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quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

Estruturas e Instituições culturais no Faial 1 - O TEATRO FAIALENSE

Inaugurado em 1856, o Teatro Faialense foi durante mais de um século uma das principais infraestruturas particulares de apoio à cultura na ilha do Faial, tendo entrado em elevado estado de degradação durante a década de 1970, o que conduziu ao seu encerramento.
Os moldes de aquisição municipal e da respectiva recuperação foram nos anos de 1990 motivo de acesa querela política que não dignificou nenhum dos intervenientes, atrasou o processo e impediu a compatibilização de ideias diferentes com aspectos complementares e válidos, o que teve custos sociais e económicos para toda a ilha.
Após seis anos de obras o Teatro Faialense é recuperado e abre novamente ao público em 2003 como um complexo cultural: um pequeno auditório, sala de espectáculos, bar e outros anexos de apoio. A sua exploração fica a cargo da então recém-criada empresa municipal Hortaludus.
A recuperação arquitectónica do imóvel é digna de louvor, a utilidade do espaço como infraestrutura de apoio ao cinema, teatro, dança e música, bem como para o convívio social do bar anexo, são uma aposta ganha. As ideias de aproveitamento do complexo como espaço de congressos uma aposta perdida.
Hoje, o Teatro Faialense é o principal pólo de onde se mostra a dinâmica cultural do Concelho da Horta, sendo sobretudo frequentado por jovens e interessados e dinamizadores da cultura, mas onde os principais autores das antigas querelas raramente são vistos em eventos culturais.
Aqui passam os maiores vultos musicais e do teatro que visitam a ilha, aqui é exibida toda a actividade cinematográfica da ilha promovida pelo Cineclube da Horta e pela Hortaludus, aqui se desenrola o Faial Filmes Fest e aqui se mostram os frutos do ensino artístico da ilha.

9 comentários:

RJ disse...

Bela sala. Gosto da fachada principal. Dá para tirar as cadeiras da plateia de modo a que se possam fazer concertos de metal/rock?

As personalidades importantes cá pelo continente (não todos) recebem sempre convite para os eventos culturais mas nunca aparecem, a menos que seja algo "in".
Em vários espetáculos já tenho visto as cadeiras da 1ª fila desocupadas, não por timidez, mas sim por serem as reservadas aos convites.

Cá em Coimbra a cultura anda pelas horas da morte. Eu e uns amigos tentamos fazer alguma coisa de vez em quando (como o concerto do próximo sábado anunciado no brutális).

serebelo disse...

E como conseguiste tirar fotografias do interior do dito teatro? Tinha a impressão que não era permitido... ou melhor, não me foi permitido, pois era minha intenção bloggar sobre isto... Enfim, melhor assim, sempre deu para relembrar o sítio de muitos filmes, concertos e copos por aí. Forte abraço e um bom ano.

Carlos Faria disse...

ao RJ
Julgo que se podem tirar as cadeiras, mas não é muito conveniente devido ao modo como as mesmas estão ligadas ao piso. Também penso que para fazer concertos de metal/rock as condições não serão as melhores, a sala é muito pequena em termos de área, o piso e muitas da estruturas da sala são em madeira, penso estar mais adequada para concertos com menos decibéis, tipo pequenos grupos de jazz, clássica e determinados bandas com música com menos pressão acústica... mas quando tiver oportunidade posso esclarecer-me perante alguém da empresa Hortaludus se tem informações sobre a matéria... mas para esses tipos de concerto aqui o mais habitual é ser no Verão e em espaços abertos.

Ao Serebelo
Seja bem aparecido, tenho tentado saber notícias tuas e nada. Por cá o cineclube continua em forma e a ser um grande animador do espaço, como se deduz do post. Quanto às fotos, efectivamente um funcionário disse-me qualquer coisa de não ser permitido, não sei se a brincar ou a sério, eu já tinha tirado muitas de vários ângulos e ele não fez outros comentários. É normal que neste tipo de espaços não seja permitido tirar fotos durante espectáculos ou em momentos com cenários montados, noutros períodos não vejo motivo, antes pelo contrário, o post sobretudo publicita o teatro e reconhece a sua importância, além de não ter fins comerciais e o edifício é municipal e não privado, pelo que não vejo qualquer impedimento justificado... um dos post sobre um seminário do vulcão também tem imagens no mesmo espaço.

Paulo Pereira disse...

Farto de apenas ler e comentar posts, achei por bem fazer um. Mas logo me assaltou uma inquietação. O que é que eu, realmente, tenho para dizer?
http://basaltonegro.blogspot.com/

spring disse...

Numa época em que as salas de espectáculo da nossa memória vão desaparecendo, tal como os seus espectadores é sempre bom saber que algumas resistem ao tempo, continuando a oferecer novos mundos, ao pequeno mundo em que habitamos.
abraço cinéfilo
paula e rui lima

Maria Silva disse...

Guardo memórias de momentos de grande felicidade, vividos no Teatro Faialense, os ensaios e as actuções das nossas Récitas de Finalistas.

José Quintela Soares disse...

É isso mesmo!
Normalmente quem mais critica a criação destes espaços, é quem nunca os frequenta.
Por isso, não lhes fazem falta...

Anónimo disse...

a grande estrutura cultural da Horta deve ser mas é o Muro da Avenida, o maior concorrente do Teatro Faialense ...

Carlos Faria disse...

ao rui luis lima
Foi por acontecer isso e por ser muito bonito que este foi o primeiro post desta série que penso ao longo do tempo apresentar neste blog.

Nanda
Ainda bem que tem essas memórias, eu quando estudante lembro-me sobretudo de um imóvel em degradação e com exibições de filmes para adultos, o que era um atentado contra esta pérola em termos de infraestrutura cultural.

ao josé quintela soares
Tenho pena do que disse corresponder frequentemente à realidade e de muitas vezes essas pessoas corresponderem a quem tem influência na decisão e de moldarem a opinião pública.

ao tarrasso
gostaria muito de ver o muro da avenida marginal com a animação e a presença da população, infelizmente, mesmo no verão, fora da semana do mar está vazio. Para mim esta avenida é a marginal mais bonita que conheço em todo o país e claro está que é o Pico o maior responsável deste atributo. Conviver num espaço livre e belo não é concorrência à cultura, antes desperta a consciência para o diálogo e convívio, peça fundamental para despertar as pessoas para a cultura.