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terça-feira, 9 de abril de 2013

"O Tempo Reencontrado" - Marcel Proust

O último volume de "Em busca do tempo perdido" fecha o ciclo da memória do narrador, iniciado nas angústias de criança, passou à frescura do amor juvenil, desencantou-se nos vícios, preconceitos e paixões adultos e desemboca agora no crepúsculo da velhice e reconhecimento do tempo percorrido.
"O tempo reencontrado" é um epílogo do romance das memórias do narrador, a descoberta da importância do tempo numa vida e dos seus efeitos físicos e sociais. É uma dissertação sobre a decisão de passar as recordações a livro e o papel do tempo na vida. É a exposição da técnica e da estratégia para transformar o livro sobre o tempo e a memória numa obra de arte a doar à humanidade, onde o que importa à vida é interpretado por Proust e a memória reinterpretada.
"O tempo reencontrado" dá-nos a essência de todo o romance "Em busca do tempo perdido" e Proust não se furta a explicar como idealizou a sua obra como escritor: "deveria preparar preparar o seu livro com toda a minúcia, reunindo constantemente as suas forças como que numa ofensiva, deveria suportá-lo como um fadiga, aceitá-lo como uma regra, construí-lo como uma igreja, segui-lo como um regime, vencê-lo como um obstáculo, conquistá-lo como uma amizade, sobrealimentá-lo como uma criança, criá-lo como um mundo sem deixar de lado aqueles mistérios que provavelmente só têm explicação em outros mundo e cujo pressentimento é o que mais nos comove na vida e na arte."
O receio da morte antes da conclusão do livro está bem presente em "O tempo reencontrado" e de facto afetou a revisão dos últimos volumes romance, mas "Em busca do tempo perdido" deve ser uma das obras mais significativas da literatura mundial e exige maturidade literária do leitor para a apreciar plenamente.

3 comentários:

Pedrita disse...

olha só, aqui está como o tempo redescoberto. eu amei esses livros, foram muito impactantes pra mim. fiquei triste qd terminou e estranhamente fiquei triste de acompanhar cada trajetória sua nesses livros maravilhosos. beijos, pedrita

Carlos Faria disse...

A mim aconteceu-me precisamente o mesmo, parece que aquelas personagens já faziam parte da minha vida.
Adorei muitas das reflexões de Proust neste volume.

Pedrita disse...

eu demorava pra ler o último com tristeza de acabar. o mesmo aconteceu com o tempo e o vento do érico veríssimo. eu amei memórias de adriano, mas não é o meu preferido da yourcenar. amo a obra em negro. acho que é esse o nome no brasil. sobre um médico no passado.