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sábado, 28 de julho de 2018

"Leviathan" de Paul Auster


Excertos
"... o terrorismo tinha o seu lugar no combate geral. Se usado correctamente, poderia transformar-se num instrumento eficaz para fazer ressaltar as questões em jogo, para elucidar o público acerca da natureza do poder institucional."

"Algumas histórias são demasiado terríveis ... e só há uma maneira de as deixarmos entrar dentro de nós: fugindo-lhes, virando as costas, procurando furtivamente a escuridão."

Já havia longos anos que não lia o americano Paul Auster e regressei com um romance de 1992 "Leviathan", onde se saboreia aquele estilo em que a narrativa vai fluindo na companhia de reflexões contínuas sobre o que vai sendo contado, calmamente, apesar da pressa que o narrador diz ter em acabar a estória antes que seja a polícia a decifrar o enigma, mas esta progride devagar, como se ele tivesse todo o tempo do mundo.
O livro arranca com a notícia de um bombista que morre no Wisconsin ao montar uma bomba artesanal, o que leva Peter, escritor em Nova Iorque, a acreditar que se trata do seu amigo Benjamin Sachs. Decide então narrar como o conheceu e como cresceu a sua amizade e admiração por aquele também dotado de grande potencial para ser um ótimo escritor. O que sabe ele da sua infância, como via o seu casamento, como ele se relacionava com os outros e a sua mulher, o acidente porque passou, até que uma sequência abrupta de acontecimentos terríveis em série o tornaram num bombista que queria despertar consciências na América, mas com o cuidado de não semear terror e de não causar mortes.
Nesta narrativa, bem anterior ao 11 de setembro, a reflexão vai acompanhado a exposição, quase todas as informações vão sendo minadas pela dúvida de Peter, o que permite juntar a sua reflexão e interpretação dos factos narrados, lançado o seu significado numa sucessão de ondas que alimentam toda a maré de acontecimentos.
Gostei e muito e fiquei com vontade de regressar em breve a Auster, com este ritmo suave de análise psicológica e social que vai complementando a narrativa que flui como um rio numa planície até chegar à sua foz.

segunda-feira, 23 de julho de 2018

"Dois Irmãos" de Milton Hatoum


Estreei-me no escritor brasileiro Milton Hatoum com "Dois Irmãos" prémio Jabuti de 2001 e confesso que gostei muito da sua escrita, do seu modo de narrar, retratar Manaus e de expor conflitos psicológicos que moldam as suas personagens.
Dois Irmão narra a história de uma família de origem libanesa em Manaus vinda no início do século XX, a primeira geração de pai e filha, cristãos maronitas, o casamento desta com outro imigrante muçulmano, um pinga-amor apaixonado de um erotismo exacerbado pela sua mulher e depois dos seus três filhos, onde se destacam os gémeos Omar e Yaqub que desenvolvem um ódio figadal na adolescência ao amarem a mesma moça. A partir daqui, com base no que observou e lhe foi dito, Nael (filho de um dos gémeos com uma índia acolhida na família e a personagem mais equilibrada do conjunto) narra não só o desenvolvimento de Manaus ao longo de mais meio século, como a vida quotidiana típica num bairro do centro desta cidade e ainda o declínio desta família em virtude da rivalidade dos irmãos: Omar, um superprotegido da mãe com comportamento devasso e profissionalmente irresponsável, e Yaqub, votado a um maior desprezo que é o oposto do seu irmão tornando-se num engenheiro de sucesso, enquanto a irmã vive tentando equilibrar este conflito que se estende aos pais e tenta preservar o legado do passado.
A escrita com parágrafos extensos e grande recurso ao vocabulário local, faz magníficos retratos da região do Amazonas, da forma de vida do povo no centro de Manaus e explora o drama, com momentos de grande tensão, juntando com frequência um humor aos sentimentos hiperbólicos e por vezes sarcástico, o que suaviza as situações paroximais de expressão do ódio e dá um ambiente que chega a ser divertido no seio da dor que vai massacrando toda a família.
Se não gostei da devassidão destrutiva de Omar, adorei a qualidade da escrita e a força posta no conflito de sentimentos e a capacidade de retratar uma Manaus que penso ter desaparecido com a modernidade e  expor a sua gastronomia, são aspetos por que vale a pena conhecer este livro e este escritor.

