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segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

O FAIAL CORTADO À FACA III - Falha da Cruz do Bravo ou dos Flamengos

Se na arriba costeira muitas das principais falhas do Faial não são muito evidentes, no interior da ilha, sobretudo na sua metade oriental, quer em mapa, quer na morfologia da paisagem, observa-se um conjunto de falhas paralelas, que vão desde a zona sul até à costa norte da ilha.
A mais meridional é na Feteira e não é muito evidente em fotografia...
Nos Flamengos surge a primeira grande cicatriz de uma falha, conhecida por uns como "Falha dos Flamengos", outros dão-lhe o nome da lomba por ela formada "Falha da Cruz do Bravo".
A falha da Cruz do Bravo é uma falha normal e inclinada para norte (ver tipo de movimentos de falha). Na foto é visível que a zona mais escarpada fica para a direita (norte na foto). O pormenor da inclinação é importante por reflectir a estrutura tectónica do Faial mais importante (tectónica em geologia está relacionado com estudo dos movimentos das falhas e das rochas).
Para quem não vê a falha desenha-se abaixo a sua escarpa com um conjunto de linhas paralelas vermelhas.
À esquerda da foto é a zona plana onde se instalou a freguesia, que ficou preenchida pelos materiais das últimas explosões da Caldeira, por ser uma bacia defronte deste vulcão, os quais soterraram grande parte da escarpa. A existência de um degrau no terreno até ao limite da foto aponta que esta falha geológica já esteve activa após ter sido coberta, um sinal de alerta para se observar e analisar a sua perigosidade sísmica.

4 comentários:

RJ disse...

Confesso que estou pouco instruído a nível de rochas e estruturas vulcânicas (dá para aprender mais alguma coisa por aqui). Passei grande parte da licenciatura e da minha curta actividade profissional em redor de calcários e granitos.

O degrau apresentado aparenta ter mais de uma dezena de metros.

Custou-me a ver à primeira, até pensei que a falha estivesse na zona do canavial (linha de água) em primeiro plano, com orientação aproximadamente paralela à falha referida.

Carlos Faria disse...

Pois o degrau tem efectivamente várias dezenas de metros e na série das falhas que se seguirão encontrará algo mais imponente... mas não as irei apresentar todas ininterruptamente para não fastidiar os menos habituados às ciências da terra.
Eu felizmente ao estudar na FCUL tive dose de geologia em continentes e ambientes não vulcanicos e os açores para estudar este tipo de realidade, vantagens em viver nestas ilhas também existem ao nível da geologia.

Anónimo disse...

Excelentes explicações e fotos.
Só tenho pena, e os alunos de certeza também, que não tenhas nada do Pico ou da Terceira, como a imponência do graaben das lajes.

Carlos Faria disse...

Conheço bem todas as ilhas e as estruturas em causa... mas só quando tirar foto adequadas posso fazer post sobre as mesmas. Quando me desloco a outras ilha vou em trabalho e com pouco tempo disponível e meios de deslocação para fotos, mas sempre que for possível surgirão posts de todo o arquipélago, fica prometido. Do Pico tlavez surjam em pouco...