"A leste do Paraíso" de John Steinbeck é um romance cheio de mensagens subliminar tendo como base a vida de três gerações de duas famílias que no final do século XIX se cruzam no vale do Salinas na Califórnia. Uma é a do próprio escritor, os Hamilton, que cresceu do idealismo desinteressado e humano do seu patriarca imigrante. A outra, ficcionada, os Trask é progressivamente marcada pela luta entre a bondade e a maldade e a possibilidade de uma pessoa vencer o mal que há em si.
Steinbeck serve-se do relato bíblico do fraticídio de Abel por Caim e da oportunidade deste em se reabilitar do seu crime, refugiando-se a Leste do Paraíso, para evidenciar que a recusa do idealismo em aceitar o mal pode ser causa de rejeição de quem necessita de se reabilitar, mas cabendo a este a responsabilidade de escolher o bem.
Apesar da filosofia subjacente, a obra é muito acessível, está brilhantemente escrita, as personagens cativam o leitor, a trama é muito bem construída e o fio da história mantém um interesse continuado mesmo quando intercalado de informações históricas da época que vai desde a guerra dos Estados Unidos com o México à I Grande Guerra Mundial. Um romance magnífico que recomendo a qualquer leitor e dá para perceber a genialidade de Steinbeck, o vencedor do prémio Nobel da literatura de 1962.