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sábado, 6 de setembro de 2008

ENERGIA GEOTÉRMICA III - A central

Uma Central Geotérmica, como as existentes em São Miguel, são alimentadas por vários poços geotérmicos, por onde o fluido quente ascende, depois, à boca do poço é captado e canalizado para a Central.


À superfície e por razões técnicas, o fluido passa por uma espécie de torre - separador - onde é retirada a parte gasosa, enquanto a fracção líquida vai para cilindros - aquecedor e vaporizador - onde, sem se misturar, irá aquecer um outro fluido - fluido de trabalho - a utilizar nas turbinas da central. O fluido geotérmico, depois de transferir o calor ao fluido de trabalho é reinjectado no jazigo através de um poço a tal destinado, poço de reinjecção.


O fluido de trabalho aquecido expande-se e com esse gradiente de pressão é forçado a ir para as turbinas, cujo fluxo as faz girar e onde alternadores associados transformam a energia cinética (energia do movimento) em energia eléctrica.

O fluido de trabalho, depois de fazer girar a turbina, prossegue o seu caminho e passa por zonas mais expostas à temperatura ambiente - aerogeradores - onde perde calor, manifestado pelo vapor, e reduz o seu volume. O que mantém o gradiente de pressão e alimenta a sua circulação, pelo que este volta a entrar nos vaporizadores, será repetidamente reaquecido e o circuito prossegue indefinidamente.

A Central Geotérmica da Ribeira Grande recebe visitasem determinadas condições , fornece folhetos explicativos e, por vezes, faz sessões informativas sobre o seu modo de funcionamento e as características geológicas e geotérmicas da zona.

Independentemente de terem uma visita guiada ao local, esta central possui um trilho pedestre à sua volta, que permite a observação de magníficas paisagens do interior da ilha de São Miguel.

Para saber mais sobre esta Central e o Projecto Geotérmico dos Açores ,consulte a página na internet da empresa SOGEO do grupo EDA.


Abaixo um vídeo para uma visão de conjunto da Central Geotérmica da Ribeira Grande.

11 comentários:

Maria Silva disse...

Óptima alternativa aos combustiveis fósseis.

Cláudia Paiva Silva disse...

Olá. Espero que não se incomode se o adicionar na linha lista de contactos de blogs a visitar. Também sou geóloga, (ou deveria fazer por isso) e como tal, gosto muito de encontrar malucos (no bom sentido), como eu.

Claudia

Cláudia Paiva Silva disse...

By the way, ainda só vi esta primeira página e já estou viciada... =) Obrigada!

Carlos Faria disse...

à nanda
claro, nos locais onde tal é possível e nos açores tal é viável em várias ilhas.

clau
adicione à vontade eu vou já retribuir a atenção e venha sempre que quiser pergunte sobre geologia e açores, se não souber também é normal.

spring disse...

Aqui está algo que desconhecíamos, mais uma vez aqui fica o nosso obrigado pelo manacial de informação que nos é oferecido, oriundo dessas ilhas que infelizmente ainda não visitámos.
Abraço cinéfilo
Paula e Rui Lima

Paulo Pereira disse...

Geocrusoe, bem sabes como eu nunca fiquei esclarecido com a natureza destes investimentos.
Primeiro, porque nos primeiros investimentos na Ribeira Grande, o petróleo andaria pelos 12 dollars o barril e a ideia que se passou foi a de um investimento altamente rentável.
É certo que o petróleo já não está nos 150 dollars, mas para lá caminhará, havendo estudos que indicam que poderá chegar aos 250 dollars dentro de 2 anos.
Pergunto é, não seria rentável desperdiçar fluido geotérmico (quero dizer ele o vapor entrar e sair sem produzir electricidade) nas horas "mortas" e assim contribuir para, nas horas de ponta, termos maior percentagem de energia geotérmica?
Não seria útil redimensionar as centrais geotérmicas de modo a adpatá-las a ilhas de menor consumo?
Não é possível criar know how açoriano, de modo a adaptar a tecnologia aos Açores e depois exportá-lo?