sábado, 21 de julho de 2018

"O Homem mais inteligente da História" de Augusto Cury


Li uma resenha num blogue de um amigo sobre este livro "O Homem mais Inteligente da História" do psiquiatra brasileiro Augusto Cury, referente a uma análise romanceada a dissecar a inteligência e a gestão emocional em Jesus tendo como base de trabalho o evangelho de Lucas que fora médico de profissão antes da sua conversão.
Junto com a resenha, uma entrevista com Cury onde ficava evidente que o autor ao analisar esta personagem que, tal como na obra, considerava uma montagem dos seus seguidores, chegara à conclusão que a coerência e a inteligência retratada por Lucas indiciava estar-se perante um homem real e genial e por isso o próprio autor se convertera num "cristão sem fronteiras", um crente não limitado por nenhuma religião específica.
Sendo eu uma pessoa de ciências naturais, que racionalmente decidira tornar-se ateu, mas que estranha e emocionalmente depois converti num cristão que não discute dogmas, senti curiosidade e suspeitas sobre esta obra, acabei por optar por um e-book do romance.
Apresenta uma escrita simples, diria popular e acessível, sem floreados, nem preocupações estilísticas ou pretensões literárias, mas correta. O romance tenta conciliar uma abordagem científica, baseada nas teorias neuropsiquiátricas do autor, em torno das personagens do evangelho de Lucas, com destaque para Maria e Jesus, que são discutidas numa mesa redonda de vários cientistas e teólogos, aberta ao público, com cobertura pela internet e liderada por um psiquiatra: Marco Polo, onde muitas das vidas privada dos intervenientes está ameaçada por desequilíbrios emocionais pessoais, alguns típicos do mundo atual, inclusive a do próprio líder.
A estória não termina, deixa uma porta aberta para novos livros que penso estarem publicados, tem a o interesse de analisar Jesus psicologicamente sem limitações teológicas ou fé, embora alguns aspetos me pareçam pouco aprofundados. Para quem tem interesse em conhecer melhor Jesus sem ser por um catecismo oficial ou hierarquias religiosas, é sem dúvida um maneira interessante de mergulhar nesta personagem que tanto influencia a sociedade mundial.

quarta-feira, 18 de julho de 2018

"O Fator Humano" de Graham Greene


Excerto
"Cometem-se muitos erros por ódio. É tão perigoso como o amor. Sou duplamente perigoso, Boris, porque também amo. O amor é uma desvantagem no nosso serviço."

Já conhecia o escritor inglês Graham Greene nos seus romances de reflexão sobre questões de fé e consciência de que falei aqui, optei agora por conhecê-lo na vertente de obras de espionagem, ele que foi espião britânico de que se suspeita ter sido mesmo um agente duplo.
Na trama d' "O Fator Humano" Castle trabalha num escritório dos serviços de inteligência do Reino Unidopara que cobre a região Africana, uma profissão que, ao contrário das estórias comuns de espionagem, é descrita como aborrecida com leitura de numerosos relatórios codificados para analisar e resumir o envio dos dados aos superiores do sistema, até que surge uma suspeita de fuga de informações para o inimigo vinda do seu gabinete que partilha com outro colega frustrado pela monotonia da sua vida. O sistema começa a investigar quem será o traidor numa hierarquia onde a vida individual está abaixo dos interesses da rede.
Ao contrário do um thriller, está-se perante um romance em torno dos efeitos desta profissão na vida particular dos espiões: o secretismo, a desconfiança, a solidão e os riscos para a família. Castle não parece suspeito, mas nas suas anteriores funções apaixonou-se por uma negra em pleno apartheid, onde uma relação proibida que o forçou a fugir para Londres e tentar trazer mulher amada com a ajuda da rede inimiga do país onde estava e daquele para o qual trabalhava: a soviética. O evoluir da investigação descobriremos o papel de Castle cuja gratidão é um dever, mas isso tem consequências para a sua segurança e sobretudo para aqueles que ama.
Uma escrita escorreita, fácil e elegante, o texto é temperado pelos dilemas psicológicos que se colocam a quem pertence ao mundo da espionagem e questões de moral e ética religiosa. Gostei e confesso que me surpreendeu por ao acabar com o mito da vida venturosa do meio em que se movem as pessoas dos serviços de informação dos Estados.

