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domingo, 8 de fevereiro de 2009

TEATRO POPULAR: O grupo "Nós Outros"

Recordo-me de quando criança que uma das actividades culturais que mais envolvia as pessoas no Inverno era o teatro de cariz popular. Cada peça era pretexto para representações na freguesia e nas localidades vizinhas, os casos de maior sucessos percorriam toda a ilha e às vezes lá davam um saltinho ao Pico. Depois, à semelhança de outras tradições, o teatro foi-se tornando cada vez mais raro, com menos público e quase desapareceu na totalidade.

Há quatro anos nasceu na Ribeirinha o Grupo de Teatro "Nós Outros", com a participação de jovens e idosos. O qual todos anos leva à cena uma peça original, escrita por uma pessoa do grupo, que em tom de comédia popular envolve alguma crítica social, envolvências locais, muita ficção e alguma liberdade de texto aos actores que interpretam as personagens da obra.

Este ano não foi excepção e lá surgiu a peça "Mulheres Enganadas" que pelo interesse despertado nos anos anteriores, conseguiu que a sede da sociedade filarmónica tivesse mais uma vez a sua lotação esgotada, perante um público que se deixou contagiar pelo humor das peripécias de um jardineiro galanteador de mulheres que relaxavam no seu local de trabalho pelo que as gargalhadas não faltaram ao longo da representação.

Este grupo, com a sua forma original de trabalhar, consegue assim reanimar uma tradição tão importante das nossas terras, estabelecer relações entre gerações de idades distantes que raramente interagem, cativar público há muito considerado escravo da televisão e terminar com uma letargia cultural que parecia conduzir ao fim do teatro típico dos meios rurais. Por tudo isto, o "Nós Outros" está de Parabéns!

8 comentários:

José Quintela Soares disse...

A televisão foi o grande "carrasco" dessas iniciativas e hábitos.
As pessoas reuniam-se depois do jantar e conversavam, tinham ideias, comungavam-nas, e muitas vezes formavam-se grupos de teatro, musicais e outros.
Tudo se perdeu.
Tudo se transformou.
O aparelho de tv comanda as noites das nossas casas.

Lc disse...

Excelente, estes sim, é que deviam receber grandes subsidios, para não se perder mais esta preciosidade (antigamente) tão enraizada nesta ilha.
Iniciativas destas é de louvar, e espero que na próxima semana cultural, no minimo façam pelo menos 1 actuação em cada freguesia.

Carlos Faria disse...

Concordo que a televisão desempenhou um papel muito importante nesta perda, mas não foi a única culpada... pois ninguém fica diante do écrã de forma obrigada.

Carlos Faria disse...

ao lc
por incrível que pareça, estas iniciativas até nem são tão caras assim para necessitarem grandes subsídios, embora acredito que sejam bem-vindos, precisam sobretudo de entidades e líderes dinamizadoras nas nossas comunidades que tragam as pessoas com valores cá para fora. Esta peça demonstra que para activar a cultura e a tradição nem sempre são precisas grandes verbas.

Maria Silva disse...

Óptimo que se esteja a retomar esta actividade e outras lúdico-culturais.
A sociedade está necessitando de valores, de comunicação, de partilha.

Parabéns aos promotores da iniciativa.

Pedrita disse...

pelo menos aqui nós não tivemos isso. deve ser realmente enriquecedor batalhar textos, elaborá-los, desenvolver e interpretar. isso sem falar em todas as outras funções que compõe a execução de uma peça. beijos, pedrita

Miguel Valente disse...

Olá Geo,

Envio-te este atalho de blog que creio que te vai interessar.

http://caderno.josesaramago.org/

Até logo,

mv

Carlos Faria disse...

à nanda
sim, eu também considero que eles estão de parabéns... e mais gente deste tipo são precisas.

à pedrita
já há muitos anos que não faço teatro, fi-lo quando jovem, mas recordo-me dos serões de trabalho para tudo resultar bem.

ao lmjv
o link já tinha visitado, mas não o último post e não sei porquê não colocara nos favoritos, agora ficou salvo e qualquer dia é capaz de saltar para a coluna direita do geocrusoe.