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terça-feira, 2 de outubro de 2007

Visita ao Pico - ILHÉUS DA MADALENA

Por razões profissionais desloquei-me ao Pico, uma ilha geologicamente mais nova que o Faial, muito próxima desta, onde as escoadas recentes são quase omnipresentes e a diversidade de formas associadas ao vulcanismo basáltico efusivo (oposto ao explosivo) é enorme.
Todavia entre o Faial e o Pico, existe uma prova de que o vulcanismo também já esteve activo, como demonstram os Ilhéus da Madalena, constituídos por tufo (típico das erupções submarinas como anteriormente referido) e situados defronte da vila e sede de concelho da Madalena.
Quem olhar com atenção a forma do Ilhéu Deitado (mais baixo e longo) e a posição do Ilhéu em Pé (mais alto), verifica que eles formam um anel que corresponde à sua distribuição em torno da cratera do vulcão submarino que esteve na sua origem.
Os ilhéus da Madalena pouco depois do nascer do Sol com o Faial ao fundo.
Frequentemente ao nascer ou ao por do sol o tufo tem esta cor dourada típica.

No passado, os dois ilhéus formariam uma única ilhota, circular ou em forma de ferradura, cuja zona central corresponderia à cratera. Depois o vento, a chuva e sobretudo o mar foram destruindo aquele edifício vulcânico, cuja formação foi semelhante à do Monte da Guia, Costado da Nau e primeira fase dos Capelinhos na ilha do Faial.

Não é possível afirmar ou negar se no futuro haverá actividade vulcânica entre estas duas ilhas e que as mesmas possam ficar unidas mas, se tal acontecesse, não seria o primeiro caso de união de duas ilhas nos Açores. No passado, relativamente recente, o vulcanismo no canal entre o Vulcão do Fogo e o das Sete Cidades uniu duas ilhas, que hoje formam a de S. Miguel, e nesse espaço de união instalou-se a cidade de Ponta Delgada.

6 comentários:

José Quintela Soares disse...

Muito curioso.

Unknown disse...

Na minha ignorancia sobre o assunto, fico fascinado com o que contas.
Porque nos, nao geologos, tomamos o solo que pisamos como imutavel, apesar de sabermos que nao... por isso ver as provas de que nao e assim, ou a ideia de que tudo pode mudar de um dia para o outro tem uma magia muito especial.
Um abraco

spring disse...

olá geocrusoe!
aqui está uma história sobre o vulcanismo, tão desconhecida de todos nós.
abraço cinéfilo

Carlos Faria disse...

Melões e Melodia
Para nós geólogos o mundo está em permanente mudança, dificilmente olhamos a paisagem sem deixar de descobrir traços do passado. A título de exemplo, quando olho as Berlengas, mesmo em viajem entre a Horta e Lisboa, penso naqueles bocadinho como as partes do Canadá deixadas atrás quando há muito os dois continentes se separaram...

ao Rui Luís Lima
Sim há muitos pormenores curiosos que procurarei ir desvendando aos poucos, mas confesso que ao fazer o próximo post, num tema bem diferente, estive a pensar em si e no Jósé Quintela Soares, por um motivo bem diferente que descobrirão amanhã.

Neves de ontem disse...

Obrigada pelas visitas. Vou abrir a porta outra vez. É curioso uma das minhas viagens desejadas são Os Açores. Sempre pensei que eram um espaço mágico que tinha de ver um dia.

Carlos Faria disse...

às Neves de Ontem
Venha, pois confirmo que isto é mágico, com sorte toma o elixir da paixão pelos Açores e nunca mais consegue esquecer isto. A sensação de arquipélago que se tem no Faial, S. Jorge e Pico e a diferença entre estas parcelas igualmente belas fazem a delícia de quem por aqui passa e se precisar de algumas dicas, esse temporal de perguntas pode sempre questionar.