O livro "O Colecionador de Mundos", do Búlgaro refugiado na Alemanha que viveu na Jugoslávia, Itália, Índia e Quénia e presentemente na Austria e escreve em alemão: Ilija Trojanow, narra de modo romanceado três importantes ações da vida do militar, aventureiro, espião e diplomata inglês do século XIX: Sir Richard Francis Burton.
Como todas as obras históricas, o romance está amarrado no essencial aos factos então ocorridos, mas vale pela forma de os narrar e os floreados à sua volta, criando uma obra original, criativa, com a análise social do encontro de culturas (indiana hindu e muçulmana, árabe e africana) e juntando ficção à realidade dos acontecimentos.
O livro é composto por três momentos da vida de Burton, cada um exposto com uma dupla visão que se intercalam e se completam: primeiro o serviço na Índia com a descoberta do hinduísmo, do islão, o choque de culturas e a desconfiança entre povos e onde se conhecem as impressões do protagonista e a versão do chefe de criadagem, um natural local; depois a sua peregrinação a Medina e a Meca, haje ou hadj, disfarçado de muçulmano indiano e integrado numa caravana de povos a partir do Cairo, neste feito que chocou o islão vemos o relato de Burton e uma recolha de testemunhos de companheiros crentes na tentativa de julgar o sacrilégio do infiel; e por fim a expedição a partir do Zanzibar que levou à descoberta do lago Vitória e da nascente do Nilo narrada por ele e um escravo local libertado guia dos ocidentais.
Assim se revela a vida de uma lenda que até à sua morte levantou especulação de qual a sua verdadeira fé, o seu modo de ver o mundo, os povos e as religiões. Um livro muito interessante, cheio de ensinamentos culturais, história, aventura e excelentemente escrito. Recomendo.
3 comentários:
fiquei curiosa. e achei bem interessante que o autor viveu em tantos países. tb falei de livro no meu blog. beijos, pedrita
Olá Carlos,
O choque de culturas tem sido um tema recorrente na literatura (qual o ano de publicação desse livro?). Isso agrega bastante, pois, dá-nos a chance de conhecer o que talvez não teremos oportunidade de faze-lo.
Pois Pedrita pelo que soube noutra rede social Burton também foi cônsul por esse Estado. Santos.
Kelly a edição é de 2012, mas penso que a obra é de 2004.
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