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quarta-feira, 23 de junho de 2010

ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS E SISMOS

Por norma não se devem relacionar as alterações climáticas com os terramotos que acontecem no planeta.
Todavia, os degelos das calotes glaciares e provavelmente das glaciações, provocam alterações da carga sobre a supefície terrestre.
Estas variações do peso do gelo conduzem localmente a afundamentos e levantamentos da crosta (movimentos isostáticos) que podem conduzir à reactivação de falhas antigas ou ao aparecimento de novas falhas para se darem os necessários reajustamentos da superfície terrestre, as quais são capazes de gerar sismos com alguma intensidade.
A vermelho a zona epicentral do sismo a norte de Ottawa
(imagem adaptada do Googlemaps clique para aumentar)


Hoje, a minha região natal, o Sudeste de Ontario, bem como o sul Quebec e parte da Nova Inglaterra nos Estados Unidos foram abalados por um sismo de magnitude 5, cuja causa é precisamente interpretada por reajustamentos da superfície associados aos degelos do fim da última glaciação, onde a calote polar se estendia até esta área do continente Norte Americano.
A magnitude máxima histórica para esta região pouco ultrapassou o 6, mas é improvável a ocorrência nesta área de sismos que atinjam dimensões catastróficas. Pode neste blogue obter acessos a mais informações de caracter técnico.

Notícia inicial extraída daqui.

4 comentários:

A ilha dentro de mim disse...

É assustador pensar que esta raridade se pode repetir com mais frequência...

Carlos Faria disse...

@ Ilha dentro de mim
Não há razões para grandes sustos, por vários motivos a saber:
- num degelo ocorre descompressão e, por norma, sismos associados a este quadro não atingem magnitudes elevadas (o caso do post foi dos mais energéticos que se conhece e ficou-se pelos 5 Richter);
- estes ajustamentos geológicos são lentos e a energia vai-se libertando aos poucos por muitos anos; na última glaciação, a frente do gelo estendeu-se para sul até Hamilton (na foto) e começou a recuar há várias dezenas de milhares de anos e ainda hoje ocorrem pequenos sismos, portanto a energia não se liberta tão fortemente para assustar;
- hoje vive-se num período interglaciar, pelo que os gelos estão confinados a zonas quase inabitadas, pelo que novas ocorrências só afectarão zonas densamente povoadas no caso do homem migrar significativamente para os pólos ou antártida;
- novas ocupações nestes paises actualmente tendem a ser programadas e a considerar os riscos geológicos.

Fernando Martins disse...

E o sismo de hoje aí no Faial - há novidades?

Carlos Faria disse...

@ Fernando Martins
Houve de facto um sismo às 9h26 que eu senti com uma intensidade próxima de II, mas para o lado do Capelo parece ter ultrapassado os IV. Não tive ainda tempo de fazer qualquer post sobre o assunto, mas o sismo insere-se na mesma crise que há meses afecta esta ilha.