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sábado, 17 de julho de 2021

"Contos de Tchékhov - Volume III"

 

Acabei de ler o terceiro volume da coleção completa de Contos de Tchékhov publicados pela Relógio d'Água, este reúne 16 narrativas que oscilam entre perto de uma dezena a poucas dezenas de páginas, em todos eles o português dos tradutores é magnífico, permitindo uma qualidade de texto de elevada envergadura.

Todos contos passam-se longe das grandes cidades da Rússia, na sua quase totalidade situam-se em pleno meio rural isolado. Une-os ainda um descontentamento psicológico com a vida do protagonista ou do povo dessas aldeias vítima de injustiça, ignorância e arreigado a costumes que impedem o seu desenvolvimento. Nuns casos temos senhores burgueses ou nobres ricos que não sabem como ser solidários com os pobres e desejando ardentemente ser bons para com estes e por isso insatisfeitos consigo próprio; noutros, temos pobres que não sabem como sair desta realidade e se perdem no álcool ou noutros problemas; ainda há os infelizes acomodados com a sua situação sem arte para dela se libertarem, desperdiçando oportunidades; e também não falta gente no fim da vida desiludida com o modo como viveram, com medo da morte ou do julgamento do além. Na generalidade os retratos da sociedade e das personagens é triste, mas narrados com grande beleza de escrita e pormenores da vida quotidiana no Rússia do final do século XIX, construindo um excelente retrato de época.

Gostei muito do livro, apesar do tom melancólico e nostálgico os textos não são deprimentes e mostram porque Tchékhov é considerado um dos melhores contadores de histórias curtas da literatura mundial de todos os tempos, fico sempre com vontade de ler outro volume desta coleção.

4 comentários:

Pedrita disse...

devem ser ótimos. beijos, pedrita

Kelly Oliveira Barbosa disse...

Olá Carlos!
Dos contistas estrangeiros que já li, Tchekhov, é o meu favorito. Dos nacionais (brasileiros) é o Machado de Assis.

Carlos Faria disse...

Pedrita
E são

Kelly
Gosto dos dois autores e penso que irá gostar também de Alice Munro, um Tchekhov no feminino

Kelly Oliveira Barbosa disse...

Nossa, vou levar seu comentário em muita consideração.