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quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

O lado de Guermantes - Marcel Proust


Se no primeiro volume o narrador de forma prolixa expõe as suas recordações de infância; os receios, ansiedades e solidões inerentes a esta idade; bem como a fértil imaginação do que seria a vida dos adultos em sociedade e do mundo que o rodeia e ainda a mística do amor de estrato desigual de Swan.
Se no segundo o narrador mostra a descoberta da juventude; as tentativas de entrar no mundo adulto, ainda sob o manto da imaturidade misturada com a inocência a chocar com as revoluções que se dão no corpo e na mente devido à química que o amor impõe na juventude e mostra as sequelas sociais de um amor entre desiguais.
O terceiro volume é a descoberta da desilusão do mundo dos adultos associado aos grandes nomes, a "socialite" de então que vivia para a imagem pública, muitas vezes à sombra de grandes nomes de família quando a aristocracia nem dominava a política, a economia ou qualquer outra realidade. Um estrato oco muito bem decorado: muitas vezes pretensamente culto, mas ignorante; convencido de saber o valor das coisas, mas agarrado a conceitos ultrapassado; cheio de educação e de requinte, mas intriguista, invejoso e venenoso; luxuosamente exibicionista, mas falido que se passeia pelos palácios de Paris onde a "nata" Europeia se cruza e é toda igual.
Por vezes pode cansar a forma prolixa de retratar os podres das pessoas de uma sociedade, mas sem dúvida um retrato profundo de uma época que talvez não seja muito diferente da atual... agora estou a mergulhar num mundo de amores que além de desiguais são diferentes.

3 comentários:

Pedrita disse...

é o meu preferido. como a sociedade se porta. e a questão dos judeus fica bem clara. uma casa respeitável e desejável socialmente de ser convidado não tinha judeus entre os convidados. ótima resenha. beijos, pedrita

Carlos Faria disse...

Plenamente de acordo, a questão dos judeus até foi um esquecimento meu, mas pode muito bem ser um tema a levantar em paralelo quando falar de outros proscritos do quarto volume da obra.
Obrigado pelo elogio e pela lembrança

Pedrita disse...

carlos, eu q agradeço poder falar de um livro q gostei tanto.