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domingo, 2 de dezembro de 2012

Os Filhos da Meia Noite - Salman Rushdie



Saleem Sinai nasceu à meia-noite da independência da Índia, tal como Shiva, mas num ato de justiça social face às classes que os separavam foram trocados. Estas crianças, tal como o conjunto dos nascidos na primeira hora deste novo Estado ficam ligadas ao futuro do seu País natal.
O livro relata a biografia, ora na primeira, ora na terceira pessoa, de Saleem Sinai, desde a vida da sua família adotiva, a suas relações de medo-ódio com Shiva e também com os que estão ligados pela data e hora de nascimento e ainda as respetivas correlações e efeitos deste grupo nos acontecimentos ocorridos nas primeiras décadas da história da Índia, Paquistão e Bangladesh.
Booker prize de 1981, foi considerado o melhor dos premiados aquando dos 40 anos desta distinção e um dos 100 melhores livros do século XX segundo o Le Monde.
Obra de estilo realismo mágico, o romance apresenta uma escrita com extensos pormenores descritivos, muitos de forma fantasiosa e abusa de excreções orgânicas como simbolismos, se as últimas poderão ter um enquadramento cultural, os múltiplos fios da teia relatada por vezes faz-nos perder na narrativa, algo que o próprio autor (antes de ser alvo da fatwa islâmica) deve ter sentido, pois repete por vezes sínteses essenciais para o leitor seguir o fio da estória e compreender a sua relação com a história real do subcontinente indiano.
Como romance reconheço a genialidade da imaginação na estória, como estilo, confesso que me deixou por vezes algum asco e reforçou a minha ideia de se inserir numa cultura bela, cheia de pormenores artísticos, mas inseparável de uma escassez de asseio tolerada que se torna às vezes simbólica.
Interessante também o exposição das múltiplas origens culturais na atual panóplia indiana, estão presentes as influências inglesas, portuguesas, árabes e locais, bem como as religiões cristãs, hindus e islâmica, por vezes tratadas com algum sarcasmo, e as combinações possíveis de tal mistura, a componente lusa tem mesmo um presença significativa na vida de Saleem Sinai...
Um bom romance, vindo de uma cultura diferente, o que por vezes não facilita a compreensão e a leitura.

2 comentários:

Pedrita disse...

fiquei com muita vontade de ler. esse do salman rushdie eu não li. eu acho incrível o estilo dele, que muda a cada obra. é de um preciosismo incrível. beijos, pedrita

Carlos Faria disse...

Não sei, este foi o primeiro que li dele.