sábado, 14 de julho de 2018

"A Geração da Utopia" de Pepetela


Excertos
"Uma sociedade onde o Estado ia abolir as classes, segundo Aníbal, uma sociedade sem Estado pois este tendia a ser o manto sob o qual novas classes se criaria, segundo Marta."

"A tal revolução que tem à frente não vai ser como ele imagina. Nunca nenhuma é como os sonhos dos sonhadores.... As revoluções são para libertar, e libertam quando têm sucesso. Mas por um instante apenas. Nos instante a seguir se esgotam. E tornam-se cadáveres putrefactos que os ditos revolucionários carregam às costas toda a vida."

"O problema é esse, o Estado comporta-se como o pai e o filho tem de lhe contar tudo, já não tem direito à privacidade... Não há lugar para sentimentos, relações humanas, apenas relações de poder. Os homens deixaram de ser homens..."

"- Enganou-se numa coisa, colocou a questão numa alternativa. Eu morri e desencantei-me. Os dois caminhos num só.
- O desencanto é sempre uma morte, não é?"

"quisemos fazer desta terra um País em África, afinal apenas fizemos mais um país africano."

Fui agradavelmente surpreendido por este romance "A Geração da Utopia" do angolano Pepetela que eu sabia retratar uma certa juventude angolana universitária em Lisboa que foi "apanhada" pelo início da guerra colonial e aderiu à causa independentista em torno do MPLA, sendo que o próprio escritor foi um militante deste movimento pró-soviético.
O livro narra quatro episódios, separados no tempo, em torno de vários dos jovens que estudaram em Lisboa:
- 1961 em Lisboa, o despertar dos jovens para a luta da independência de Angola, as suas preocupações de cidadania quando brotam as paixões físicas e ideológicas, fieis à sua terra e povo, mas reféns numa metrópole controlada pela ditadura de Salazar.
- 1972 no leste interior de Angola, quando na luta independentista já reinava o cansaço nos primeiros combates, nasceram as desconfianças sobre os que tomaram as rédeas da guerra e surgiu o despertar dos oportunistas para salvar a pele ou subirem na hierarquia à custa do povo e do guerrilheiro.
- 1982 perto de Benguela, com a guerra civil no auge, numa Angola já independente, onde se reflete o desencanto com os resultados da revolução e se denuncia o Estado como o polvo que com o seu sistema esmaga o povo e impede o cumprimento da promessa de dar às pessoas um futuro melhor.
- 1991 em Luanda, quando a democracia vingou e a causa comunista passou a ser tabu, há a adesão ao liberalismo económico mas este continua a ser pasto para a subida dos oportunistas, os mesmos agentes agora reconvertidos, enquanto o povo continua na miséria e é amansado por táticas de alheamento coletivo.
No final fica um conjunto de estórias que montam a história de Angola, fazem o elogio dos idealistas e homenageiam aqueles que sofreram pela causa do País, sem escamotear o papel dos que da mesma geração fizeram emperrar esta revolução e como estes se vão acomodando aos tempos, sendo que a nova geração, filha da utopia, já tem um passado para refletir os erros cometidos e discutir o futuro, cujas más sementes já se viam a germinar em 1991 e os frutos se podem perceber hoje pelo que se sabe de Angola no presente.
Assim, Pepetela torna-se na voz da consciência de Angola com uma narrativa, que apesar de denunciar as causas da desilusão, consegue construir um livro fácil, até com algum humor subtil e o tom alegre africano num romance bem escrito que junta vocabulário das línguas bantas e alguma sintaxe angolana. Gostei e vale a pena ler, até porque nos ensina a compreender o desvirtuar das boas causas.

terça-feira, 10 de julho de 2018

"eu confesso" de Jaume Cabré


Excertos
"Até ontem à noite, passeando pelas ruas molhadas de Vallarca, nunca tinha percebido que fora um erro imperdoável nascer naquela família."

