O rapaz que seguiu Ripley" de Patricia Highsmith

 

Acabei de ler o quarto livro dos romances da americana Patricia Highsmith com a personagem Tom Ripley, um criminoso amoral, simpático e amante de uma vida elegante com luxo e bom gosto artístico: "O rapaz que seguiu Ripley".

O protagonista americano continua a viver numa vivenda nos arredores de Paris com a sua esposa, filha de gente rica, que é tolerante com a suspeita dos seus atos ilegais. Um dia-a-dia de bem-estar na prática musical, a acompanhar os seus investimentos nas galerias e escola de pintura de que é sócio onde se introduziram quadros falsos de um pintor antes assassinado e a apreciar boa comida e convívio social. Nisto cruza-se com um adolescente que ele descobre ser alguém fugido de uma família milionária nos EUA após a morte do pai, rapaz que se sente atraído por Ripley dado o seu passado de suspeito criminoso. Desenvolve-se então uma amizade entre os dois apesar do risco do jovem vir a ser reconhecido das notícias sociais e ser alvo de rapto para resgate, mas Tom descobre-lhe um ato criminoso no adolescente. Na tentativa de o levar até à sua família e distraí-lo, enquanto um detetive o busca eles viajam por Berlim, Hamburgo e serão ainda vítimas de bandidos que obrigam o protagonista aos seus habituais atos geniais de disfarce e crime de modo a salvar o rapaz.

Apesar deste livro ter momentos de tensão, assassinatos e viagens a submundos, neste caso a noite gay de Berlim Ocidental dentro do muro, e a frieza de Ripley, é um romance suave, terno atravessado pela veia protetora do criminoso amoral que chega a ser paternal para com o rapaz. Uma obra de entretenimento mais suave que as anteriores e de menor suspense nas dificuldades que o protagonista atravessa, um carácter que mesmo sendo mau é capaz de gerar simpatias noutros personagens dos seus livros e no leitor. Gostei, manteve-me interessado mas sem a tensão tão elevada como os anteriores, sempre bem escrito e entretém.

4 comentários:

Pedrita disse...

eu gostei dos filmes, inacreditável que não tenha lido nenhum livro. bela capa. fiquei curiosa. beijos, pedrita

Carlos Faria disse...

Nesta série de Ripley, o mais interessante para mim até ao quarto que já li é mesmo o primeiro.
Mas gostei também muito do segundo no início desta vida de luxo em França.
Falta-me o quinto.

Kelly Oliveira Barbosa disse...

Um protagonista desses deve-se dar um nó na mente.

Carlos Faria disse...

Depende, no primeiro volume ele não é um bon-vivant simpático, apenas um oportunista inteligente, amoral e assassino que tem sorte e escapa de ser levado à justiça por falta de provas, nos seguintes torna-se simpático e a autora mostra como a genialidade num ser mau pode ser mesmo muito perigoso atrás da sua simpatia.
Eu gosto muito dos livros de crimes desta escritora e são únicos, tal co Ripley é único.