Páginas

sábado, 28 de outubro de 2023

"Cem anos de solidão" de Gabriel Garcia Marquez

 

Citação

"o segredo de uma boa velhice não é mais do que um pacto honrado com a solidão."

Apesar de ser um grande leitor, não sou dado a releituras, que me lembro "Cem Anos de Solidão", do colombiano e prémio Nobel da literatura Gabriel García Marquez, é o terceiro romance que releio, neste caso passados 35 anos de quando o li pela primeira vez e é talvez a obra emblemática deste escritor.

José Arcadio Buendía e sua esposa Úrsula com mais um conjunto de homens e mulheres partem da sua terra em busca do mar e perdem-se na floresta amazónica e criam a sua aldeia Macondo isolada do mundo e apenas visitada por artistas de circo que comunicam os seus saberes mágicos que José Arcadio se deixa aliciar e no qual investe os parcos rendimentos do casal. Começa então a história desta família marcada pela pobreza, magia, solidão e guerra que se estende por 7 gerações de amores, traições, incestos, loucuras, guerras, vitórias, derrotas, sucessos e superstições num mundo em que ocorrem invenções tecnológicas e revoluções políticas e económicas cujos ecos chegam e perturbam progressivamente Macondo e as relações humanas desta terra perdida na floresta entre a realidade, a magia e os espíritos dos mortos.

Numa narrativa que criou o estilo do realismo mágico, o autor encadeia um conjunto de acontecimentos e loucuras a ritmo alucinante onde se conta a vida das várias gerações de Buendías, marcados pela personalidade mais terrena e alquímica dos Arcádios ou mais guerreira e social dos Aurelianos, sempre sujeita à força das mulheres e amantes que a integram ou que com ele se cruzam. Assim, de uma forma indireta, se denunciam as injustiças sociais da América Latina, se fala das revoluções políticas de que o continente foi alvo e de cujos frutos nunca responderam às esperanças revolucionárias e onde a pobreza e superstição apenas permitem uma vida de um povo marcada pela solidão e superstição.

Um romance que é um clássico e uma obra incomparável pela sua originalidade e força, onde o leitor se perde entre gerações com nomes iguais, entre a realidade e a magia, entre a esperança e a desilusão e entre a busca do outro e a solidão. Uma obra que deve ser lida por todos os que amam a literatura ficcionada como arte que combina a narrativa, a criatividade e explora os limites da escrita, enquanto monta um retrato da realidade sem o fotografar. Um excelente livro

3 comentários:

Pedrita disse...

linda a sua edição. eu li uma bem feia, com papel escuro. uma capa nada inspiradora. acho q li de uma biblioteca tem muitos anos. ou emprestado de alguém. nem lembro. é incrível. lembro q demorei pra embarcar pq é uma leitura difícil. sim, eu tenho sempre a sensação de perda de tempo com releituras. sei q não há lógica. mas sempre quero desvendar novos caminhos. beijos, pedrita

Carlos Faria disse...

Não me custou nada a entrar e a prosseguir a leitura, tanto da primeira vez há 35 anos, como agora... na releitura doeu-me mais a solidão das personagens do que então e... apesar de ser uma leitura fantástica, achei-a como uma diversão triste.

Kelly Oliveira Barbosa disse...

Olá Carlos!

Eu gosto muito de fazer releituras. Nunca li nada do autor e é a primeira vez que uma resenha de um livro dele me desperta o real interesse.