Acabei de ler o romance "O Conde de Abranhos" de Eça de Queiroz, talvez a obra mais sarcástica e mais crítica da classe política feita por este escritor, mesmo sem ser extensa.
Pela força da palavra, num estilo delicioso e cheio de humor, Eça de Queiroz expõe a biografia do político Abranhos, onde, de rajada, mostra o seu desprezo por parentes inconvenientes à sua imagem pública, o seu faro oportunista das situações, a sua desadequação do saber-fazer disfarçada pela retórica, as respetivas convenientes mudanças de posições, o clientelismo que se tende instalar a sua volta e o afastamento dos seus ideais de gestão pública dos interesses das classes mais baixas.
Eça de Queiroz, apesar de divertido, é duro pelo sarcasmo com a classe política e com o estado da Nação, um livro que se perdeu atualidade foi apenas no facto de todos os defeitos do sistema denunciados na obra hoje serem mais elaborados, ampliados e despudoradamente evidentes, tal como as suas consequências.
Uma excelente obra de lazer, divertida e cheia de crítica política que vale a pena ler...