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sábado, 18 de janeiro de 2020

"A Máscara de Ripley" de Patrícia Highsmith

Porque cá em casa tive de aumentar intensamente o número de livros policiais, género de que minha mãe com 84 anos é fã, e porque há muito tempo lera o primeiro volume da série Ripley e adorara, li agora o segundo romance desta personagem "A máscara de Ripley" (Ripley Under Ground) da americana Patricia Highsmith.
Esta escritora escreve bem, coloca cuidado estético na narrativa como deve haver em qualquer livro de boa literatura, mas os seus romances são de mero entretenimento sem preocupações morais e de mensagens ideológicas ou filosóficas. Uma das características das obras desta autora é de por norma saber-se do início o autor dos crimes e assistimos mais à forma como estes conseguem ludibriar a polícia do que o trabalho destes.
Assim, é normal que Highsmith tenha criado uma personagem como Ripley de gostos elitistas, apreciadora da boa vida, simpática e inteligente, mas amoral e criminosa para assegurar o seu modo de viver que se vê em imbróglios para se escapar à ação da justiça na sequência dos seus atos.
Se no primeiro e magnífico romance que li há muitos anos e nunca esqueci o jovem americano Tom Ripley que saiu da sua vida miserável para se tornar herdeiro do jovem rico de que ele assassinou, após ter sido fortuitamente encarregado de o trazer da Itália para a família nos Estados Unidos. Neste segundo romance o nosso herói malvado está bem estabelecido e casado com uma jovem rica pouco escrupulosa nos arredores de Paris, lucrando com um negócio levado a cabo por uns amigos em Londres que comercializam novos quadros de um pintor desaparecido da sociedade mas que o grupo sabe estar morto, até que um norteamericano desconfia que as pinturas são falsas e tenta desmascarar a rede. Tom sente-se ameaçado e terá de agir e claro por vezes de forma extrema para salvar a sua imagem sem deixar provas suficientes que o incriminem.
Algumas passagens são muito intensas, contudo o suspense e as dificuldades nunca comprometem a forma de viver deste Ripley: o seu bom gosto, estilo de vida burguesa e bom anfitrião das suas vítimas e detetives e, apesar das suspeitas que o cercam, lá vai ultrapassando com escapatórias impressionantes. A obra decorre na década de 1960 e sente-se o facto de os telefonemas frequentes ao longo do livro estarem dependentes de telefonistas sem a rapidez de hoje, o que soa estranho.
Continuo a admirar as histórias deste vilão cheio de classe e em breve pretendo voltar a acompanhá-lo, até porque já possuo todas as suas aventuras. 

segunda-feira, 14 de dezembro de 2020

"O rapaz que seguiu Ripley" de Patricia Highsmith

 

Acabei de ler o quarto livro dos romances da americana Patricia Highsmith com a personagem Tom Ripley, um criminoso amoral, simpático e amante de uma vida elegante com luxo e bom gosto artístico: "O rapaz que seguiu Ripley".

O protagonista americano continua a viver numa vivenda nos arredores de Paris com a sua esposa, filha de gente rica, que é tolerante com a suspeita dos seus atos ilegais. Um dia-a-dia de bem-estar na prática musical, a acompanhar os seus investimentos nas galerias e escola de pintura de que é sócio onde se introduziram quadros falsos de um pintor antes assassinado e a apreciar boa comida e convívio social. Nisto cruza-se com um adolescente que ele descobre ser alguém fugido de uma família milionária nos EUA após a morte do pai, rapaz que se sente atraído por Ripley dado o seu passado de suspeito criminoso. Desenvolve-se então uma amizade entre os dois apesar do risco do jovem vir a ser reconhecido das notícias sociais e ser alvo de rapto para resgate, mas Tom descobre-lhe um ato criminoso no adolescente. Na tentativa de o levar até à sua família e distraí-lo, enquanto um detetive o busca eles viajam por Berlim, Hamburgo e serão ainda vítimas de bandidos que obrigam o protagonista aos seus habituais atos geniais de disfarce e crime de modo a salvar o rapaz.

Apesar deste livro ter momentos de tensão, assassinatos e viagens a submundos, neste caso a noite gay de Berlim Ocidental dentro do muro, e a frieza de Ripley, é um romance suave, terno atravessado pela veia protetora do criminoso amoral que chega a ser paternal para com o rapaz. Uma obra de entretenimento mais suave que as anteriores e de menor suspense nas dificuldades que o protagonista atravessa, um carácter que mesmo sendo mau é capaz de gerar simpatias noutros personagens dos seus livros e no leitor. Gostei, manteve-me interessado mas sem a tensão tão elevada como os anteriores, sempre bem escrito e entretém.

segunda-feira, 29 de julho de 2024

"O Álibi Perfeito" de Patricia Highsmith

 


Acabei de ler 5 contos deliciosos sobre crimes escritos pela norte-americana: Patricia Highsmith, dos quais, o primeiro: "O Álibi Perfeito", dá título o livro.

Frequentemente, nos romances policiais e contos desta autora, a narrativa é contada do lado dos criminosos e muitas vezes apresenta-nos as razões de queixa que estes têm das suas vítimas, gerando assim uma empatia para com os culpados. Nestes contos há diversidade, em quase todos o protagonista é o criminoso.

