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quinta-feira, 7 de março de 2024

"a cidadela BRANCA" de Ohran Pamuk

 

Citações

"Procurar descobrir o que somos, refletir tão longamente sobre nós mesmos não poderia senão fazer-nos infelizes!"

"Todos nós sabemos que, para reencontrar a vida e os sonhos desaparecidos, é preciso sonhá-los novamente."

Voltei ao escritor turco, laureado com o prémio Nobel da literatura Ohran Pamuk, de quem lera apenas um livro há vários anos. "a cidadela Branca" é um romance diferente que de forma indireta a narrativa levanta as questões de "quem sou eu?" e "porque eu sou como sou?".

O autor expõe um manuscrito com um relato do cativeiro de um veneziano estudante que, quando jovem, no século XVII foi capturado pelos turcos e levado para Istambul, onde o Sultão o doou a um conselheiro como escravo, sendo o dono tão semelhante fisicamente a cativo como um gémeo e um cientista  interessado no saber, investigação astronómica, outras civilizações e criador de artefactos a quem chama de Mestre. Este tenta extrair conhecimento do italiano e, aos poucos, começa uma troca de saberes e surgem as questões. Num jogo de espelhos inicia-se uma autoanálise onde cada um escreve como foi, os seus erros e as suas memórias, a dado momento começa a confundir-se quem é o Mestre ou outro. Entretanto, o Sultão vai pedindo conselhos e apreciando as invenções que resultam daquela equipa, até se aperceber da inter-relação dos dois e lhes pedir a construção de uma arma capaz de conquistar os territórios europeus onde luta até à batalha junto à cidadela branca, a que se segue final surpreendente.

Como todas as obras de introspeção, não é uma narrativa acelerada, o que é ainda travado pelos parágrafos extensos, em estilo de reflexão e onde os diálogos são expostos como memórias, apesar da riqueza do texto, senti uma nostalgia ou uma infelicidade permanente enquanto lia. Não é um livro grande, mas a leitura não fluía pela necessidade de atenção e densidade do texto, tal não impede o reconhecimento de que se está perante uma excelente obra e de grande originalidade, mas não um simples livro lúdico e muito fácil.

5 comentários:

Pedrita disse...

é realmente incrível. é o meu preferido desde autor. no brasil está como castelo branco e comentei aqui https://mataharie007.blogspot.com/search?q=pamuk
tb comentei ontem na sua postagem de americanah. exato, a autora mostra todas as formas de olhar o outro, raramente generosas.

Pedrita disse...

falei de livro no meu blog.

João Soares disse...

Realmente é uma obra densa e de logos parágrafos. Muito bom.
Aproveito para desejar-te Boa Páscoa.

João Soares disse...

Sim, de facto não é um livro fácil. Mas excelente obra, neo-naturalista.
Um abraço

Carlos Faria disse...

Um bom livro mesmo quando encontra um grande leitor, pode por vezes não o encontrar numa fase em que o livro caia bem e penso que não foi um bom momento para esta obra João Soares.
Obrigado pelo votos de boa páscoa... a leitura que acabei de ler no período pascal veio mais ao encontro do meu estado de espírito, em breve falarei dela.