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quarta-feira, 1 de abril de 2009

FOTO DE FALHAS NORMAIS

Além dos vários posts publicados sobre as principais falhas geológicas do Faial com expressão no relevo da ilha, tinha também mostrado aqui um corte geológico numa frente de exploração de escórias vulcânicas no Pico onde a fractura das falhas e o movimento entre os dois blocos separados era muito evidente.

Foto de Carlos Campos realizada na ilha de São Miguel (clique para ampliar).

Agora um colega de trabalho forneceu-me um exemplo muito didáctico de duas falhas geológicas normais, observadas num corte geológico em material de composição pomítica (do tipo das pedra-pomes).
As duas fracturas, que ao serem geradas causam sismo e onde ocorrem deslizamentos ao longo dos tremores-de-terra, formaram-se num mesmo campo de forças e os seus movimentos combinam-se como resposta conjunta aos esforços que as rochas em causa sofrem e por isso se chamam falhas conjugadas, normalmente fazem um ângulo agudo entre si.
Pode-se igualmente verificar que do movimento destas falhas conjugadas, o bloco entre elas subiu, quer em relação à esquerda quer do que está à direita das falhas, formando uma estrutura mais elevada designada por Horst, quando estrutura entre as falhas abate, designa-se por Graben, que já falei pormenorizamente neste post.

14 comentários:

José Quintela Soares disse...

Muito curioso.
Grato.

Carlos Faria disse...

são esta pequenas fracturas que podem crescer... e crescer e acumular energia geradoras de terramotos.

Desambientado disse...

Pois é caro amigo, até parece que sou invejoso....
São falhas e derrapagens dessas rochas que nos suportam.

Carlos Faria disse...

ao desambientado
pois parece, parece... e de facto são estas derrapagens que nos tiram o sono e às vezes muito mais contra a nossa vontade.

Grifo disse...

No monte da guia observei já muitas falhas...

Um post muito interessante...

Deixei uma resposta lá em baixo...na foto daquela linda manhã...

Carlos Faria disse...

é possível que tenhas visto falhas no monte da guia, mais cuidado com diaclases q às vezes enganam, eu próprio fico às vezes indeciso.
Relativamente às amostras que tens é difícil dizer o que é sem ver. Por aqui, cristais brilhantes pretos, por norma, são piroxenas e micas, mais raramente anfíbolas; verde garrafa, são olivinas, inclusive na forma pura de faialite; aspecto de vidro leitoso, plagioclases. A mica branca nalguns ângulos pode parecer prateada e com um brilho de pérola, a preta mais dourada. Não há por cá normalmente sulfuretos que dêem brilhos metálicos, mas pode haver algum metal nativo não oxidado.
Como vês não é fácil dar uma resposta. além disso, nalguns casos só fazendo testes em laboratório ou mesmo análises para uma resposta definitiva.

Anónimo disse...

Geocrusoe, tenho umas curiosidades/duvidas em que tenho a certeza que me pode ajudar.
Os ultimos sismos (Faial e Terceira/São Jorge) têm todos sido noticiados como tendo intensidade "Y" e como não sendo relacionados uns com os outros.
As minhas duvidas são as seguintes; ao se analisarem os sismogramas, quanto tempo demora até se saber a magnitude e a origem do(s) sismo(s), será algo de muito lento(?) ou será que é informação que não pode ser divulgada?.
E o facto de ter havido dois conjuntos de sismos com intensidades diferentes em falhas diferentes, num espaço de tempo "igual" se se pode tratar de um reajustamento de origem tectónica(?), logo, sismos de origem tectónica e muito provavelmente relacionados(ou serão de origem VULCANICA...). Digo isto devido á dinâmica da micro-placa, com as varias falhas quase paralelas.(Novamente, será que é informação que não se pode divulgar?)
Esta é a lógica do meu pensamento, que devido á falta de informação, me levam a raciocinios ilógicos ou incompletos, segundo o que ouvi ontem na Tv.
Será que dar "formação" e informação ás populações (tal como faz este Blog) não será melhor para todos os Açorianos???será que manter o povo na ignorancia é mais seguro e barato para o mesmo?
Um pouco ácido, eu sei, mas sinto que a acontecer algo mais grave, muitos de nós, não saberão o que fazer nem como agir. Apesar da alguma informação em panfletos, as noticias relacionadas com estes eventos são claramente para manter a população na mais calma ignorancia.
Desculpe o inflamação final, é só um desabafo.
Afinal nós os Açorianos não estamos tão acustumados aos sismos como querem fazer crer.
Carlos F.C. Campos

Carlos Faria disse...

