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quarta-feira, 11 de novembro de 2009

FREGUESIAS RURAIS DO FAIAL 6: Praia do Norte


Ao nível de área não é das mais pequenas freguesias do Faial, mas é a menos populosa da ilha, cerca de 250 pessoas em 14 km2, e é sem dúvida uma das mais martirizadas por sismos e vulcões ao longo da sua história. Esta é a primeira comunidade faialense que na sequência de uma catástrofe natural, o vulcão da Praia do Norte, mudou o seu local de implantação original, situando-se desde 1672 mais para oriente da zona onde nasceu, à semelhança do que aconteceu em parte na Ribeirinha no início do século XXI.
Povoação da Praia do Norte e o Cabeço do Fogo formado na erupção de 1672

A povoação encontra-se hoje numa encosta de declive suave virada a norte, em grande parte ocupada por mantos de lava com escassas centenas de anos e desprovidos de solo agrícola. A localidade fica sobranceira a uma grande e aberta baía onde se encontra uma fajã com casas de veraneio e pequenas adegas para a produção vinho caseiro. Junto ao mar desenvolve-se uma praia de areia sujeita a ondulação intensa e que dá o nome à freguesia.
A povoação da Praia do Norte e os extensos mantos de lava arborizados

A Praia do Norte pode ser considerada como uma das mais antigas freguesias da ilha, havendo referências à sua igreja já em meados do século XVI. Época em que os férteis solos a tornavam uma zona de grande riqueza e produção agrícola. Infelizmente, em 1672 a povoação foi em grande parte coberta por lavas vindas de sul, a catástrofe conduz à destruição do seu solo e à perda do seu estatuto de freguesia, sendo então inserida na do Capelo.
A povoação da Fajã com casas de veraneio e adegas

Apesar de ter ficado desprovida de grande parte do solo agrícola pela erupção, esta conquistou uma área ao mar na costa norte da freguesia, onde o delta lávico então formado aumentou a superfície da sua fajã.
A população passou depois a aproveitar os campos de lava para a cultura de vinha e figueiras e assim compensar o impacte da catástrofe natural, permitindo a sobrevivência da povoação que a reconquista o estatuto de freguesia em 1839.
O areal da Praia do Norte na base da elevada arriba que forma da costa oriental desta baía

A freguesia na noite de 12 para 13 de Maio de 1958, em plena erupção dos Capelinhos, foi de novo destruída por uma crise sísmica, tendo então sido reconstruída com pequenas casas de arquitectura menos tradicional e a sua igreja foi implantada pela segunda vez mais para oriente.
Apesar destes problemas a Praia do Norte continua a ser uma das freguesias mais belas do Faial, com extensos mantos verdes, ar puro e tradições muito castiças ao nível da gastronomia e costumes rurais tradicionais capazes de cativar intensamente o visitante.

9 comentários:

Pedrita disse...

lindas imagens. beijos, pedrita

Carlos Faria disse...

ao vivo é ainda mais bonito

Grifo disse...

Sem duvida alguma... :)

Esqueceste de referir a mais recente catástrofe a que a freguesia foi sujeita... Cheguei a ir lá jantar com vista para o CP valour...

Está é uma da minhas freguesias preferidas... Adoro a cor das paisagens endémicas... Tão diferente das habituais paisagens de pasto, canavial e incenso...

Carlos Faria disse...

ao grifo
o encalhe desse navio pode ter tido problemas ambientais, mas não foi uma catástrofe natural, nem foi assim tão prejudicial à freguesia.
A paisagem não é endémica, as plantas e os animais é que podem ser.
No caso em concreto não há pastagens por escassez de solo e a floresta já tem muito incenso e só não tem mais porque estava longe da Horta e havia alternativas de obtenção de lenha mais perto.

Grifo disse...

Muito prejudicial foi, na altura, para quem dependia do mar... Mas agora já não...

A verdade é que a urze e a Faia ainda têm muito papel na paisagem... Mais a urze até...

João Cunha disse...

Comi com a minha namorada uma pizza incrível aí na praia do norte... sentados de esplanada com vista sobre a encosta. Magnifico.

Carlos Faria disse...

deve ter sido no restaurante da Fajã, existe um outro com comida regional e óptima massa sovada junto à igreja, vê-se o mar mas não tem esplanada.

Delia disse...

tantas saudades!!! muito benito. gostava ver photos dos espalhafatos se podia por favor? Tenho muitas memorias do pasado, deve estar muito mudado.

Carlos Faria disse...

à Delia
Gosto que surjam por cá pessoas a matar saudades da terra, venha sempre, é muito bem vinda.
ainda não tenho muitas fotos onde apareça os Espalhafatos aqui no blog, mas se descer no Geocrusoe do lado direito, debaixo dos livros, vai encontrar a etiqueta "espalhafatos" com 9 posts com algumas imagens em que os espalhafatos aparecem.
No futuro prometo que irei pôr fotos de lá, mas não garanto que seja para já, primeiro preciso de bom tempo para tirar as imagens lá de cima.
Também pode colocar pesquisa ou "search" do blog a palavra espalhafatos e depois procurar.