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terça-feira, 8 de junho de 2010

Freguesias Rurais do Faial 9 - CEDROS

A Freguesia dos Cedros, além de ser uma das mais extensas da ilha, situou-se sempre no grupo das mais populosas e com as economias rurais mais pujantes do Faial. Embora se desconheça a data do seu povoamento, sabe-se que já fora elevada a este estatuto autárquico em 1594 e a origem do seu nome está relacionada com a importante floresta de Cedro-do-Mato, uma espécie da flora endémica dos Açores, que ocupava esta zona.


Situada numa vasta encosta de inclinação suave na zona norte do Faial, a qualidade dos seus terrenos, a sua grande área e a intensa actividade agrícola, conduziram a que esta freguesia fosse o centro da produção de lacticínios da ilha, tendo possuído pelo menos duas unidades fabris, no século XX, uma privada e integrada numa empresa de âmbito nacional, outra de índole cooperativa e envolvendo lavradores de toda a ilha, cuja manteiga e queijo nelas produzidos se destinavam em grande parte à exportação para o Continente.

As grandes transformações sociais ocorridas nas últimas décadas: com a terciarização da economia, o abandono local da produção agrícola e o declínio da vertente leite em detrimento da carne para a exportação, conduziram a uma redução drástica do sector leiteiro, o que levou ao encerramento da unidade fabril privada e a uma crise na única unidade transformadora de leite da ilha e ali situada.
A pujança económica e dimensão populacional no passado e a sua dinâmica social, levou a que a freguesia dos Cedros fosse frequentemente olhada como uma potencial sede de um futuro novo Concelho no Faial, que abrangeria as localidades mais afastadas da Horta. Hoje, a facilidade de transportes, a atractividade da maior urbe da ilha e o declínio agrícola têm provocado não só a redução da sua população, como também a perda do peso nos destinos do único Concelho desta terra dos Açores.

Apesar de tudo, os Cedros, com um povoamento altamente disperso, com núcleos distintos como a Rua de Cima/Janalves, Cascalho, Areias e sobretudo a Ribeira Funda, pela identidade mais forte desta, continua a ser a freguesia mais importante de toda a zona norte da ilha. As suas casas tradicionais e o modo de vida tradicional, tem nos últimos anos não só atraido investimentos de turismo rural, como numerosos europeus, que optam por calma e saudavelmente aqui viver, no meio do verde, ar puro e longe do bulício das grandes cidades do velho continente.

5 comentários:

Pedrita disse...

aqui no brasil é muito incoerente que investimos pouco na agricultura. temos tantas terras, mas os fazendeiros têm muito problemas com financiamentos e impostos. beijos, pedrita

Carlos Faria disse...

Aqui em Portugal embora pudesse existir alguma escassez de terra, a verdade é que a política agrícola não tem trazido bons resultados para os Açores e o País em geral.

lusibero disse...

AÇORES: é onde eu devia ter nascido... Adoro o tempo mais para o escuro e nada de temperaturas acima de 30...GOSTO do verde, do rebolar na erva, do nevoeiro misterioso que pode ser que leve sócrates em vez de o trazer ,como diz o "SEBASTIANISMO"...
LUSIBERO

Anónimo disse...

Cedros deveria ser elevada a Vila e a sede de concelho. O Faial tal como a Graciosa têm sofrido bastante pela centralidade, por apenas terem 1 concelho. O Faial por ser de dimensão maior, ter uma cidade praticamente só de serviços, deveria ter um concorrente e na ilha do Faial só existe, a meu ver os Cedros, que pela sua pujança industrial, económica, cultural deveria ser sede de um novo concelho. A ilha das Flores por exemplo tem 2 concelhos. O Faial deverá ter 2 concelhos para que possa ter um desenvolvimento mais harmonioso e equilibrado. É claro que existem interesses, mas o interesse maior deverá ser a ilha!

Carlos Faria disse...

@ anónimo
É a sua opinião e a mim cabe-me respeitar.
No passado talvez tivesse havido motivos para isso, hoje penso que já não se justifica: praticamente todos têm transporte pessoal para se deslocarem rapidamente à Horta, a população agora está reduzida a cerca de 50% do que era há 50 anos atrás e a pujança relativa da economia cedrense reduziu-se face a outras freguesias.
Sou defensor do desenvolvimento rural, mas para isso, hoje não é preciso mais um concelho no Faial. Pico, São Jorge e Flores têm menos força reivindicativa devido às divisões municipais, a nossa centralidade até causou uma cidade e uma voz para o exterior favoreceu em muito esta ilha.
O declínio da ilha actual é mais devido às más lideranças que os faialenses escolheram.
Deveria ter colocado o seu nome, pois quando se acredita numa causa deve-se dar a cara por ela, é o que faço nas várias frentes de defesa desta ilha. Deveria fazer o mesmo