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segunda-feira, 1 de julho de 2024

"O Silêncio" de Don DeLillo

 



Acabei de ler "O Silêncio" do norteameriano Don DeLillo, apesar de no original ter como subtítulo "Um romance", está-se mais perante um conto ou novela que nem chega a 90 páginas.

Cinco pessoas combinam jantar no intervalo do grande jogo do super bowl em casa de um casal: uma professora de física, seu marido inspetor de seguros, um ex-aluno e professor de física, e um casal amigo, muito viajados que a chegar de avião de uma visita a Paris. Tudo na expectativa da partida, enquanto os professores esperam falam de Einstein, do mundo físico imaginado pelo cientista, ele pensa no apenas em jogadas enquanto o outro casal no avião ele fixa o monitor e vai lendo as informações e ela anota pensamentos e momentos para seus livros ou mais tarde recordar. Até que se dá um apagão global de todos os sistemas informáticos e todos os ecrãs se apagam, TV, telemóvel, computadores, comunicações dos avião. Uma catástrofe que as pessoas não estavam preparadas, um silêncio que obriga as pessoas a falar se ainda forem capazes.

Tenho gostado de todos os livros de Din DeLillo que tenho lido, todos resultam em obras que possuem momentos e diálogos desconcertantes que tocam os receios da humanidade ocidental atual e os riscos da civilização contemporânea, como que esta esteja à beira de cair num precipício para uma catástrofe final. Este não é exceção, não é uma distopia típica, eis um escritor menos absurdo que Kafka de há um século atrás, sem dúvida mais realista, toca nas sombras provocadas pelo desenvolvimento socioeconómico das últimas décadas, mas com ele sinto sempre aquela sensação estranha de que estamos a viver num mundo absurdo, um sonho que não é um pesadelo, mas sem luz ao fim do túnel.

Gostei muito e recomendo a quem ainda não conhece este escritor ou a todos que gosta dele, um pequenino mas típico Don DeLillo.