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quarta-feira, 10 de junho de 2009

10 DE JUNHO - DIA DE PORTUGAL


O INFANTE

Deus quer, o homem sonha, a obra nasce.
Deus quis que a terra fosse toda uma,
Que o mar unisse, já não separasse.
Sagrou-te, e foste desvendando a espuma,

E a orla branca foi de ilha em continente,
Clareou, correndo, até ao fim do mundo,
E viu-se a terra inteira, de repente,
Surgir, redonda, do azul profundo.

Quem te sagrou criou-te português.
Do mar e nós em ti nos deu sinal.
Cumpriu-se o Mar, e o Império se desfez.
Senhor, falta cumprir-se Portugal!

Fernando Pessoa
in "Mensagem"


PS
Quanto ainda falta?

A PORTUGUESA com algumas referências de Portugal

19 comentários:

ematejoca disse...

Para mim o dia 10 de Junho continua a ser o dia em que morreu o nosso maior poeta: LUÍS VAZ DE CAMÕES!

Grifo disse...

Para mim não podemos dizer que um poeta foi o maior...

Tudo depende de gostos... e posso dizer que não gosto de epopeias... mesmo com os seu enorme conteúdo artístico e histórico... e a beleza dos seus versos... mesmo que considere uma forma de poesia muito fria...

Por isso acho que aos artistas nunca devemos dizer o maior ou melhor, mas sim um dor melhores ou de maior renome...

Bom é uma opinião...

É o dia da raça como disse Cavaco Silva o ano passado causando polémica...

Grifo disse...

Só para dizer que nesse vídeo á coisas de que não nos devíamos orgulhar... como aquela barragem... bom é só mesmo isso...

Carlos Faria disse...

à ematejoca
não conheço nenhum país que o dia nacional esteja relacionado com um poeta... mas escolha da data mostra bem o que somos, não é o dia do nascimento de um poeta (que julgo nem sabermos quando nem onde foi, apenas que não teve vida fácil e passou a ser devidamente respeitado com a morte). Efectivamente, Portugal tem sempre o hábito de admirar o passado e muito distante, quando tem de olhar para o presente para ser grande ou maior no futuro. Camões cantou os actos heróicos do passado, tornados públicos na época em que o país caía no abismo onde perdeu até a independência.

Carlos Faria disse...

ao grifo
concordo que o uso de superlativos absolutos não é muito adequado à arte, gosto de Camões, repara que os seus sonetos de amor e outras coisas são lindos. ele não se limitou à racional epopeia dos lusíadas num estilo da época e isso mostra a sua grandeza e diversidade de estilos.
Propositadamente escolhi outro poeta para este dia: Fernando Pessoa. aquele que canta na mensagem as glórias do passado e denuncia as fragilidades do presente, tão bem sintetizadas no poema ao Infante colocado neste post.
não gosto do termo "raça", pois até somos uma miscelânea de genes de muitos povos e todos têm igual dignidade. Mas gosto muito da ideia de que a minha pátria é a língua portuguesa como escreveu Fernando Pessoa e julgo ser este poeta e escritor na sua diversidade de heterónimos que retrata melhor a grandeza da história lusitana, as angústias do nosso povo no presente, aponta caminhos para o futuro e expõe a diversidade que é a lusofonia.

Num país cuja metade sul poderá ser assimilada pelo deserto dentro de alguns anos, preparar sistemas de armazenamento de água para contrariar esse efeito pode ser a salvação dessa zona. claro que a má gestão desta barragem pode conduzir a outros problemas, mas o seu uso conveniente e articulado com a Extremadura pode ser um dos grandes feitos do presente em prol do futuro. É muito fácil apontar os inconvenientes da barragem do Alqueva, difícil e correcto é desenvolver convenientemente o seu bom uso.

Pedrita disse...

ah, eu tb coloquei um poema do fernando pessoa no meu blog. beijos, pedrita

Carlos Faria disse...

já vi e como norma, gostei do poema... aliás julgo que gosto de toda a obra de pessoa: em verso ou em prosa.

Grifo disse...

barragens é deitar dinheiro ao rio... principalmente quando se fala daquela parte em que só temos retorno em + 75 de funcionamento... sem quaisquer problemas (se houver secas e etc) ... nem nos devemos orgulhar desses lagos artificiais de fundos de lodo que "nunca" mais serão férteis... sem falar das barreiras biológicas... e só de pensar nas que eles ainda vão fazer dá-me vontade de lhes demolir a casa... xD

Carlos Faria disse...

estás a ser muito... muitíssimo preconceituoso e deves ter sido informado por alguém bem tendencioso. Não vão fazer mais nenhuma barragem deste tipo... a não ser que estejas a confundir com barragens hidroeléctricas, o que não é o caso do alqueva.
Não há projecto que não tenha impactes positivos e negativos, o balanço deve ser a base da decisão, ser-se preconceituoso sem conhecer os dossiers a fundo não é bom para o ambiente.
O alqueva tem coisas boas e más, o mau uso é o meu maior receio de se desvalorizarem as boas e aumentarem as negativas.

Grifo disse...

Claro que tem aspectos negativos... mas nunca os suficientes... para atenuar a destruição causada...

