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terça-feira, 13 de janeiro de 2009

A LUTA PELA SOBREVIVÊNCIA DAS ILHAS VULCÂNICAS III: o Recuo da Linha de Costa 2

Quando os materiais vulcânicos que formam a linha de costa são brandos ou desagregados, como cinzas e bagacinas, então a erosão marinha é muito intensa, o recuo do litoral faz-se rapidamente e em muito pouco tempo surge uma arriba costeira com um perfil altamente instável.
Materiais brandos de escoadas piroclásticas desagregadas (ignimbrito) expostos à erosão intensa do mar.

Os homens lá procuram descobrir técnicas de engenharia para reduzir a velocidade do recuo da arriba, muitas vezes porque se esqueceram do contínuo avançar do mar sobre a ilha e construíram em zonas onde o risco de desabamentos é muito elevado a curto-prazo. Infelizmente, as intervenções de protecção, mesmo quando bem sucedidas, apenas atrasam o processo, mas nunca eliminam o avanço do mar sobre a ilha a longo-prazo.

Quebra-mar artificial para reduzir a grande velocidade de recuo da arriba de ignimbritos provocada pela erosão marinha.

Bastaram 50 anos para que o mar sobre os materiais brandos do vulcão do Capelinhos escavasse arribas costeiras elevadas e os mais de 2 quilómetros quadrados de terra emersa criados por esta erupção estão hoje reduzidos a menos de metade e o recuo desta arriba de materiais brandos e desagregados continua....
Arriba em material brando nos Capelinhos, todavia à direita da foto está um ilhéu anterior a 1957 e relíquia de uma antiga erupção, o qual protegeu e reduziu a intensidade da erosão.


Raramente o mar encontra numa zona de costa apenas um tipo de material -consolidado rígido, desagregado ou brando - a mistura destes é o mais comum. Nos Açores, tais situações dão origem a formas que retratam a luta pela sobrevivência das ilhas vulcânicas na redução da sua área emersa devido à acção marinha, diversidade a tratar em parte em próximo post.

6 comentários:

Pedrita disse...

esse problema do mar avançar tem acontecido em muito lugares. já li que uma das causas seria o degelo, mas vc deve saber explicar melhor. nós tb temos aqui problema de diminuição do espaço de areia nas praias e em santos, uma cidade litoranea do estado de sao paulo, já teve água invadindo a cidade algumas vezes. beijos, pedrita

Carlos Faria disse...

à pedrita
A "luta" com o mar também acontece nos continentes, só que nessa luta há um final muito diferente daquele que acontece nas ilhas vulcânicas.
Não conheço Santos, apenas viajei no estado do RJ, mas efectivamente o aquecimento global intensifica a invasão do mar sobre o litoral, inicialmente por dois mecanismos principais que se amplificam mutuamente: o degelo faz aumentar a quantidade de água líquida e logo volume dos aceanos; o calor que dilata a água e consequentemente também aumenta o volume dos oceanos. estes dois aspectos implicam a subida do nível do mar. então aquele degrau da arriba costeira fica mais facilmente sujeito a ser galgado e a rebentação das ondas passa a ser mais perto da actual costa, transportando mais energia ao litoral que acelera a erosão. tudo isto conjugado intensifica as inundações do litoral e a velocidade de recuo da orla costeira, nomeadamente praias.
Tal como a criança ao crescer chega às prateleiras mais altas, também o mar ao subir ultrapassa mais obstáculos e galga mais terra.

ematejoca disse...

Um dos povos que lutou mais contra o mar foram os holandeses.

Por saber que o D. Policarpo não quis atacar o islamismo em si, mas sim alertar para os riscos de uniões de pessoas sem conhecerem convenientemente a religião, a moral e os costumes da outra parte, o que a médio prazo pode conduzir a grandes problemas, é que trouxe ao "ematejoca azul" esta polémica. Diz que ele poderia ter dito o mesmo sem especificar nenhuma religião, mas isso não fazia sentido, pois o problema, é exactamente com o islamismo.
É muito difícil para uma mulher europeia aceitar a mentalidade deles.

Carlos Faria disse...

à ematejoca
pois os holandeses tiveram lutas titânicas com o mar, mas a sua costa é continental e embora também sofram alterações graves a longo prazo têm um destino diferente das ilhas, que eu direi lá para o fim-de-semana ou princípio da próxima.

Relativamente à outra polémica, apenas quis referir que este problema também pode acontecer com outras morais religiosas, observei situações estranhas com hindus ou outra religião semelhante do continente indiano.

Grifo disse...

uma paisagem de que gosto são de arribas altas... que até da vertigens olhar para cima... mas é uma pena os problemas que isso causa, e a rapidez nas ilhas vulcânicas... é certo é também é protecção contra grandes ondas e etc... mas o mar vai levado a terra que outrora estava por debaixo dos nosso pés...

Carlos Faria disse...

ao grifo
a série de 3 post sobre a costa formam um conjunto que procura alertar para os riscos de ocupação do litoral, onde muitas vezes se pretende construir casas sem se atender ao recuo das arribas. depois... intervenham que a minha casa está a cair!
claro que os 3 post fazem parte de uma série mais vasta que não é um alerta tão importante, fala da erosão, do futuro das ilhas vulcânicas e termina numa teoria pouco conhecida dos açorianos. Um aperitivo do que aí vem em poucos dias