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quarta-feira, 25 de novembro de 2015

"O Francoatirador paciente" de Arturo Pérez-Reverte


O romance "O francoatirador paciente", de Arturo Pérez-Reverte, é um thriller que ao longo do seu desenrolar passa de Madrid, para Lisboa, Verona, Roma e vai até Nápoles e leva a reflexões sobre a arte urbana e contemporânea através de um mergulho e exploração do mundo dos autores de graffiti, a sua forma de contestar os defeitos da sociedade atual e, inclusive, de denúncia da subjugação da cultura ao dinheiro e à regulamentação oficial.
Este foi o primeiro livro que li deste escritor espanhol que sei possuir uma obra que varia entre romances de maior profundidade em questões contemporâneas e outros mais ligeiros, penso que o presente se situa num campo intermédio.
Uma escrita contemporânea cheia de gírias do meio dos graffiti, mas agradável e correta. Um thriller cujo suspense não esmaga a força das mensagens que o autor vai semeando no texto. Uma obra fácil , mas sem ser ligeira e recheada de reflexões pertinentes sobre o mundo urbano atual. Uma protagonista homossexual mas nada tem de manifesto sobre o tema ou de preconceito. Uma viagem ao submundo de contestação juvenil, dos gangues e de seitas adolescentes, mas sem ser agressivo ou apoiante da delinquência. Uma crítica ao império do dinheiro sem ser uma oposição barata ao sistema e um final inesperado fazem deste romance uma agradável obra de lazer e aprendizagem de uma realidade pouco conhecida que cobre as paredes das nossas cidades ocidentais.
Sem ser uma obra pretensiosa, gostei e recomendo a qualquer leitor e fiquei interessado em continuar a descobrir mais obras de Arturo Pérez-Reverte. 

8 comentários:

Pedrita disse...

fiquei curiosa. mia couto está no brasil para vários eventos. mas acho que não vou conseguir ir. beijos, pedrita

Carlos Faria disse...

Eu pelo menos espero ler mais obras de Pérez-Reverte.
Mia Couto vem com alguma frequência a Portugal, penso que já o vi numa feira do livro em Lisboa, pelo menos vários escritores africanos são assíduos a este evento anual.

Madressilva disse...

Não li nenhuma obra de Pérez-Reverte. Mas Mia Couto é amigo de longa data. Vale a pena ler e reler.

Carlos Faria disse...

Pois de Mia Couto já li muitos livros, é um género bem diferente, quer em ambientes, quer e modo de contar a estoria, mais poético e com umas sombras de tristeza a lutar com a felicidade num mundo difícil.
Este Perez-Reverte é mais terra a terra, mais fácil de aceder ao leitor que não procura textos e estilos rebuscados, mas está cheio de mensagens subliminares muito interessantes, mas não conheço mais nada do autor

Unknown disse...

Adoro Arturo Perez-Reverte, já li vários livros dele, desde a série do "Capitão Alatriste" a outros como por exemplo o excelente "Clube Dumas", "Assédio", "A Tábua de Flandres", "O Pintor de Batalhas", etc..
É um escritor que escreve bem, com rigor nos seus romances históricos, mas ao mesmo tempo de uma forma que cativa os leitores, uma espécie de Bernard Cornwel espanhol, é um autor que eu recomendo a 100%.
Algures no meu blog há de haver umas reviews aos livros da série do Capitão Alatriste, se perder um pouco de tempo a procurar e ler pode ser que ganhe vontade de ler mais dele.

Unknown disse...

Entretanto para lhe poupar tempo, aqui fica:

http://oqueeuleio.blogspot.pt/2008/08/capito-alatriste.html

http://pipasblog.blogspot.pt/2008/07/o-clube-dumas.html

Unknown disse...

Mais um, estes são do fundo do baú ehehe

http://pipasblog.blogspot.pt/2008/05/o-pintor-de-batalhas.html

Unknown disse...

Este teu post passou-me despercebido na altura. Agora que li o livro posso dizer que concordo com tudo o que escreveste sobre o livro.