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sexta-feira, 11 de abril de 2008

O Vucão dos Capelinhos há 50 anos - o mar na cratera

Em 19 de Janeiro referi neste blog que "...havia quem se aventurasse a subir às encostas íngremes de cinza vulcânica da nova terra, espreitar para o interior da cratera e tirar a foto abaixo exposta!" e prossegui dizendo "Graças a estes corajosos, ou talvez inconscientes do risco, pode-se ver o vapor a sair da cratera inundada de água, esta ao entrar na chaminé e ao encontrar magma, com elevadas temperaturas, gerava as importantes explosões típicas dos vulcões submarinos de pequena profundidade..."
Dias depois, numa deslocação em trabalho à ilha de São Miguel, encontro um filho de faialenses que me interpela se eu sei quem tirou a foto, imediatamento confesso a minha ignorância, então ele informa-me ter sido uma mulher - Hilda Rebello - uma jovem de então, hoje emigrada e a viver nos Estados Unidos. A sua coragem permitiu ainda recolher noutra data a imagem abaixo, para mim a imagem mais bonita que conheço do interior da cratera dos Capelinhos.


Nesta imagem verifica-se que o bordo norte da cratera estava ainda em contacto com o mar e, num período de acalmia da erupção, as águas introduziram-se no interior desta e precipitaram-se para dentro de uma depressão, onde deveria situar-se uma das bocas deste vulcão, o que gerou um remoinho testemunhado pelos traços elípticos dos materiais em suspensão na água e um círculo escuro gerado na zona central.


Um mapa da península construída pelo vulcão à época da fotografia acima, o traço a vermelho indica grosseiramente o topo da linha de costa do Faial antes da erupção, os pontos A e B, a verde, indicam respectivamente a cratera da imagem e o local de implantação do farol. (clique nesta imagem para a ampliar)

Importa relembrar que o vulcão dos Capelinhos foi um dos mecanismos que serviu de argumento inicial para a abertura ao maior fluxo migratório dos Açores no século XX, tanto para os Estados Unidos, como para o Canadá, aqui um pouco menos significativo, esta saída começou pelos sinistrados da erupção e alastrou-se depois a todas as ilhas.

[Foto e mapa recolhidos de: Machado, F. e Forjaz, V. H. (1968) "Actividade Vulcânica do Faial - 1957-67" Ed. Com. Reg. Turismo Distrito da Horta]

2 comentários:

Desambientado disse...

O primeiro desenho ou foto é espectacular. Riquissíma nos conceitos que encerra. De facto estes postes traduzem uma enorme paixão pela geologia ou pelo trabalho que se faz.

Quanto à questão que colocas de não concordares com a letra dos Pink Floyd, também eu não concordo, mas o vídeo está virado para a Educação Ambiental, nomeadamente poupança de energia e de água, através de uma educação informal que não se faz na sala de aula.


Bom fim de semana.

Carlos Faria disse...

reconheço e assumo a minha paixão pela geologia, sobretudo na área da vulcanologia e dos riscos geológicos.