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segunda-feira, 13 de agosto de 2007

FILARMÓNICAS DOS AÇORES

Num país onde, frequentemente, não se valoriza a cultura musical. As Filarmónicas dos Açores são uma manifestação de excelência no campo da expressão musical amadora.
Por todas as ilhas, milhares de pessoas encontram-se há noite no Inverno para ensaiar o reportório que irão actuar no Verão seguinte ao longo dos mais variados tipos de festividades.
Na foto abaixo, a Filarmónica mais antiga do Faial, prestes a comemorar os seus 150 anos, mostra a pujança e a capacidade de sobrevivência destas colectividades musicais.
Até há poucos anos, as Bandas estavam quase limitadas à execução de obras relativamente simples, muitas vezes marchas e arranjos de músicas populares.
Hoje, reflexo da criação de vários Conservatórios de Música, com professores vindos de várias regiões do mundo e ainda a aspiração legítima dos executantes em exibirem os seus conhecimentos e virtuosismo, existem várias filarmónicas que primam por apresentar obras de elevada complexidade, originárias do campo da música erudita mais antiga ou de compositores actuais, que são o fruto do intercâmbio com instituições musicais de vários países da Europa e Estados Unidos. Assim as exibições primam cada vez mais pela excelência das obras e da execução.
O Faial, com cerca de 15 mil habitantes, possui sete (7) Filarmónicas, algumas com um número de tocadores que quase não atinge as duas dezenas de pessoas, outras rondam a centena de elementos. Umas, mesmo de pequena dimensão, procuram explorar novos caminhos da música, outras mantêm os programas de cariz mais tradicional e algumas maiores primam mesmo pela excelência de todas as componente mencionadas.
Surgem ainda, cada vez mais, a cooperação entre bandas de menores dimensões uma forma de potenciar a actividade entre as colectividades musicais.
Filarmónicas dos Açores, pela percentagem de população envolvida, desmistificam o preconceito de que os portugueses não são dados à cultura musical de qualidade e são uma forma de conhecer a vivência do povo Açoriano.

7 comentários:

José Quintela Soares disse...

É gratificante observar as Filarmónicas das nossas ilhas repletas de jovens tocadores. É a garantia de que estas não morrerão.
Em tempos idos, pescadores e trabalhadores do campo, mãos rudes de árduo trabalho, ensaiavam à noite, fazendo brotar dos instrumentos, sons melodiosos, mostrando que a Arte está ao alcance de todos.
A Cultura, mesmo popular, tem neles uma das suas expressões mais genuinas.

Anónimo disse...

Após a Semana do Mar, nada como vir ao Pico à Semana dos Baleeiros. Fazer um percurso pedreste no Mistério da Silveira, visitar os tubos Lávicos, merendar nas lagoas. Depois tomar um banho revigorante nas águas da Maré. Saborear o pôr do Sol na baía. E escrever... sobre o vulcão do Topo, fajã lávica das Lajes, sobre as erupções históricas dos “Mistérios”, a sismicidade, etc.
Jantar na Tasca das Terras. E, por fim, apreciar as filarmónicas, tunas e folclore da Ilha. Fica o desafio para quem escreve com mestria e está atento ao pulsar das nossas gentes.

Carlos Faria disse...

Neste tipo de festas a única que ainda participo é na semana do mar, nem às de S. Jorge já vou, apesar de lá ter casa. Viajar excessivamente interilhas profissionalmente impede a vontade de circular cá dentro nos tempos disponíveis... embora espere um dia, quando efectuar uma cobertura de fotos sobre estruturas do Pico, falar dessa ilha irmã. Faz amanhã um ano amanhã a última vez e única que estive aí nos últimos dois anos, parece incrível, mas é a realidad, o trabalho não me tem levado ao Pico e as férias faço-as no inverno para conhecer outros mundos, os museus e a música. Mas o desafio fica gravado em mim

Lc disse...

Felizmente e dado ao elevado número de jovens nas nossas filármonicas, penso que por alguns anos a sua continuidade está assegurada, devido em grande parte ao excelente trabalho do conservatório da Horta e das escolas de música espalhadas pela nossa Ilha.

Carlos Faria disse...

ao LC
Claro que quando falo dos vários conservatórios dos Açores sem dúvida que incluo o da Horta, que tem desenvolvido a música não só de filarmónicas, como erudita e tradicional. Uma benção para a nossa terra que espero não seja destruída.

Luís Henriques disse...

"Aterrei" neste post quase 4 anos depois...

As filarmónicas dos Açores ainda estão longe de atingir o nível médio das filarmónicas continentais (e até mesmo das Madeirenses). Contudo, creio que não se pode olhar para as filarmónicas açorianas desta forma. A especificidade do arquipélago não permite uma prática musical como o permite o continente português e até mesmo a Madeira.

O que tenho vindo a observar de há cerca de 10 anos a esta parte é bastante positivo. Mais que uma busca de excelência musical, tem havido uma preocupação com a organização das sociedades [filarmónicas]. "O" problema que tenho visto é não existirem direcções nas sociedades com sensibilidade para as questões musicais das mesmas. As pessoas fazem o que lhes está ao alcance, mas por vezes fazem-no com pouca organização. Este problema tem vindo a ser corrigido ao longo dos últimos anos e é com grande satisfação que tenho visto sociedades com uma boa organização.

Ora, numa sociedade bem organizada em que haja uma prática musical constante e dinâmica, há sempre excelência musical. E isso tem vindo a ser gradualmente conseguido nas filarmónicas açorianas.

Cumprimentos,
L.H.

Carlos Faria disse...

Concordo integralmente com o que disse e o post tentava incentivar aquilo que gradualmente tem vindo a ser conseguido na região.