Acabei de ler o segundo romance da escritora norteamericana Donna Tartt: "O pequeno Amigo" que ficou conhecida, sobretudo, pelo seu terceiro dos três que escreveu e que li há uma década atrás "O Pintassilgo".
Harriet cresceu num ambiente familiar de uma pequena cidade do Mississipi e marcado pelo assassinato de seu irmão Robin, ocorrido quando ela era recém-nascida: uma mãe tornada apática e desinteressada das suas obrigações maternais; um pai que se distanciou para esquecer; várias tias-avós vizinhas que recordam os tempos faustosos o pai delas era importante que e vão olhando pela sobrinha e sua irmã pouco mais velha; e a criada que mantém a higiene e cuida verdadeiramente das meninas. Perto de entrar na adolescência, Harriet começa a interrogar-se o que se terá passado, faz pesquisas com o seu colega de escola Hely, questiona os familiares e vai deduzindo que o assassino saíra de uma família desestruturada que vive em roulotes: são traficantes, ladrões, a avó protege o mais velho e perigoso, outro é escravizado, outro um convertido obsessivo ao cristianismo e ainda um retardado. Harriet começa por delinear um plano para retaliar com a colaboração com Hely e a estratégia evolui para uma situação extrema e só quando é muito tarde ela descobre uma verdade chocante.
Donna Tartt narra sem pressa, todas as personagens são psicologicamente dissecadas ao pormenor, o decorrer da história desenrola-se incluindo as particularidades ínfimas diárias e com comparações do passado faustoso dos Clever, são retratadas todas particularidades de cada família envolvida e dos pensamentos de cada um.
A narrativa, modo de expor as personagens e o ambiente fazem lembrar Faulkner, mas também Mark Twain, este pela importância das crianças como protagonistas, contudo, depois da lentidão de 500 páginas, eis que nas últimas 100 entramos num estilo de suspense e a narrativa que passa a ser extremamente cinematográfica e com a grande tensão de fazer cortar a respiração.
Sem dúvida que se está perante um bom romance, apesar de por vezes cansar a lentidão nunca perde o interesse e ficamos a amar os protagonistas, para depois desembocar num grande final que nos deixa suspensos e a pensar.
2 comentários:
eu tinha gostado muito de pintassilgo, fiquei curiosa com o seu relato. beijos, pedrita
Este foi escrito antes do Pintassilgo, tem menos reviravoltas e é mais sulistas e a fase acelerada é só no último quinto do romance que também é extenso.
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