Carlos Campos
fazes muitas perguntas ao mesmo tempo vou tentar ser claro e responder àquilo que sei.
Os açores possuem uma rede sismográfica com sismógrafos digitais. nestes casos, os dados estão todos dentro dos computadores e podem ser tratados por estes, pelo que o operador apenas selecciona as variáveis que pretende e os eventos desejados, para determinar a magnitude e o epicentro, desde que o sismo tenha energia suficiente para ser registado em vários sismógrafos da rede, é portanto relativamente rápido. se um sismo for pequeno pode ser mais difícil realizar estas operações.
Todos os sismos tectónicos, sem excepção, são reajustamentos, o facto de haver dois picos energéticos próximos no tempo em locais diferentes é, por norma, coincidência. Dentro da mesma zona um sismo pode criar novas instabilidades e surgirem outros sismos consequentes na área(réplicas) ou a tensão acumulada para um sismo grande pode ser denunciada por sismos precursores.
No caso em concreto desta semana, o sismo do faial não foi tão energético para que se possa considerar que tenha perturbado o campo de forças na região da terceira.
Um sismo de origem vulcânica (movimento com fluidos) tem uma frequência da ondas diferente da de um sismo tectónico (movimento sólidos), por isso, frequentemente distinguem-se um dos outros. embora haja casos de transição: sismovulcânicos.
O somatório das informações contidas na página do CVARG, IM e Portecção Civil, tendem a ser suficientes para as necessidades da maioria dos cidadãos, embora alguns gostem de saber mais e outros adorem especular, é difícil contentar a todos. Muitas vezes não se coloca toda a informação nos OCS porque gerem confusão e ansiedade, coloca-se o essencial.

RJ disse...

Analisando a foto com um bocadinho mais de atenção notam-se umas coisa interessantes:

O rejecto esquerdo é maior do que o direito (não sabendo a orientação do talude tenho que me indicar nestes termos).

A falha é relativamente recente pois apanha as camadas cimeiras, aparentemente menos consolidadas.

A camada que se segue (decimétrica, penso; vou falando da mais recente para a mais antiga) tem maior espessura e rejecto na parte esquerda, não sendo paralela à mesma camada no bloco do horst e no lado oposto.

Parece dobrada mas arriscava-me a dizer que há (ou houve) um qualquer acidente topográfico para a esquerda. Mesmo a camada seguinte onde este assenta estará parcialmente erodida no lado esquerdo.

Carlos Faria disse...

Tal como tu, não conheço o local (a foto foi-me cedida pelo autor tendo em conta o blog). Na generalidade concordo com o que dizes (embora não fosse tão profundo no texto poia tornava-se fastidioso para muitos dos visitantes do blog), contudo as camadas embora pareçam de idades diferentes (e possam ser) tal não é obrigatório... ao longo de uma mesma erupção o vulcão ácido pode ter pulsações na sua actividade explosiva, que geram estratos diferenciados e quase simultâneos no tempo.
Assim, camadas de grãos finos e aparentemente mais consolidadas, podem corresponder a momentos de explosividade mais intensa devido a maior quantidade de gases e vapor de água...
numa mesma erupção podemos ter sobreposição de materiais de queda e de fluxo com erosão dos subjacentes e novamente quase simultaneos no tempo.
Contudo como não tenho mais elementos da foto não sei se as camadas são de uma única erupção ou não, embora não veja solo entre elas.

Ana disse...

Olá
Antes de mais parabens pelo site. Tenho uma questão: sabendo que o bloco do meio subiu não estamos perante uma falha inversa?pelo que percebi nas falhas inversas o bloco deslizante sobre, enquanto nas normais desce..

obrigada

Ana

Carlos Faria disse...

Olá Ana
O movimento sobe e desce é relativo entre os blocos e pode não ser o real, mas o que caracteriza uma falha normal é ser expansiva:
o movimento entre os dois lados de falha normal dá-se de tal modo que os blocos reduzem a taxa de sobreposição entre si, resultando no aumento da distância horizontal ocupada pelos blocos -- passa -\_ no resultado é preciso mais espaço horizontal.
Nas falhas inversas há compressão, resulta num movimento onde a sobreposição dos blocos aumenta o que reduz o espaço na horizontal _\-.
Assim na foto se considerarmos que o bloco do meio subiu então empurrou os outros 2 para o lado, mas se considerar-mos que os do lado desceram, então eles afastaram-se entre si, qualquer cenário implicou aumento de espaço horizontal e é independente do bloc que na realidade se deslocou.

Ana disse...

Já percebi
Obrigado pelo esclarecimento e até breve :)

ana

Anónimo disse...

Tudo Bem? interessante este blogue está muito estruturado.........Boa pinta :/
Muito Bonito faz mais posts assim !