Acabei de ler o romance policial "Um Passado Perfeito", escrito pelo cubano Leonardo Padura. Este faz parte com outras três obras do mesmo género e independentes entre si do designado "Quarteto de Havana", que foi editado em dois volumes, cada um contendo 2 casos de investigação protagonizados tenente Mário Conde.
Num sábado de madrugada Mário Conde em ressaca da noitada é acordado pelo seu superior para investigar o desaparecimento de um quadro superior de uma empresa pública de importações, eis que ele se apercebe que se trata do seu colega exemplar e ambicioso da escola pré-universidade que, além de ter subido alto na vida, lhe roubou a sua colega bonita e de boas famílias por quem sempre esteve apaixonado. No desenrolar o seu trabalho vai contactar com a mulher dos seus sonhos, as memórias do passado com companheiros de ensino e lutar com o preconceito e desconfiança da perfeição daquela estrela ascendente, avivando sua paixão pela mulher dos seus sonhos e suspeita no desaparecimento.
Passado no final da década de 1980, quando a União Soviética começa a ruir, Padura mostra a decadência do seu protagonista, um homem culto, escritor falhado que virou a polícia, mergulhou no álcool face às suas frustrações, desamores e dificuldades do país: uma metáfora, sem hostilizar o sistema político, que mostra as fragilidades e consequências sociais do castrismo, pondo a nu a pobreza em Havana, expondo vítimas das intervenções militares de Cuba em Angola em nome do comunismo e o frequente sonho de muitos fugirem para o estrangeiro que lhes é inacessível, enquanto uma elite procura subir no setor público através de mecanismos pouco lícitos e permanentemente sob a vigilância do partido único que não consegue eliminar a corrupção e as vigarices.
Uma escrita realista, escorreita da decadente sociedade e das suas personagens centrais. Lê-se muito bem e onde o estilo policial é uma ferramenta de apoio para mostrar Cuba, assim vai muito além de um simples romance de investigação criminal. Gostei e é fácil de ler, sem ser literatura banal ou de cordel.
não li nada dele. fiquei curiosa. beijos, pedrita
ResponderEliminarDeste autor li O Homem Que Gostava De Cães, que gostei muito e recomendo. Não é um policial é sobre o assassinato de León Trotsky e muito mais.
ResponderEliminarPedrita
ResponderEliminarRecomendo os Hereges ou o Homem que gostava de cães sobre o exílio e assassinato de Trostsky.
Joaquim Ramos
Em parte policial, mas tem uma parte intermédia que é uma história dentro da história passada há séculos que justifica o policial na segunda guerra. Muito bom.
Joaquim Ramos
ResponderEliminarEstava a falar para si de os Hereges.
carlos, anotado. comentei sobre Joël Dicker, sobre a sua postagem no post e comentei na sua postado do livro de harry quebert.
ResponderEliminarUm cubano, legal você ler livros de autores de diferentes nacionalidades.
ResponderEliminarSim, procuro ler obras de culturas e sociedades o mais diversificadas possível de modo a ter um conhecimento das várias diversidades da civilização planetária
ResponderEliminarGosto dessa ideia. Há pessoas que até fazem projetos de ler livros de autores do mundo inteiro.
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