impressões de um geólogo amante de livros e música erudita que vive numa ilha vulcânica bela e cosmopolita
quarta-feira, 25 de novembro de 2020
"As aventuras de Augie March" de Saul Bellow
sexta-feira, 13 de novembro de 2020
"A Nuvem de Smog e a Formiga Argentina" de Italo Calvino
Li "A Nuvem de Smog e A Formiga Argentina" do italiano Italo Calvino, um livro constituído por dois contos que precisamente formam o seu título.
Apesar de diferente, ambos os contos evidenciam um desequilíbrio incómodo com a natureza envolvente, a obra tem o subtítulo de "Uma narrativa lírico-simbólica da relação de um homem com uma realidade" e, de facto, ambas narrativas são algo absurdas e narradas por um personagem masculino.
No primeiro conto, o narrador vem para uma cidade liderar o projeto jornalístico do trabalho de uma empresa em prol da melhoria da qualidade do ar, sendo que o seu gestor integra a de outra poluidora da atmosfera. O jovem vai aprendendo a arte de comunicar em conformidade com os objetivos do empregador, sendo que em paralelo observa o smog e o pó que conspurca tudo sobre a cidade, descobre a vida no bairro onde mora. Entretanto mantém uma relação com uma apaixonada rica que o visita, mas que vive fora da realidade do mundo do cidadão comum, com o avançar ele descobre um mundo de limpeza.
No segundo, uma família vem viver para uma cidade e descobre que a sua zona é dominada pela formiga argentina, esta tende a ocupar todos os espaços livres e na luta do marido este descobre um conjunto de vizinhos que vivem obcecados nessa guerra, embora cada um de forma distinta e por vezes com métodos contraditórios, havendo ainda quem renegue ver o problema por orgulho, para um final encontram um local onde gozam a ausência do novo inimigo.
Gostei do livro, embora os contos nos deixem algo incomodados, a obra evidencia que já na década de 1950 o autor se questionava sobre problemas do ambiente e os interesses que permitiam alastrá-los.
segunda-feira, 2 de novembro de 2020
"As Dez Figuras Negras" de Agatha Christie
Acabei de ler o romance de suspense, mistério e terror de Agatha Christie "As Dez Figuras Negras". Dez pessoas que não se convivem entre si são convidadas por um desconhecido a passar uma semana na ilha do Negro de que ele é proprietário e a curiosidade leva-as aceitar. Chegadas ao destino descobrem que o anfitrião não está. No quarto de cada um está a lengalenga dos 10 negrinhos que vão sucessivamente desaparecendo. Na primeira refeição são sujeitas a uma voz que as acusa individualmente de terem provocado a morte de alguém inocente devidamente identificado e são questionadas se têm alguma coisa a dizer em sua defesa. Após negações de uns e confirmações de outros, o comum é que nenhuma fora condenado pela justiça e decidem desistir da estadia, mas ficam isoladas pelo mau tempo enquanto vão acontecendo mortes que seguem o registo do texto dos 10 negrinhos. O terror vai-se instalando e a desconfiança sobre quem entre eles é o assassino até chegarmos às últimas vítimas.
Este é um dos enredos mais elaborados e imaginativos que já li na obra de Agatha Christie, bem escrito e com os pormenores muito bem articulados, num último capítulo percebemos como a estratégia foi montada, por quem e levada a cabo com o objetivo justiceiro de culpados cuja justiça não conseguia condenar. Gostei mesmo muito deste romance, foi do melhor que já li no género de suspense e terror sem nada de sobrenatural ou irracional. Recomendo.