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segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

SOLIFLUXÃO - SLUMPING MARKS

Na actividade vulcânica do tipo surtsiano, as cinzas emitidas durante estas erupções submarinas de chaminés pouco profundas (casos do vulcãos dos Capelinhos e do Monte da Guia) são na sua maioria depositadas em torno do vulcão, dando origem a depósitos de um material desagregado, permeável e frequentemente saturado de água.
Estes materiais nas superfícies inclinadas do cone, com o tempo, por acção da gravidade e da água existente entre os grãos, tende a movimentar-se de uma forma relativamente lenta, tal como às vezes acontece à cobertura das superfícies inclinada de um bolo, a este tipo de deslizamento chama-se solifluxão.
À semelhança do creme no bolo, também a ocorrência deste tipo de deslizamente fica registada sob a forma de ondulações ou dobras nas camadas de tufo vulcânico e que se chamam slumping marks.
Nos cortes efectuados nos tufos vulcânicos do Monte da Guia, ilha do Faial, para a abertura da estrada e extracção desta rocha, são bem visíveis estas ondulações provavelmente contemporâneas da época da formação da própria rocha, quando se encontrava desagregada e saturada de água.

6 comentários:

Lc disse...

Mais uma vez o que dizer...
Belas fotos.
Fantástico.

RJ disse...

Os materiais têm uma competência (termo técnico) diferente, daí as camadas terem dobras não "paralelas".

As dobras menos uniformes serão as as dos materiais mais elásticos?

José Quintela Soares disse...

Sempre a aprender...

Rui Caetano disse...

As fotos são uma maravilha à vista e a informação muito útil.

Anónimo disse...

E solifluxão é sempre um movimento lento? Quando acontece o que aconteceu na Ribeira Quente, por exemplo, não tem o mesmo nome?

Carlos Faria disse...

lc
as fotos não são tão fantásticas assim, o exemplo é que é muito bom...

rj
no teu primeiro parágrafo a tua explicação está correcta e é sem dúvida um complemento informativo bom a este post (aos restantes visitantes: competência tem a ver com a resistência à deformação) sempre que tiveres qualquer informação a acrescentar é sempre bem vinda.
Quanto à tua pergunta, lamento não poder confirmar, não domino tão bem o comportamento reológico dos materiais para assegurar, mas suspeito que tens razão, mas nesse campo de saber julgo que até tens melhores conhecimentos que eu.

ao josé quintela
até eu aprendo aqui, as perguntas e dados acima de rj confirmam isso, noutros espaços, que são da sua autoria, também tenho aprendido muito.

ào rui caetano
tal como já disse a amostra é que é muito boa.

à ana rita
a solifluxão é por norma relativamente lenta, (soli vem exactamente da menor ou nula velocidade de fluxo nos sólidos). O que houve na ribeira quente foi uma escoada detrítica ou lahar, que resulta da remobilização de depósitos vulcânicos granulares não consolidados que ficam saturados de água e perdem a sua consistência (comportam-se por vezes quase como um líquido ou uma enxurrada de lama) onde a velocidade é por norma maior e por isso costumam ser catastróficos, podendo causar a morte de milhares de pessoas. já agora, lahar é um dos meus temas favoritos para as regiões vulcânicas, pois podem ocorrer em períodos de inactividade eruptiva, como aconteceu em 1997 na ribeira quente ou em 1998 e 2007 no faial, felizmente aqui sem consequências tão graves.