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quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

A LUTA PELA SOBREVIVÊNCIA DAS ILHAS VULCÂNICAS II: O Ataque dos agentes erosivos

Ultrapassada a fronteira do nível do mar, tornam-se mais evidentes as forças que tendem a destruir os edifícios construídos pelos vulcões, já antes existiam e actuavam, mas os seus efeitos agora estão mais expostos aos nossos olhos.
Assim, as ilhas crescerão sempre que a actividade eruptiva for do tipo construtivo e emitir, de uma forma mais ou menos calma, lava ou piroclastos em maior quantidade do que aqueles materiais que estão a ser destruídos pelos Agentes de Geodinâmica Externa: o vento, as variações de temperatura, os vários estados físicos de água e os seres vivos, que por acção da gravidade estão conjunta, lenta e continuamente a desmantelar todas as montanhas da Terra.
Muitas vezes nem é preciso o ataque dos agentes de geodinâmica externa, são os próprios vulcões que nos seus momentos mais explosivos desenvolvem uma actividade do tipo destrutivo e em pouco tempo desfazem aquilo que durante milhares de anos construiram. Nestas fúrias eruptivas, as zonas mais altas dos cones vulcânicos são fragmentadas e toneladas de material espalhadas em volta, enquanto o cimo destas estruturas se abate e se criam caldeiras. As montanhas... as ilhas ficam então muito mais baixas.
Mas enquanto os vulcões estão adormecidos ou depois se extinguem, tanto os seres vivos com os químicos das raízes das plantas e outros compostos orgânicos dos animais, como os sais e gases dissolvidos na água e no ar que circula entre os grãos de rocha, modificam a composição dos minerais, dá-se então a Alteração das Rochas, cujos grãos ficam mais vulneráveis desagregam-se e são arrancados depois pelas plantas, animais, vento e águas; ocorre aquilo que se chama a Erosão das Rochas, que por acção da gravidade sofre o Transporte para zonas mais baixas.
A força da água nesta batalha é de tal forma intensa que escava vales profundos nos materiais alterados e erodidos e os transporta sempre para locais mais baixos e nas ilhas tende a depositá-los novamente no fundo do mar Sedimentação, precisamente de onde as ilhas vieram.
Mas o homem, que se julga muitas vezes um ser vivo à parte, é também consciente ou inconscientemente um destruidor dos edifícios vulcânicos, escava-os, desentranha os grãos das rochas antes protegidos e acelera a alteração, a erosão e o transporte de muitos materiais que irão sedimentar no mar. Embora também seja um dos poucos que tenta ir buscar areias e outros materiais das profundidades para proteger as suas ilhas, muitas vezes sem resultado, nalguns casos mesmo desastrosamente, mas ocasionalmente tem as suas vitórias!
Contudo o mar, esta imensidão de água que cerca qualquer ilha, nunca se dá por vencido. Não satisfeito por tudo o que conjuntamente a alteração, a erosão e o transporte trouxeram para o seu interior, rebaixando a terra emersa continuamente, vai com o seu cerco atacar todas as ilhas pela linha de costa, reduzindo-lhes progressivamente a suas áreas e criando estruturas tão características que ficam para um próximo post.

10 comentários:

Grifo disse...

É verdade... A erosão cria estruturas lindíssimas... assim como os vulcões...

Quando activos são tão belas como perigosos e destrutivos (ou construtivos, conforme prospectivas e situações)... assim como a destruidora erosão cria estruturas lindíssimas...

Pedrita disse...

gostei muito das fotos. beijos, pedrita

José Quintela Soares disse...

Para além do carácter pedagógico do texto, importante como sempre, a beleza das imagens.
Nas Lajes, foi pena não ter mostrado o Castelete, também ele vítima, e tristemente rápida, da erosão a que alude.

ematejoca disse...

Como nao sei se vai ler a minha resposta ao "ematejoca azul":
Ler Simone de Beauvoir.
Ler mais uma vez Simone de Beauvoir. Mesmo eu, que conheço
bem a sua obra, descubro sempre algo de novo. Fico sempre fascinada pela clareza do seu pensamento e pela audácia das suas visoes nos ensaios políticos, sobretudo em "O outro sexo".

As suas fotografias sao fantásticas. Apesar dos meus poucos conhecimentos sobre o assunto, leio sempre os seus textos com grande interesse.

Saudacoes de um Düsseldorf gélido, mas com muito sol. Agora o sol bate-me na cara, que penso que estou no Algarve na praia. Dentro de casa temos aquecimento central.

Carlos Faria disse...

ao grifo
embora várias imagens do post sejam de estruturas bonitas, o objectivo do tema é mesmo demonstrar que as ilhas estão a ser desmanteladas desde o seu início e de várias formas e isso terá uma consequência a evidenciar no último post da série que talvez surja na próxima semana...depende se irei ou não intercalar algo diferente até lá.

à pedrita
pois os açores são lindos, mas neste caso elas são um apoio ao texto.

ao josé quintela
vítima? depende do ponto de vista, também poderia ser visto como um relevo de resistência diferencial. Não coloquei o castelete propositadamente, ainda não desisti de quando tiver uma cobertura adequada de fotos de várias estruturas geológicas do pico também fazer séries sobre a ilha e nessa altura o castelete deverá ter o seu lugar e por isso ainda não mostrei as fotos dele...
mas como sabe, o pico para mim é uma ilha muito mais distante que são jorge e por isso ainda não chegou a vez dele.

Carlos Faria disse...

à ematejoca
volto sempre aos locais onde deixei mensagem para ver se houve resposta, por isso lá irei, mas pode sempre deixar cá o comentário em duplicado se o desejar, gosto de receber visitas agradáveis nesta coluna de comentários.
relativamente ao frio... bem, hoje tivemos céu azul e uns meros 19ºC.
o clima dos açores é muito melhor do que muita gente pensa... embora também tenha os seus problemas.

Grifo disse...

é um clima magnifico... sem eles muitas paisagens seriam diferentes...

Invernos "quentes" e Verões "secos"...

Desambientado disse...

No entanto há estruturas de erosão lindíssimas, confirmando que "o mundo é composto de mudança".

Um abraço.

Félix

Anónimo disse...

O vulcão cria (e também destrói ...), o mar e outros elementos erosivos destroem (e também criam ...), para o vulcão voltar a criar, e eis o ciclo da vida natural! Um aparte: as montanhas mais altas do mundo parece que foram criadas ou elevadas por movimentos tectónicos, segundo vi em documentário algures.

Carlos Faria disse...

ao grifo
bem o nosso clima não é assim tão agradável quanto o clima mediterrânico, mas não é tão mau quanto o dos países nórdicos, estamos equilibrados, mas é certo; se tivéssemos um clima diferente a nossa paisagem seria diferente também.

ao desambientado
claro... subscrevo inteiramente

ao maugastamanhas
Bem... a erosão não cria, é a fase de arranque dos grãos à rocha, mas faz parte do ciclo de geodinâmica externa onde se inclui a sedimentação, que cria outras rochas e desta forma claro está que tem razão.
Efectivamente as grandes montanhas em cordilheiras resultam do choque de uma placa tectónica contra outra, três exemplos o continente indiano chocou com a ásia (geologicamente a índia não faz parte da placa euroasiática) e criou os himalaias; placas do pacífico estão a chocar com as américas e criam os andes no sul e as montanhas rochosas a norte, a áfrica está a deslocar-se para norte e a chocar com a eurásia e cria os alpes... mas a este choque os açores estão ligados, mas isso fica para um post futuro.