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quinta-feira, 14 de novembro de 2013

História de Duas Cidades - Charles Dickens

Editora Civilização

"História das duas cidades", também conhecida por "Conto das duas cidades", de Charles Dickens é um romance de amor - ódio, leviandade - dedicação, vingança - arrependimento que se gera no absolutismo francês, com todos os abusos repressivos da aristocracia sobre o povo, e amadurece no período de absoluto terror da revolução francesa com todos os abusos da desforra desse mesmo povo sobre a aristocracia e a história decorre entre Paris e Londres, capitais de desconfiança mútua. 
Ora repetindo uma ideia ou palavra, ora com uma ironia subtil que atravessa a obra, ora com um sentimentalismo exagerado típico do período romântico e alimentando a curiosidade com insinuações de acontecimentos futuros, Dickens coloca a nu as injustiças sociais dos sistemas em vigor nas duas cidades na segunda metade do século XVIII e as suas consequências devido ao carácter de personagens de vários estratos sociais e morais, cria até uma representativa de todos os excessos da aristocracia francesa "Monseigneur" (Meu senhor).
Assim nasceram as "... vozes de vingança, e faces endurecidas nas forjas do sofrimento a tal ponto que nenhum vestígio de piedade podia fazer nelas qualquer mossa." Assim nasce a revolução francesa e a inicialmente designada "República Única e Indivisível, da Liberdade, Igualdade, Fraternidade ou Morte", esta última palavra, cujo tempo e a vergonha parecem querer apagar da verdade da história, com a ajuda da nova Santa Guilhotina, aliada à vingança levam a aristocracia a ficar no "registo condenada à destruição e ao extermínio." Nesta deixa de haver suspeitos, inocentes, crianças, doentes, parentes ou simplesmente sentimentos, pois a fúria da populaça é insaciável e a todos condena inclusive os bons e justos da estória  "Digam ao vento e ao fogo onde devem parar; mas não a mim." mas na obra não faltam os sensatos, dedicados e heróis que tudo doam em favor dos justos.
O romance é tido como um dos relatos mais fieis da selvajaria da vingança em França depois da tomada da Bastilha em 1789, sobretudo no período de 1792-94. Funda-se em vários relatos documentais e é  uma visão da revolução de um estrangeiro independente, com isenção face às partes em conflito. Por vezes tem a ansiedade de um thriller, noutros o anticlimax para reflexão e é um apelo à justiça social para que não se "Voltem a lançar à terra as mesmas sementes de ganância e de tirania, e colherão sem dúvida os mesmos frutos condizentes com as espécies semeadas." Altamente recomendável este livro.

1 comentário:

Pedrita disse...

eu gostei bastante. eu terminei equador e comentei no meu blog. tb vi uma animação portuguesa e postei por lá. acho q li faz tempo esse livro do dickens pq nem está nesse grupo do blog, deve estar nos antigos. beijos, pedrita