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quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

A MINHA LISBOA...

Existem cidades monumentais que se parecem copiar na arquitectura, nas fachadas e na demonstração de riqueza, mas a minha Lisboa é uma cidade castiça, única e bela.
Na minha Lisboa os monumentos não se atropelam, nem concorrem em magnificência ou opulência, os seu imóveis são simples, milenares ou centenares...

Na minha Lisboa os imóveis sabem mostrar a beleza da simplicidade e a harmonia do conjunto...

Despudoradamente expõem a vida das suas humildes gentes e invadem as ruas com cheiros a comida, conversas de interior ou de vizinhas e músicas diversas incluindo o fado...

Na minha Lisboa abundam os miradouros que mostram a cidade a banhar-se no Tejo, onde a sua gente ainda convive, joga, conversa, contacta com a música popular e namorisca de uma forma descontraída e humana.

A minha Lisboa é um museu vivo, com gente cheia de vida e a residir no seu interior que ainda se conhece, que dá bom dia, onde existem, largos com paróquias de aldeia, mercearias e cafés de bairro, nas suas ruas continuo a ver crianças e adolescentes a brincarem descontraidamente, a ouvir os jovems a atirarem piropos às moças que passam e as risadas acompanhadas de respostas desajeitadas de quem disfarça o acolhimento do elogio... é esta a minha Lisboa, é esta a minha rua de estudante... é esta a cidade que gostaria que se mantivesse viva como ainda consegue ser.

15 comentários:

Anónimo disse...

Bem, aparentemente, a tua Lisboa já é quase só uma recordação, já não é a Lisboa que as outras pessoas conhecem. Ainda a encontraste, nos teus passeios ;)

Carlos Faria disse...

claro... também sei procurá-la

Tibério Dinis disse...

Lisboa é fantástica! Sem dúvida.

A ilha dentro de mim disse...

Gosto dessa sua Lisboa. Só tenho pena que não seja a que encontro quase sempre na correria do trânsito, no stress das pessoas mal dispostas, nas filas intermináveis, nos atentados urbanísticos, nas ruínas descuidadas, nas gentes que se amontoam nos shoppings, no tempo perdido entre o cá e o lá. Essa é a Lisboa que me faz esquecer que existe outra...

Grifo disse...

A Lisboa para visitantes é sempre mais bela do que paa os residentes... As pessoas percisam de ter uma visão de turista no meus dia a dia, é sempre melhor...

Carlos Faria disse...

ao tibério
pelo que me dissestes também a tua lisboa de estudante é nesta lisboa castiça e por isso me compreendestes tão bem.

à lb
pois eu também sei que essa outra lisboa que descreves existe e até tenho medo que essa engula a minha lisboa, espero que haja inteligência e vontade suficiente para que a minha lisboa sobreviva.

ao grifo
eu já cá vivi quando estudei e morava num bairro típico: Madragoa, por isso vivi uma lisboa onde ainda existia um modo tradicional de viver e com arquitectura típica portuguesa que caracteriza a lisboa antiga. Infelizmente existem zonas onde uma boa qualidade de vida é dificil de conseguir

Grifo disse...

Isso é normal, é uma grande cidade, existem os problemas de todos os sítios com elevada densidade populacional. Estamos em pleno êxodo urbano... em Portugal não tanto como em outras países, mas a lembrar-me da Horta XXI, os imóveis degradados são uma causa disso (as pessoas podem ter casas no campo, onde que tem mais qualidade de vida, na Horta há pouca poluição (e problemas como transito etc), mas já se falou no Horta XXI do mau aproveitamento dos espaços verdes/praças/largos e da avenida...

Grifo disse...

Fui pesquisar sobre o êxodo urbano e na pouca fiável Wikipedia, fala que Lisboa foi a cidade que perdeu mais população (20%). Por isso quando digo quem em Portugal não tanto, é mentira, mas não encontrei confirmação para a informação ^^

Anónimo disse...

Lisboa, bela cidade...para complementar as belas fotos, só falta uma da "catedral da Luz".

Carlos Faria disse...

ao grifo
a perda de população de lisboa é uma questão meramente político administrativa, as pessoas saem do centro da cidade e da área pertencente ao município de lisboa, limitada pela estrada da circunvalação,onde as casas e rendas são mais caras, e vão viver para o lado exterior desta via já pertencentes aos concelhos de loures, odivelas, amadora, cacém, oeiras, vila franca de xira, almada, barreiro, montijo seixal, cascais e sintra que vistos do ar fazem hoje parte todos de uma única grande cidade em termos de aglomerado urbano (podes conferir no google earth ou no virtual earth), mas onde as casas e rendas são mais baratas, aumentando os problemas de trânsito, poluição e de qualidade de vida dos residentes da grande lisboa com cerca de 2,5 milhões de pessoas - a real população desta área urbana que está permanentemente a crescer. a minha lisboa é a velha lisboa, próxima do centro, constituída por bairros típicos como alfama, castelo, mouraria bairro alto, bica, madragoa (onde vivi 5 anos) entre outros; e a baixa. nesta zona hoje a população está muito envelhecida pois os filhos foram viver longe do centro nos concelhos que mencionei.

FP
colega... catedral... catedral na minha lisboa é a igreja de são roque, jerónimos e sé, mesmo sendo benfiquista de coração distingo as águas e a freguesia não é um modelo de urbanismo que eu inveje comparada à minha madragoa.

Ma-nao disse...

Adorei rever a "minha" Lisboa pelos teus olhos!
Confesso que desta última vez que lá estive (em Novembro) achei-a um pouco descuidada, mais velha e suja do que das outras vezes - mas fui com horários e obrigações a cumprir, e isso talvez me tenha retirado alguma poesia ao olhar.
Por me dares a ver Lisboa como dela gosto, o meu muito obrigada!

Carlos Faria disse...

à ma-nao
nalguns locais era muito evidente os efeitos da greve dos homens dos serviços de limpeza, mas noutros não e ainda encontrei a minha lisboa.

Mar de Bem disse...

Estou nesta Lisboa há 44 anos. Moro ao Campo de Santana onde todas as velhotas me conhecem como a sra. engenheira (não sabem o que é uma arquitecta), como se vivesse numa aldeia. É tudo tão aconchegado, mas tudo tão velho...
É mais fácil arranjar uma casa nova, sem infiltrações, fora de Lisboa, fora dos centros das cidades, fora... da nossa cidade da Horta. É mais fácil, é!
E o que fazer com a velharia?
Aqui é que o governo e autarquias tem obrigação de intervir e interferir. Além do "RECRIA", que devia "estabelecer-se" noutras autarquias sem ser só Lisboa, acho que seria necessária uma actuação expropriativa, para redimir os centros das cidades. Os governos e autarquias não podem sair impunes desta sua falta de regulação neste sentido!

Carlos Faria disse...

ao mar de bem
subscrevo e digo que são essas velhotas e outras pessoas como elas que são o tempero adequado para que o centro de Lisboa seja tão cativante e romântico.

Mar de Bem disse...

As velhotas são a alma desta grande aldeia, que é Lisboa, mas quando eu falo de velharia, não falo delas, falo pura e simplesmente de tanta casa velha.
Deixam-nas decair p'ra deitá-las abaixo e fazê-las de novo, com pequenas mordomias, e vendê-las como arquitectura de luxo. Qual luxo, qual carapuça! São pequenos pormenores que encantam os "novos-ricos" ignorantes. E o povo (classe média a empobrecer) não consegue comprar porque não há sensatez nestas novas casas.
E...lá vamos cantando e rindo!!!