Em álibi perfeito, o crime é perpetrado logo no início, percebe-se que bem planeado para o autor conseguir libertar para si a mulher que ama, mas cativa do seu tutor, só que de um alibi e um comportamento não previsto tudo parece que vai acabar bem... até num pormenor ser tudo desfeito. Noutro crime planeado, é tudo bem programado, cronometrado, mas a dependência de terceiros inocentes mostrou que não se pode contar com ninguém quando tal é fundamental. Há ainda uma história onde os criminosos caem na sua armadilha e outra em que são vítimas de testemunhas que não contaram. Pelo meio há o conto onde se conseguiu o crime perfeito e os autores gozam a libertação de quem os oprimia.

Maldade humana e maquinações em contos curtos, mas deliciosos e bem escritos: uma mistura que faz deste pequeno livro uma pérola de entretenimento de literatura policial. Gostei muito.

sábado, 10 de abril de 2021

"Ripley debaixo de Água" de Patricia Highsmith

 

Acabei de ler o quinto e último livro do conjunto dos cinco romances da escritora norteamericana Patricia Highsmith protagonizados pela personagem Tom Ripley: um assassino americano, estabelecido em França numa vida de luxo após herdar a fortuna da sua primeira vítima e perito em escapar à justiça dos seus atos criminosos. Alguém totalmente amoral, inteligente, calmo, bem parecido, apreciador do bom-gosto em matéria de música erudita, livros, gastronomia, vinho, vestuário, viagens, pintura e jardinagem.
Neste romance, "Ripley debaixo de Água", o nosso protagonista vê-se seguido de perto por um americano que se estabelece nas vizinhanças, sabe demasiado sobre o seu passado e está disposto a descobrir o corpo de um milionário assassinado há anos e atirado à água num dos canais que bordejam Paris, tarefa que depois descobrimos fazê-la em articulação com familiares de vítimas dos anteriores romances. Em paralelo, este intruso força uma amizade assumidamente sarcástica com Tom pelo prazer de o aterrorizar e manifestar a sua intenção de o denunciar, este, entretanto, procura manter a sua vida luxuosa, calma, enquanto viaja por Marrocos e Londres, sem perder oportunidade de acompanhar à sua maneira a ameaça que se lhe depara, até o corpo ser de facto pescado e tudo ir desencadear um final novamente original.

Numa escrita sempre elegante, fácil e cheia de pormenores diários, já característica de anteriores volumes, a obra mostra a calma com que se desenrola vida social e de luxo de Tom, desde a sua relação madura e descomprometidas com a esposa, as descrições de hábitos quotidianos numa aldeia periférica de Paris com os pormenores gastronómicos fornecidos pela sua empregada, os cuidados do cultivo das várias espécies de flores do jardim, até pormenores das aulas de cravo e das viagens internacionais que se intercalam com os períodos de tensão fria e calculista perante as ameaças, onde é mantido sempre a compostura do nosso vilão.

A escritora tem a arte de nos colocar suspensos e interessados em que o nosso protagonista amoral escape às malhas dos seus perseguidores, uns em nome da justiça oficial, outros vindos de gangues ou amantes do castigo popular que lhe vão tecendo armadilhas a que ele com os seus ardis ele habitualmente sobrevive ileso.

Apesar do suspense, não é um romance em ritmo acelerado, neste não ocorrem cenas violentas como nalguns dos anteriores, mas mantém o interesse e, apesar de ser uma história independente do passado, possui numerosas referências às aventuras criminosas anteriores de Tom Ripley que o tornam mais interessante se forem já do conhecimento do leitor. Uma obra  de lazer que dá prazer ler e gostei.

Para consultar sobre anteriores volumes desta coleção postados neste blogue clique aqui. O Talentoso Mr. Ripley li anteriormente ao Geocrusoe ter mensagens dedicadas a livros e talvez o mais elaborado deste conjunto.

segunda-feira, 25 de maio de 2020

"O Amigo Americano" de Patricia Highsmith


Acabei de ler o romance de suspense e crime "O Amigo Americano" da escritora dos EUA: Patrícia Highsmith, famosa pela estrutura original das suas narrativas policiais que são por norma expostas do lado dos criminosos e não dos agentes de investigação e esta obra não é exceção e corresponde à terceira aventura do conjunto de cinco protagonizada por Tom Ripley, um anti-herói amoral, criminoso, apreciador de pintura, música erudita, gastronomia e de gostos sociais caros e bem-parecido que consegue escapar à justiça e aos inimigos.
No presente livro, alguém honesto e com uma doença incurável diz algo menos simpático a Tom, este então decide vingar-se e fazê-lo sofrer, criando um boato sobre o seu estado de saúde para lhe dar ansiedade e propô-lo a um amigo que busca um contratado para um serviço criminoso para o assediar nesse trabalho sujo e troco de dinheiro. Na sequência desta tensão o doente deixa-se tentar num crime contra um capo da máfia, só que quem desperta ódios nesta rede fica alvo de retaliações e Ripley também fica envolvido  numa sequência de tentativas de vinganças, crimes, ocultação de cadáveres e ainda a necessidade de o aniversariante ter de se justificar perante a mulher dos seus atos inexplicáveis, os seus estranhos tratamentos médicos e as suas contas bancárias chorudas e a desconfiança daquele amigo americano de passado duvidoso Tom Ripley.
Bem escrito, cheio de tensão, mas a doença grave faz-nos desenvolver uma simpatia para com o nosso contratado para crimes aconselhado por aquele agradável amigo que atrai o mal à sua volta, mas sai sempre por cima. Gostei, mais uma história de crime e quadrilhas intercalada com momentos com Bach e pintura que sai fora da rotina dos livros deste tipo de suspense