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quarta-feira, 29 de agosto de 2007

HISTÓRIA GEOLÓGICA DO FAIAL III - O Complexo vulcânico dos Cedros

Não sei se o fim do Vulcão da Ribeirinha foi resultado do esgotamento de magma da câmara magmática que o alimentava, se aquele material descobriu um outro caminho ou se as profundezas da Terra fundiram novas rochas e criaram uma nova câmara magmática. Certo é, que a alguns escassos quilómetros para Sudoeste do local provável da chaminé do vulcão extinto, há cerca de 410.000 anos um novo vulcão poligenético nasceu e ocupou a zona que hoje é o centro geográfico da ilha do Faial.

Tudo aponta que ao longo de quase 400.000 anos, até cerca de 30.000 anos atrás, aquele vulcão continuou a crescer, a derramar lavas, inicialmente pouco evoluídas e conhecidas por basalto, depois mais ricas em sílica e sódio. O magma foi então tornando-se mais viscoso, ocorreram períodos de alguma explosividade, outros de emissão de escoadas e momentos de dormência, que representam uma evolução natural deste tipo de vulcões com o tempo: os basaltos passaram a havaítos, depois sucessivamente a mugearitos, benmoreítos e traquitos; nomes estranhos, mas que apenas indicam que, tal como os homens, os vulcões poligenéticos também nascem, crescem e amadurecem, e a ilha continuou a crescer em largura e altura, talvez pouco mais de dezena e meia de quilómetros em diâmetro e 1300 m de altura.
Ao conjunto dos materiais formados ao longo destes anos os geólogos decidiram chamar Complexo Vulcânico dos Cedros... mas há menos de 30.000 anos o nosso vulcão decidiu mostrar do que era capaz, transformou-se e nunca mais foi o mesmo e formou uma das estruturas mais belas da ilha...
... mas isso fica para uma próxima vez.

3 comentários:

Anónimo disse...

Queres dizer que o foi este vulcão que originou a caldeira?
Sabes se há depósitos atribuidos a outros cones vulcânicos que entretanto terão desaparecido por erosão marinha?
Penso que um cone com 1300 m de altura teria de ter plantas adaptados ao frio, interrogo-me se não terá sido possível estas plantas irem-se disseminando por outros cones vulcânicos, nomeadamente o do Pico, e irem sofrendo uma especiação, ao, longo de vários locais.
Lá está ele, outra vez...
O post está magnítico, como sempre.

Carlos Faria disse...

Tenho de reconhecer uma coisa, sou geólogo de paixão, formação e vocação, gosto de biologia, mas os meus conhecimentos em termos de biodiversidade açoriana são relativos ao presente, não estudei a evolução das espécies nas ilhas. Contudo, esta altitude não é assim tão diferente da actual, embora o clima tenha tido períodos de glaciação, por isso é possível que tenham existido espécies diferentes em altitude, mas há 30.000 anos o Pico já deveria ter uma altitude próxima da actual e com a proximidade que existe, tal como hoje, as populações cruzam-se entre si e são praticamente um só povo, embora com especificidades nalguns nichos, isto também deveria acontecer com as plantas.

An disse...

olá! preciso de ajuda com uma duvida que eu tenho. É o seguinte: Normalmente as ilhas são formadas por ascensões de magma das plumas termicas, ou seja, vulcanismo intraplaca. Então como foi possivel a formação dos Açores, visto que eles se situam na dorsal medio-atlantica? Eu quero dizer, os Açores nao resultaram de plumas termicas, foram resultado dos vulcões da dorsal oceanica? Eu acho isto estranho =S

Obrigada :)