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quinta-feira, 6 de março de 2008

TIPOS DE ESCALAS SÍSMICAS 2

Como foi referido no post anterior, as escalas sísmicas de intensidade, como a de Mercalli, procuram descrever os efeitos e o modo como um dado sismo foi sentido num dado local. Por isso o tremor-de-terra é descrito com graus diferentes de área para área, embora a intensidade máxima por norma coincida com o epicentro. As linhas que unem pontos que representam igual intensidade sísmica num mapa chamam-se Isossistas.

Imgem: Silveira, D. (2007) Caracterização da Sismicidade Histórica da Ilha de S. Miguel. Boletim do Núcleo Cultural da Horta 16: 81-102.

As escalas de intensidade permitem desenhar cartas como a da figura acima, que embora semelhante para um evento único, neste caso em concreto não se limita a descrever a intensidade de um só sismo, pois procura compatibilizar as intensidades máximas que devem ter ocorrido nas várias áreas da ilha de São Miguel desde o povoamento, tendo em conta os relatos históricos dos muitos sismos ali sentidos, é portanto uma forma de apresentar uma carta de risco sísmico para uma área da superfície terrestre, tendo como base o passado conhecido sobre essa mesma zona e uma escala de intensidade.

Como referi, em Portugal e noutros países da Europa, está a começar a surgir, com alguma frequência, a descrição de sismos com base na Escala Macrossísmica Europeia de 1998, abreviadamente EMS-98, de European Macroseismic Scale, esta é muito semelhante à Mercalli Modificada de 1956, como se pode ver nesta página.
Contudo, uma das principais diferenças entre as duas escalas está no modo de efectuar o levantamento dos efeitos do sismo, com inquéritos que passam a considerar já as evoluções resultantes de engenharia civil ao nível de resistência sísmica dos edifícios, como se pode comprovar aqui em formato pdf no trabalho de um colega meu de faculdade, para quem tiver mais interessado em aprofundar o tema.

5 comentários:

José Quintela Soares disse...

É sempre bom saber estas coisas, num país sujeito a estes fenómenos, e que parece pouco ligar a possíveis sismos.

"Depois se verá!"....
À portuguesa....

Pedrita disse...

eu avisei minha irmã do seu blog. beijos, pedrita

Carlos Faria disse...

ao josé quintela soares
existem algumas pessoas e autoridades conscientes da situação, só que a pressão do lucro a curto prazo, a opção de investir em projectos com dividendos políticos rápidos, associados ao desinteresse e falta de informação do problema, comprometem muitas medidas que se poderiam por em prática... mas nalguns casos quando for a doer, vai ser memo mau.

à pedrita
obrigado, espero que ela goste do que aqui se passa, em breve devem surgir mais assuntos culturais

Anónimo disse...

Sempre que se fala em risco sísmico, vem-me à mente a imagem escarpa de falha junto à Serra do Facho e as casas que foram lá construídas. Esta falha encontra-se na Praia da Vitória e faz parte do Graben das Lajes. Não conheço o risco sísmico deste local, mas será que neste é reduzido?
É que o solo em frente à Zona Verde da Praia, penso que o Geocrusoe conhece este local, corresponde a uma antiga duna. Há ainda o inconveniente de esta zona ter sido um paúl que foi aterrado. Ou seja, temos também um lençol de água do nível de base da ilha que aflora a depressão do bloco abatido do graben, misturando-se a água doce com a água do mar.
Isto tudo a propósito da construção de apartamentos neste local, que se encontram em fase de conclusão. Deverima ter sido licenciados?

Carlos Faria disse...

paulo
o que vou dizer é genérico, pois não sei exactamente se o local que te referes é o mesmo que eu estou a pensar, a norte da cidade, junto à base da serra de santiago na envolvente do paúl(mas se for a sul, junto à escarpa das fontaínhas que teve dunas e julgo que também foi paul as condições gerais não seriam muito diferentes). A serra de santiago no passado histórico subiu vários cm durante um sismo, logo habitações próximas devem estar sujeitas a elevadas acelerações e amplitude de ondas,a existência de areia saturadas de água com determinadas frequências de vibrações comportam-se como líquidos perante as estruturas suprajacentes, o que leva ao afundamento de imóveis. São estes os riscos mais evidentes associados ao que tu falastes, mas que podem não se aplicar aos licenciamentos em causa, uma vez que cada caso é um caso e as áreas vulcânicas podem ter heterogeneidades a curta distância, no faial já vi situações diferentes muito próximas.