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sábado, 7 de junho de 2008

O TRAQUITO NA CONSTRUÇÃO FAIALENSE 1

Entre as escoadas de lava vulcânicas menos frequentes encontram-se os traquitos, cuja rocha apresenta uma cor cinza claro. No Faial estas rochas são relativamente raras (situação algo diferente acontece na Terceira), pelo que se compreende que na arquitectura faialense haja poucos edifícios importantes que tenham traquitos como principal material de construção. (clique nas fotos para as ampliar)

Um dos imóveis na cidade da Horta, com dimensão significativa, onde os construtores recorreram ao traquito é o Colégio dos Jesuítas. Um complexo de edifícios que actualmente alberga o Museu da Horta (à esquerda), a igreja Matriz (ao centro) e a sede da Câmara Municipal da Horta ( à direita).

O magma de composição traquítica, contrariamente ao basáltico, é relativamente rico em silício, sódio, potássio e gases vulcânicos dissolvidos, o que o torna altamente viscoso e, por isso, é expelido, frequentemente em actividade explosiva sob a forma de fragmentos (piroclastos) e mais raramente de uma forma calma efusiva em escoada de lava. Mesmo neste último caso, a viscosidade das lavas impede que as escoadas progridam facilmente no terreno e, por isso, ou se acumulam num doma ou em escoadas curtas e espessa.

Apesar do traquito ser relativamente fácil de esculpir, no Faial é utilizado quase exclusivamente em cantarias simples ou em raros desenhos incorporados nas paredes de alvenaria, como acontece sobre as portas e na parte superior da fachada Matriz.

O pórtico de entrada para o Museu é talvez o local onde o traquito no Faial foi mais intensamente esculpido, contrariamente à Igreja do Colégio dePonta Delgada. Nota: O brasão de armas é em calcário importado do Continente

Infelizmente, a doçura do traquito, em se deixar esculpir pela mão do homem, é também a sua fragilidade para resistir aos efeitos abrasivos das intempéries e do sal atmosférico resultante da proximidade ao mar, como se vê no pormenor do pórtico de entrada no Museu.

12 comentários:

Pedrita disse...

lindas as construções. beijos, pedrita

Carlos Faria disse...

em breve verá o seu interior, que tem um aspecto diferente para o período barroco devido a um motivo político, mas onde o traquito está bem presente.

RJ disse...

A erosão costeira é danada. As temperaturas não variam muito, mas o vento e humidade são factor importante na alteração de fachadas (não só em rocha, pois em alguns edifícios na costa portuguesa vê-se a armação de ferro à mostra, já com parte do betão e revestimento "descascado").

A diferença de cor no pórtico é de destacar.

Lc disse...

Qual a origem? Sei que na igreja da minha freguesia (interior), o origem foi no morro de castelo branco, mas na Matriz devido à quantidade existente, de onde terá vindo?

Carlos Faria disse...

ao rj
Sim, a diferença de cor é da destacar, e entre os constituintes que favorecem esta corrosão litológica costeira está a grande quantidade de sal (iões de cloretos e sódio) suspenso no ar, devido ao vento ter arrancado gotícolas ao mar e que reagem com os minerais da rocha formados em condições de P T e redox diferentes.

ao lc
Adoro perguntas inteligentes e oportunas, como foi esta.
Não sei se já li oficialmente algures a origem do traquito, oficiosamente fui informado, ainda aluno da escola secundária, que a pedra do Convento dos Jesuítas era proveniente de Pedro Miguel. Efectivamente, naquela freguesia, a oeste de Miragaia e perto do sítio onde estão a fazer a extensão do Jardim Botânico, existe um lugar chamado "Pedreira Branca", onde está identificada uma chaminé vulcânica traquítica, provavelmente próximo da chaminé principal do vulcão do Complexo da Ribeirinha.
Esta pedreira deve ter sido mesmo importante, pois um dos pontos mais altos da Lomba Grande, já na Ribeirinha, mas sobranceiro a este local chama-se "Alto da Pedreira". Por isso, a probabilidade de esta hipótese ser verdadeira é mesmo elevada.

José Quintela Soares disse...

Estive lá (como sempre) em Agosto passado...mas ainda não conhecia o traquito.

Muito interessante.

Um abraço.

Lc disse...

Vou ver se descubro o sitio, gostava de ver ao vivo.

Luís Galego disse...

a verdadeira universidade aberta está aqui...um abraço...

Carlos Faria disse...

ao josé quintela e luís galego
no próximo post devo continuar com o tema, o templo e a razão porque me fascina esta igreja.

ao lc
na carta é fácil, no local não vejo grandes indícios de pedreira actualmente, mas o traquito lá está.

Anónimo disse...

É sempre assim, nunca se descobre o culpado.
Foi alguém que largou e andou...

Anónimo disse...

E qual é a pedra da igreja de S. José em Ponta Delgada?

Anónimo disse...

gostava de saber mais coisas sobre o traquito ...

enviem-me mais informaçãoes:

cfrutas@netvisao.pt

obrigada!!!!