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terça-feira, 24 de julho de 2007

TRÊS VULCÕES... TRÊS TIPOS DE ERUPÇÕES II

O Monte da Guia corresponde a uma erupção basáltica submarina, isto é, a chaminé por onde sobe o magma está normalmente em contacto com a água do mar, erupção do tipo surtsiano ou surtseyano, embora o seu cone tenha crescido acima do nível do mar. (clique para ampliar as fotos)
Neste tipo de erupção, a água fria em contacto com o magma quente dá origem a um choque térmico com explosões intensas, que pulverizam o magma/lava e o projectam em nuvens de vapor e cinza, que por vezes formam colunas de grande altura. A cinza ao cair deposita-se formando camadas (estratificação) de grãos da dimensão da areia e de composição basáltica, como se pode ver do lado direito da foto abaixo.

A este forma de actividade eruptiva chama-se tipo surtseyano, nome proveniente da descrição de um vulcão, ocorrido no mar, junto à Islândia e que originou uma nova ilha - Surtsey - na década de 1960. No Faial houve um pouco antes um vulcão do mesmo tipo, mas o isolamento político e científico do país não permitiram o reconhecimento internacional da descrição original daquele tipo de actividade. Assim não surgiu outro termo de origem açoriana no léxico científico internacional da geologia, ficámo-nos pela faialite!
Devido à rapidez do arrefecimento, os minerais da lava não têm tempo de cristalizarem (vidro vulcânico) formando-se um cone de cinzas vulcânicas vítreas acastanhadas, devido à oxidação de alguns metais como o ferro. Com o tempo, a chuva e as reacções químicas, os grãos ficam cimentados entre si e formam uma nova rocha conhecida por tufo vulcânico.
Na foto acima um afloramento de tufo vulcânico do Monte da Guia, cimentado e cortado para implantação da estrada. Esta rocha vista de perto parece mesmo areia com cimento, reparem na cor acastanhada, existem zonas cuja a tonalidade é a do ocre.

2 comentários:

Anónimo disse...

Este tufo é, por vezes, usada em pedras de cantaria, como no caso da Matriz da Horta. Apesar de não ser uma rocha muito resistente, terá sido muito usado em séculos passados. Onde se localizam estas estas pedreiras, no Faial?
Dou-te parabéns pela clareza do texto, uma vez que é dificil traduzir esta linguagem científica sem cometer erros, assim como pelas fotografias.

Carlos Faria disse...

Na Matriz não se usou tufo, mas sim traquito, tal como na igreja do colégio em Ponta Delgada.
O traquito no Faial também é escasso (o dos domos de Castelo Branco e do Altar felizmente nunca foram tirados) a pedreira provavelmente terá sido em Pedro Miguel, onde existem vários afloramentos junto à ribeira e indícios de extracção no passado.
O tufo foi usado na construção do castelo de S. Sebastião e do Porto Pim e na primeira fábrica da Baleia do Monte da Guia. A pedreira está visível na 1.ª foto deste post, os outros locais onde existe tufo nas proximidades são no Costado da Nau e nos ilhéus da Madalena, também surtseyanos.