"E se Hopper dizia que pintava porque não conseguia expressar o que queria com palavras, eu escrevo com palavras porque, embora veja as coisas, sou incapaz de as pintar. Mas vejo sempre, como ele através de janelas ou portas mal fechadas."

"Somos uma comunidade que habita numa rocha que navega no espaço, como se estivéssemos sempre à procura de um Deus no meio da neblina."

Falcões da Noite - Edward Hopper (imagem Wikipédia)

É o aparecimento nos tempos atuais de romances como este "eu confesso" do catalão Jaume Cabré, que permitem concluir que a literatura está viva, pois ainda se escrevem obras-primas deste calibre.
No arranque do livro, o primeiro excerto acima, ficamos logo a perceber que vamos saber a vida do narrador, Adriá desde a sua infância no período franquista, numa casa onde se limitava a observar os adultos até à fase final da sua vida. Filho de um colecionador de antiguidades raras de grande valor, que fora um seminarista que prometia ser um grande teólogo e apreciador de línguas clássicas e atuais e de uma mulher bem mais jovem e herdeira do património de uma sumidade em antiguidades. Neste contexto saberemos a história do pai e da mãe do destino que cada um traçou para o filho: ele, o de um sábio em saberes clássicos que o levou a conseguir saber 13 línguas; ela, o de um músico virtuoso pelo que o matriculou no violino onde nas aulas conheceu o seu melhor amigo para toda a vida, apesar de interditado de tocar no violino do século XVIII, um storioni, adquirido pelo pai no pós-guerra.
Lentamente vamos descobrindo a história do storioni, dos crimes que ocorreram em torno deste e da sua relação com o património desviado aos judeus do genocídio nazi. Sobre a sua vida, Adriá justifica a sua complicada relação de infância em família e os problemas do seu amor por Sara, uma judia amante de arte e desenhadora profissional e as traições por ele também cometidas.
Várias histórias brotam dentro dum mesmo parágrafo, cruzamentos que distam séculos, onde há personagens com falta de escrúpulos, outras arrependidas, gente com medo do rigor dos juízes da inquisição tão devotamente implementada nas torturas dos campos de concentração nazi e por onde o violino passou. As exigências e a falta de princípios de um pai sem escrúpulos que tal como no passado se vê assassinado por culpa do filho devido ao violino que já nascera da madeira enraizada num crime de há muitos séculos. Não faltam fugas de criminosos de guerra que se cruzam com juízes da inquisição e hereges expostos nas perseguições judias geradoras de ódios eternos, mas também de arrependimentos que despertam heroismos humanitários reparadores de atos imperdoaveis sujeitos a vingança, entre os quais o violino se perde. Sem esquecer este amigo omnipresente, sempre disponível que segue frustrado a carreira de violinista incentivado por Adriá, que o  critica pela sua mediocridade de escritor de que se orgulha, enquanto o dono do storioni não se sente dotado é admirado pelo amigo escreve livros geniais sobre o mal, a estética e as ideias, enquanto lhe cresce a atração do pai por escritos raros, recusando-se assim a ser violinista e assiste à sua relação de amor desmoronar pelos ódios entre as famílias, as suas traições pessoais e as exigências do violino regressar aos seus legítimos donos.
É nesta confusão, típica de uma obra pós-moderna, que a maravilhosa escrita de Cabré se destaca ao misturar tudo (ao contrário do texto deste post, a narrativa é mesmo brilhante), dá saltos no tempo, nos sujeitos, na ação e nos complementos da frase, o que permite uma intrincada e genial trama em torno deste conjunto de personagens dispersas por vários séculos e países, ligadas pelos sentimentos de amor e ódios, as histórias em torno de um violino e a análise sobre o conceito absoluto do mal numa Europa que mistura irracionalidades das religiões, ideologias, ambições, guerras, consciências, desencontros e maldade.
Uma obra-prima que evidencia que fora dos Nobel também se encontram as melhores obras, um romance onde o prazer da beleza da escrita supera a dificuldade que por vezes os seus meandros tecem.

