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domingo, 4 de agosto de 2019

"O Pátio Maldito" de Ivo Andric


O croata, Ivo Andric é um dos dois escritores laureados com o Nobel da literatura, então como jugoslavo, que penso já ter lido tudo o que está neste momento editado e disponível em Portugal,  "O Pátio Maldito", a terceira obra que leio dele, soube-me a pouco, este pequeno livro tinha potencial para uma narrativa longa mas ficou-se por uma novela com pouco mais de 100 páginas. Todas as premissas do que foi o efeito do império otomano sobre os povos dos Balcãs e o sudeste da Europa, incluindo península itálica com o venezianos e a Igreja Católica está lá... mas o autor limitou-se a um retrato ligeiro que deixa à imaginação o leitor aprofundar.
Dois frades de um convento limpam a cela e os despojos deixados por frei Petar velho e recém-falecido, mas o jovem frei Rastislav apenas recorda as memórias dos relatos Petar de quando foi a Istambul e preso por suspeita de espionagem, tendo então ficado vários meses detido n'O Pátio Maldito de onde contava: a vida do diretor da prisão de marginal a polícia; do jovem de Esmirna detido por gostar de ler e se ter encantado com a biografia do irmão de um sultão que lutou pelo trono e vencido tendo sido utilizado pelo ocidente como refém ao em benefício dos interesses de uma ordem religiosa, do Vaticano, de França e de Nápoles; do detido que apenas via denunciantes nos outros detidos e da panóplia de prisioneiros e de tipos de carácter que por ali encontrou das várias nacionalidades do império Otomano.
Muito bem escrito, embora de uma forma literariamente  conservadora, Andric mostra a diversidade das gentes do império muçulmano que dominou a Europa oriental por 500 anos, exposta na vitrina que era a prisão da capital e vista pelos olhos de um cristão bósnio.
Gostei, mas soube-me a pouco, pois tinha assuntos para estas 100 páginas se multiplicarem por quatro o cinco vezes de uma forma deliciosa.

7 comentários:

Pedrita disse...

devo ler algo dele mas sua resenha não me animou. beijos, pedrita

Carlos Faria disse...

O mais profundo é a Ponte sobre o rio Drina.
A crónica de Travnik também é bom, mas cobre apenas o período das guerras napoleónicas.
Este é bom... mas não passou de um aperitivo que daria para muito mais.

Bárbara Ferreira disse...

Também li este, há cerca de um ano, e também a mim soube a pouco. Irei procurar a Ponte Sobre o Drina.

Carlos Faria disse...

Nesse aprende-se muito das causas dos desentendimentos nos Balcãs e as mudanças de impérios que os dominaram

Joaquim Ramos disse...

Obrigado pela sugestão. Vou procurar A Ponte Sobre o Rio Drina, pois parece que foi o livro que em boa parte lhe valeu o prêmio Nobel e também porque gostaria de saber mais sobre a história dos Balcãs.

Kelly Oliveira Barbosa disse...

Oi Carlos!

Nunca tinha ouvido falar nem obra nem autor. Estou sempre conhecendo coisas novas por aqui. Muito bom!

Carlos Faria disse...

Já li todos os que estão neste momento disponíveis em Portugal, mas a escolher só um "A Ponte sobre o rio Drina", a história em torno deste monumento mundial da UNESCO que praticamente assistiu a todos os problemas dos Balcãs nos últimos 500 anos... e o livro desenrola-se nesse período.