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terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Arma Secreta - António Gedeão


De um dos meus poetas predilectos do século XX

Arma Secreta

Tenho uma arma secreta
ao serviço das nações.
Não tem carga nem espoleta
mas dispara em linha recta
mais longe que os foguetões.

Não é Júpiter, nem Thor,
nem Snark ou outros que tais.
É coisa muito melhor
que todo o vasto teor
dos Cabos Canaverais.

A potência destinada
às rotações da turbina
não vem da nafta queimada,
nem é de água oxigenada
nem de ergóis de furalina.

Erecta, na noite erguida,
em alerta permanente,
espera o sinal da partida.
Podia chamar-se VIDA.
Chama-se AMOR, simplesmente.

António Gedeão

6 comentários:

Pedrita disse...

lindo! beijos, pedrita

Carlos Faria disse...

O poeta português do século XX que exalta as ciências naturais como ninguém...

Anónimo disse...

Poema riquíssimo em mensagem. Penso que a palavra Amor podia ser substituída pela palavra PALAVRA. A professora Adelaide Freitas ensinou-me, apud Otavio Paz, que a Palavra consegue ser mais poderosa do que uma G3. Fábio Mendes

Carlos Faria disse...

@ Fábio
Sou obrigado a concordar plenamente com o teu comentário por estar cheio de razão, só não posso substituir o "Amor" de Gedeão no post por o poema ser dele e não meu.

luisa luis disse...

Espetacular

Carlos Faria disse...

Sim, penso que uma obra-prima ao estilo único de Gedeão