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quarta-feira, 12 de janeiro de 2022

"O Quarteto de Havana I - Um passado Perfeito" de Leonardo Padura

 

Acabei de ler o romance policial "Um Passado Perfeito", escrito pelo cubano Leonardo Padura. Este faz parte com outras três obras do mesmo género e independentes entre si do designado "Quarteto de Havana", que foi editado em dois volumes, cada um contendo 2 casos de investigação protagonizados tenente Mário Conde.

Num sábado de madrugada Mário Conde em ressaca da noitada é acordado pelo seu superior para investigar o desaparecimento de um quadro superior de uma empresa pública de importações, eis que ele se apercebe que se trata do seu colega exemplar e ambicioso da escola pré-universidade que, além de ter subido alto na vida, lhe roubou a sua colega bonita e de boas famílias por quem sempre esteve apaixonado. No desenrolar o seu trabalho vai contactar com a mulher dos seus sonhos, as memórias do passado com companheiros de ensino e lutar com o preconceito e desconfiança da perfeição daquela estrela ascendente, avivando sua paixão pela mulher dos seus sonhos e suspeita no desaparecimento.

Passado no final da década de 1980, quando a União Soviética começa a ruir, Padura mostra a decadência do seu protagonista, um homem culto, escritor falhado que virou a polícia, mergulhou no álcool face às suas frustrações, desamores e dificuldades do país: uma metáfora, sem hostilizar o sistema político, que mostra as fragilidades e consequências sociais do castrismo, pondo a nu a pobreza em Havana, expondo vítimas das intervenções militares de Cuba em Angola em nome do comunismo e o frequente sonho de muitos fugirem para o estrangeiro que lhes é inacessível, enquanto uma elite procura subir no setor público através de mecanismos pouco lícitos e permanentemente sob a vigilância do partido único que não consegue eliminar a corrupção e as vigarices. 

Uma escrita realista, escorreita da decadente sociedade e das suas personagens centrais. Lê-se muito bem e onde o estilo policial é uma ferramenta de apoio para mostrar Cuba, assim vai muito além de um simples romance de investigação criminal. Gostei e é fácil de ler, sem ser literatura banal ou de cordel.

8 comentários:

Pedrita disse...

não li nada dele. fiquei curiosa. beijos, pedrita

Joaquim Ramos disse...

Deste autor li O Homem Que Gostava De Cães, que gostei muito e recomendo. Não é um policial é sobre o assassinato de León Trotsky e muito mais.

Carlos Faria disse...

Pedrita
Recomendo os Hereges ou o Homem que gostava de cães sobre o exílio e assassinato de Trostsky.

Joaquim Ramos
Em parte policial, mas tem uma parte intermédia que é uma história dentro da história passada há séculos que justifica o policial na segunda guerra. Muito bom.

Carlos Faria disse...

Joaquim Ramos
Estava a falar para si de os Hereges.

Pedrita disse...

carlos, anotado. comentei sobre Joël Dicker, sobre a sua postagem no post e comentei na sua postado do livro de harry quebert.

Kelly Oliveira Barbosa disse...

Um cubano, legal você ler livros de autores de diferentes nacionalidades.

Carlos Faria disse...

Sim, procuro ler obras de culturas e sociedades o mais diversificadas possível de modo a ter um conhecimento das várias diversidades da civilização planetária

Kelly Oliveira Barbosa disse...

Gosto dessa ideia. Há pessoas que até fazem projetos de ler livros de autores do mundo inteiro.