"História de Quem Vai e de Quem Fica", o volume III da tetralogia de "A Amiga Genial", da escritora italiana Elena Ferrante, aborda, sobretudo, o início da vida de casada da narradora e da sua experiência de mãe nos anos de 1970, sendo neste mais escassas, frias e desconfiadas as referência à amiga sobre quem se centraram essencialmente o olhar da pretensa autora do texto nos dois anteriores livros.
Além da continuação da trama novelesca de amores, ódios, ciumes e traições, a componente de confronto ideológico esquerda direita, as sombras do terrorismo na sociedade de Itália e a contra ofensiva fascista, que caracterizou de facto a época em questão, têm agora um papel muito mais forte neste volume, todavia o livro não é isento, praticamente todas personagens conotadas com a esquerda têm bons princípio na sua conduta, enquanto o outro lado são sempre exploradores ou corruptos e limitam a liberdade dos seus opositores.
Para além do estilo elegante que caracteriza a escrita, a partir deste volume passa a ter um papel importante a exposição realista de pormenores descrições das sensações dos atos íntimos da narradora, como para vincar a liberdade e fundamentar a atitude da mulher na sua emancipação na sociedade, como também se intensifica a linguagem grosseira para tornar claro a forma de expressão e de pensar natural das pessoas sem o verniz pudico que muitas vezes cobre a literatura. Curiosamente o papel desse tipo de relatos na literatura é de forma indireta discutido na obra pelo impacte que provoca nos leitores.
Continuo a gostar do romance, apesar da sua extensão para a conclusão da obra, poder por vezes dar-me saudades de outros géneros onde pese menos o olhar feminino e sentimental do mundo. Já a ler o IV volume.
3 comentários:
descobri a editora que tem essa autora no brasil. volte e meia fazem promoção na internet. quem sabe consigo. asa capas em portugal são incríveis. beijos, pedrita
Olá! Percebo que está mesmo acompanhando essa série com entusiamo. Tenho ouvido falar muito dessa autora... vou acabar lendo algo para conferir. Abs
Sim Pedrita, as capas são muito bonitas, sobretudo as duas primeiras com destaque a segunda, a 4.ª tem gosto muito mas não a correlaciono ainda com nenhum dos cenários das cidades onde decorre a tetralogia.
Kelly, uma vez que comprei os volumes todos vou ler até ao fim, confesso que gosto da escrita e a história está bem contada, uma visão bem feminina das coisas, gosto dos retratos sociais e reflexões colocadas que nos ensinam muito da realidade da itália nos períodos em questão, apesar da obra ideologicamente ser preconceituosamente pró-esquerda (europeia) e de um progressismo duvidoso em termos de valores familiares e religiosos que conflituam com determinadas questões minhas.
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