Estive a pesquizar e realmente em alqueva não o objectivo principal não é a produção electrica...

Existem sim mais projectos de barragens hidroelecticas... como aquela muito recente... essas sim são um atentado total á natureza e á carteira dos Portugeses...

Os "espelhos de água" rectectem o bonito sem deixar que se veja a destruição causada por uma barragem...

Anónimo disse...

Olá, Geocrusoe!

Comento este post apenas por ser o mais recente, e não necessariamente por abordar o dia de Portugal.
Na verdade, queria apenas aproveitar para felicitá-lo por ter criado um blog tão interessante. Aprecio especialmente a forma como mistura conhecimentos científicos com aspectos do quotidiano (nomeadamente relacionados com os Açores). Como estudante de Geologia (ao nível de ensino secundário apenas), desenvolvi um certo fascínio pelo estudo da Terra, pelo que encontrar sítios como este (onde se pode aprender sem ter de estar a traduzir do inglês) é sempre uma agradável surpresa.
Vou, definitivamente, acompanhar o seu blog de agora em diante, sempre à espera das coisas fascinantes que tem para partilhar.
E espero que, se possível, possa esclarecer consigo as minhas dúvidas de novato.
Mais uma vez, muitos parabéns!

Miguel Mesquita

Carlos Faria disse...

Ao Miguel Mesquita
Obrigado pelo elogio, venha sempre que quiser e ainda bem que gostou.
Estarei sempre disponível para esclarecer quando souber, pode acontecer que eu não saiba, aliás, como se vê, estou mais próximo da área da vulcanologia e geologia de regiões vulcânicas e tectónica. outras áreas os esquecimentos começam a sobrepor-se ao dados antes adquiridos.
Efectivamente tento pôr em Português saberes de geologia, expostos de uma forma simples e acessível aos curiosos e interessados, intercalados com outros assuntos para não cansar, ninguém.

Anónimo disse...

Na verdade, agradecia que me explicasse um assunto já abordado neste blog, se não se importasse.
É acerca do vulcanismo serretiano (penso que é assim que se chama), em que bombas de lava são enviadas à superfície e explodem, submergindo a seguir. Se me pudesse explicar o porquê disso acontecer (penso que tem a ver com a emissão de gases), ficava agradecido.

Miguel Mesquita

Carlos Faria disse...

ao Miguel Mesquita
Não é um fenómeno ainda totalmente percebido mas vou-te dizer o que tenho lido ou discutido com colegas da UAçores:
O magma tem naturalmente uma fracção importante de gases, nas erupções serretianas, devido à pressão da coluna de água do mar sobre a chaminé com várias centenas de metros, parte do magma quando é expelido da boca do vulcão no fundo do mar liberta-se como balões, devido ao diferencial térmico fica com uma crosta arrefecida na sua superfície; entretanto como os gases aprisionados são menos densos que a água, estes impulsionam a subida dos balões. à medida da subida a pressão externa reduz-se devido ao peso do mar diminuir e o volume dos gases tende a aumentar, o processo vai-se acelerando com um interior a arrefecer mais lentamente e a inchar devido à pressão externa descer rapidamente, ao chegar à superfície do mar (quiçá noutros casos mais abaixo) os gases podem rebentar com o própria balão de lava, tal como um balão de boracha com volume excessivo de ar no interior (este fenómeno ocorre em parte nos pulmões dos mergulhadores se não tomarem cuidado quando sobem pois pode causar danos irreversíveis ou mesmo a morte).
A terminologia científica destes balões ainda não está definida, chamei balões mas no futuro pode ser atribuído outra designação.

Grifo disse...

E ocupam mais espaço dentro dos "balões" á saída do que na superfície... visto que estão quentes, logo expandidos ;)

Com o arrefecimento e a perda de pressão e "balão" entra em desequilibro... certo?? Bom é o que e acho...

Carlos Faria disse...

ao grifo
lembra-te que ao contrário do balão de borracha estes tem uma crosta que se torna rígida (é basalto com uma textura semelhante a bagacina), por isso vai surgir um jogo de forças: gases internamente que estão expandidos pelo calor e que fazem pressão para se libertarem, paredes dos balões que sofre pressão desses gases para se expandirem mas comprimidas pela pressão da água que segura essas mesmas paredes. quando a pressão interna se torna demasiado forte e o arrefecimento da crosta tende a contrair o basalto e a fracturá-lo surgindo o desiquilíbrio, o "balão" rebenta.
No futuro este modelo poderá ser aperfeiçoado com melhores estudos.

Anónimo disse...

Muito agradecido pela explicação, geocrusoe. É de facto complicado encontrar dados sobre este tipo de vulcanismo na internet - dá a impressão de ser muito desconhecido ainda, realmente.
Obrigado Grifo, por participar também!

Miguel Mesquita

Carlos Faria disse...

ao Miguel Mesquita
O grifo também é estudante do secundário e talvez um geólogo no futuro...

Anónimo disse...

Ah, boa notícia! Eu já não estou no ensino secundário, mas confesso que nunca conheci ninguém na minha escola com interesse em estudar Geologia. Por isso muita força ao grifo!

Miguel Mesquita