Voltei após muitas década a um policial de Agatha Christie, com uma obra que não devo ter lido antes "O Assassinato de Roger Ackroyd".
Numa pequena aldeia o médico Sheppard, narrador da história, depara-se com o suicídio de uma doente sua e confidente de Roger Ackroyd, este também amigo do doutor. Ela enviara uma carta a Roger a contar que estava a ser chantageada por alguém próximo, após o jantar ele começa a ler perante o clínico. Este pouco depois regressa a casa e recebe um telefonema do assassinato do amigo, e descobre que nenhum dos pernoitara com o morto se apercebera do crime, que estava fechado no seu escritório. Porque telefonaram a Sheppard do exterior?
Os indícios apontam para o enteado da vítima, ausente mas que esteve na área no período da homicídio, ou talvez um estranho que visitou o prédio, mas poderá ser qualquer um dos hóspedes da casa: cunhada, sobrinha, mordomo, governanta, secretário particular, um militar amigo e até uma criada. A polícia está determinada a provar a culpa do enteado mas a sobrinha pede ao médico para este interceder para que o seu vizinho reformado ajude o resolver este caso para não se cometer um erro, só então Sheppard descobre que ao lado vive o famoso Hercule Poirot. Este aceita, coloca o médico como seu ajudante neste processo sem esquecer a irmã deste, uma mulher curiosa e perspicaz pronta a palpitar.
Este romance talvez tenha uma das tramas e solução mais elaboradas das muitas obras de Christie, escrito escorreita, mas sem nenhum destaque estilístico em termos literário, vale pelo enredo e interesse num crescendo ao longo do livro até ao surpreendente final que até a mim me apanhou desprevenido após sentir que dominava as regras das intrigas imaginados por esta autora.
Um policial que mostra o expoente alto da genialidade da autora em criar romances deste género. Gostei e é uma leitura cheia de emoção e prazer lúdico.