Carlos Faria disse...

rui luis lima
Este post fez parte de um conjunto didáctico que irei, aos poucos, implementando, tendo em conta que descobri que um grande número de visitantes, durante os períodos de aulas em Portugal ou no Brasil, são de estudantes do secundário ou equivalente brasileiro para fazerem pesquisas para os seus trabalhos, portanto são ferramentas para apoio no seu trabalho desde que não muito profundo. Pois, haverá sempre uma visão mais abrangente de divulgação científica, por serem posts que não se esgotam nas escolas.

ao paulo pereira
sou geólogo de opção, vocação e paixão, nunca tive intensões de me dedicar a grandes discussões económicas (excepto quando mesmo necessário).
1.º Já disse que tecnicamente não vejo grandes inconvenientes de a curto prazo se aumentar a componente geotérmica no abastecimento, as fundamentações económicas contrárias já as disse e foram as que me explicaram, tem a ver com consumos de ponta e fechos de poços ou desperdícios de investimentos. Não as posso julgar por não dominar tão bem a parte financeira da questão.
2.º Não é certo que um jazigo seja inesgotável, um poço geotérmico com o tempo sofre redução de produção, bem como um campo geotérmico, por isso, extracções muito elevadas hoje, implicam maiores investimentos no futuro para manter o nível de produção e só até 1 determinado valor de recuperação desse potencial perdido, por isso não é só aumentar indefinidamente agora para cobrir as necessidades, isso tem efeitos a longo prazo.
3.º As centrais de são miguel têm presentemente 10 e 13 MW de potencia, já tiveram potências intaladas muito mais baixas, ou seja, se houver um campo geotérmico com dimensões suficientes para ser explorado numa pequena ilha dos açores, certamente que a central não precisa de ter instalada uma potencia elevada, ela pode ser bem menor, novamente é um questão de custos de investimentos vs objectivos pretendidos. Campo que não domino como disse.
4.º Se para ti criar know-how açoriano é aprender tecnica e profissionalmente com os projectos de cá e trocar experiências com o exterior e realizar possíveis adaptações, que eu saiba já se faz isso há mais de uma década. Se é criar um novo tipo de equipamento, testá-lo e levar ao aparecimento de uma empresa que o comercialize e entre no mercado, novamente depende das verbas disponíveis para esse tipo de investimento e investigação, bem como do aparecimento de potenciais candidatos para entrar no mercado... não sei se há quem queira mesmo.
Para terminar apenas lembro que decorrido quase 2 décadas do início do Projecto Geotérmico dos Açores, nos últimos 5 anos acelerou-se de tal forma o investimento na área (mesmo antes do aumento recente do petróleo) e existem tantas intenções em carteira, que dizer que se está a fazer pouco é talvez sinal de se desconhecer o quanto se está já a fazer... e acredito que o aumento do custo do petróleo irá reflectir-se num maior aumento de investimento neste campo, mas os actuais já estavam previstos, mas arrancar com novas centrais é demorado.

Paulo Pereira disse...

Bem, desde já quero agradecer o banho de geotermia que recebi. Fiquei completamente esclarecido na área da geotermia.
Na área da economia e técnica, continuo com dúvidas.
Volto a insistir na rentabilidade do projecto qd o petróleo estava a 12 dollars o barril e agora está a caminho dos 120.
Ou seja dez vezes mais caro. Não seria de põr a correr o vapor sem passar pelo fluido de trabalho? ou mesmo desperdiçar electricidade?
Há qualquer coisa aqui que não bate certo.
Quanto às potencialidades geotérmicas, a ideia com que fiquei foi que S Miguel ou Terceira, se necessário, poderiam ir aos 100 MW.
Claro que muito se tem feito neste projecto e longe de mim estar a levantar suspeições.
O que estou é a tentar esclarecer-me, não vejas isto como ameaça a ninguém.
Gostaria de saber tb se foram acauteladas, a nível de legislação, eventuais perdas que o grupo bensaúde (monopolista do fuel oil nos Açores e accionista da EDA, salvo erro) tenha quando se utilizar mais geotermia menos fuel-oil?

Carlos Faria disse...

paulo
quando disse no passado que estava a acompanhar o projecto, claro que o faço como profissional da área de ambiente em primeiro lugar e como geólogo em segundo (o que abraço intensamente) e são nessas perspectivas que discuto e estudo o processo com representantes na área. pelo meio vem algum economês, mas pouco e eu não aprofundo mais do que isso. não senti nenhuma ameaça em ti e até gostava de perceber algo mais no campo económico, mas outras prioridades e interesses maiores se levantam e por isso não sei mais do que te disse. só isso.

Grifo disse...

Pois isso é verdade... descobri este site a pesquisar folclore... para um trabalho...

Obrigado pela mensagem interessante ;-)

Carlos Faria disse...

ao grifo
post como estes foram colocados exactamente a pensar naqueles que querem saber mais sobre um dado tema ou que precisam de ter informação na área do conhecimento geológico em língua portuguesa e tu inseres-te neste grupo, por isso está à vontade, sempre que queiras perguntar algo ou comentar os posts, devido a este blog também ser para ti.