segunda-feira, 9 de julho de 2018

9 de Julho de 1998 - 2018 - 20 anos após o Sismo no Faial

Eram 5h19m da madrugada do dia 9 de julho de 1998 quando a Ribeirinha, onde vivo e vivia, foi atingida por um sismo de magnitude 5,9 Richter e devido a ser o local mais próximo do epicentro, uns escassos 5 km, este alcançou a intensidade VIII-IX Mercalli, o choque destruiu a povoação ao ponto que se vê nas fotos abaixo:

Uma destruição de mais de 90% do parque habitacional da Ribeirinha, ainda mais significativa nos Espalhafatos, o outro lugar da freguesia. Cinco mortos numa população de cerca de 500 habitantes, 1% dos residentes e isto pode dar a perspetiva de quantos seriam se tal destruição tivesse avassalado uma cidade de muitos milhares ou milhões de habitantes. Houve mais 3 óbitos nas localidades contíguas: Pedro Miguel e Salão, mas ligeiramente mais distantes do epicentro. Os danos estenderam-se por toda a ilha do Faial e ainda Pico e São Jorge.


Apesar de isolados por estrada, sem luz, água e em pouco minutos de outros meios de telecomunicação, a inter-ajuda no lugar da Ribeirinha das pessoas foi enorme, desde o auxílio na retirada de soterrados, ao apoio a feridos, passando pelo acalmar indivíduos em estado de choque; a verdade é que praticamente todos habitantes reunidos em torno do edifício polivalente recém-inaugurado por volta das 9 horas foi servida uma refeição ligeira com bolachas, pão, queijo, manteiga, leite e café fruto da partilha das instituições locais e dos residentes organizada por voluntários...pouco tempo depois começaram a chegar os primeiros socorros em virtude do desbloqueio das vias de acesso. Um dia difícil, mas onde a solidariedade imperou e foi a palavra de ordem.


Nos Espalhafatos, sem um local de acolhimento adequado e com vias internas também cortadas pela queda de pontes, foi mais difícil a organização das populações, mas a solidariedade foi a mesma, não faltaram exemplos de ajuda mútua e cooperação.


Uma data em que o programa de vida de todos os Ribeirinhenses, tal como também para muitos outros Faialenses, Picoenses e alguns Jorgenses, mudou para sempre, houve dor, mas houve solidariedade humana desde a primeira hora, naquele dia não houve divisões políticas... estas vieram mais tarde e não tiveram origem no Povo e geraram outros problemas; mas neste 9 de Julho de 2018, 20 anos depois daquela catástrofe, quero lembrar a coragem e a cooperação desta gente, sem esquecer os que partiram e para todos eles a minha homenagem.


Agora, 20 anos depois, ainda há cicatrizes, físicas e psíquicas, há património perdido e até subsiste algum por recuperar, mas no essencial a vida das pessoas e da comunidade reconstituiu-se e tomou um rumo. Ficou a memória da Ribeirinha e dos Espalhatos anterior ao sismo em muitos então jovens e adultos. Hoje as crianças olham a freguesia como se esta sempre tivesse sido assim e parecem-me com todas as condições para virem a ser felizes como nós antes do sismo fôramos sempre sujeitos aos percalços da natureza e da história e é esta a minha homenagem às gentes que aqui vivem.

Fotos cedidas há uma década por Conceição Quaresma desta freguesia para este blogue.