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sexta-feira, 16 de maio de 2025

"O Jogo Preferido" de Leonard Cohen

 

Decidi ler este livro, que encontrei casualmente na Biblioteca Pública da Horta, por ser um apreciador de muitas das canções do Canadiano Leonard Cohen, que sabia também ter publicado livros de poesia, mas que não o conhecia como ficcionista. 

Em "O jogo preferido" Lawrence Breavman é o filho único de uma família judia rica e influente do bairro favorecido de Montreal: Westmount. Ele, com o seu amigo Krantz, vão descobrindo desde a infância a sexualidade ingénua com amigas comuns e depois, de forma cúmplice, vão amadurecendo as relações com outras jovens até que o seu pai morre precocemente, então, para se libertar do comportamento egocentrista da mãe, opta por uma vida de liberdade, de descoberta da cidade e das mulheres que vai conhecendo e com quem vai vivendo, assim estas vão desfilando na sua vida enquanto começa a desenvolver a sua carreira de poeta. No encadear das suas ligações amorosas em série, numa estadia em Nova Iorque, ele descobre Shell, apaixonam-se e passa a fazer um autoanálise do seu passado, a questionar-se e a procurar o seu caminho que se cruza com uma oferta para um emprego de verão na sua cidade.

Breavman, não sendo exatamente um alter ego de Cohen, tem provavelmente muito da vida do autor, do modo como estabelecia as suas relações amorosas, as transformava em amizades, bem como mostra o estilo de vida da juventude da minoria judia anglófona da cidade de Montreal, esta maioritariamente francófona, em meados do século XX.

Na narrativa, o escritor, ainda sem a projeção da sua carreira que o tornou um ícone do Canadá, coloca, por vezes, o protagonista a observar o seu passado e a descrever a cena como um espetador de si numa película cinematográfica. O texto pontualmente possui uma linguagem mordaz sobre o modo de viver das gentes como Breavman, os judeus e a cidade de Montreal e, muito provavelmente, Cohen.

Além das várias mulheres que defilam neste romance, uma criança que entra  na obra, que se deduz ser um autista a viver numa época em que a diferença era algo pouco aceitável, Cohen, através de Breavman, mostra uma ternura e compreensão que evidenciam o humanismo daquele cantor de ligações amorosas instáveis.

Gostei, embora não me tenha deslumbrado como com muitas das suas canções e poemas.

2 comentários:

Pedrita disse...

não conhecia. beijos, pedrita

Carlos Faria disse...

Também não o conhecia como romancista, embora seja fã das suas canções, também tem livros de poesia